segunda-feira, 31 de março de 2008

melinda



Abro o Blogger com o intuito de lançar para o ar o contentamento que me invade desde ontem: terminei a escrita de um livro em contra-relógio! À custa de dias de clausura, refeições manhosas, algum pó acumulado pela casa, muito café e algum tabaco. Mas acabei!
Enquanto espero pelo upload da imagem acima, espreito o que passa na televisão e paro num documentário acerca de Woody Allen. Apanho somente o final, mas o suficiente para perceber que, como o realizador, sou um bocadinho neurótica: não gosto de andar de elevador e tenho medo de túneis. Felizmente, não chego ao ponto de, todas as manhãs, invariavelmente, cortar uma banana em sete pedaços para colocar nos cereais. Mas só porque raramente tomo o pequeno almoço...
Adiante!
Achei piada à explicação dada por Woody Allen para a forma como escolhe os nomes das suas personagens: são sempre nomes fáceis de escrever. Como «Melinda» - no filme «Melinda e Melinda» - por exemplo. É um nome fácil de escrever no teclado do computador. Intuitivo, de certa forma. Ora experimentem lá... Mais uma vez, reforço a minha convicção de que as coisas simples são as mais eficazes.
Neste ponto, o texto que estou a escrever já não tem nada a ver com a minha intenção inicial.
De qualquer forma, não há muito para dizer. Escrevi um livro. Consegui. Espero que este aglomerado de muitas páginas que me preparo para rever seja, de alguma maneira, uma «Melinda». Simples e eficaz. E agora, se me permitem... Weeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 30 de março de 2008

tam tam.. tam tam taaaaam tam!!

Não sou, propriamente, fã da música de Vangelis. No entanto, à medida que me aproximo da recta final dum certo e determinado projecto, sinto-me como se este trailer tivesse sido feito para mim:



sábado, 29 de março de 2008

cachupa com frango frito

Queres cachupa, cachopa?
Vamos à aventura por rua estreita
No escuro beijos, ninguém nos topa
Cozinhamos esta doce receita.

Queres cachupa, cachopa?
Está picante, a arder na língua...
Se calhar era melhor uma sopa
Vê lá, não fiques à míngua.

Queres cachupa, cachopa?
Preferes peito ou antes perna?
A música quente vem ali da copa,
Fica-nos bem, esta taberna.

Queres cachupa, cachopa?
Cabo Verde fica longe. Comamos
Que a saudade a voz ensopa.
Crioulos de Lisboa, assim vamos.

Queres cachupa, cachopa?
Dá-me o copo, bebe mais vinho
Daqui a nada marchamos à tropa
Tontos, alegres, a cantar pelo caminho.

sexta-feira, 28 de março de 2008

que pasa por la calle?


"Tu alimenta-te..." Sim, alimento. Que as palavras enchem a alma, não a barriga. Dom Charingo mira os limoeiros enquanto mexo um refogado aos pulos. "tequila... sexo... marijuana.." O que se passa na rua? Não importa. Estou confinada a umas águas-furtadas, a escrever, a escrever... E em paz. Este espaço é meu, tem as minhas impressões nas paredes. E se eu quiser, danço enquanto faço o almoço. O que se passa lá fora, não sei. Por aqui, braços e pernas... "queen of the bongo.... queen of the bongo..."

quarta-feira, 26 de março de 2008

um alqueire de luz



Encontro-me escorada por palavras, ideias frágeis e soltas que se me escorregam pelos dedos, esguias, e me sustentam, impedindo a derrocada.
É preciso botar e brotar as palavras. Libertá-las numa ordem musical qualquer. Atropelo-me, procuro escrever à velocidade com que dou à luz os pensamentos.
De peito aberto, a ouvir um tique-taque contínuo, de angústia, repito-me um sussurro que ecoa em ondas de aguarela: tu consegues... tu consegues...

sábado, 22 de março de 2008

quanto tempo tem o tempo


Foi há muito tempo? Foi, foi há muito tempo...
O que é isto, tia? Parece um sol... Não é um sol, é o computador a pensar. Estás a fazer letras?...

Sinto frio nos pés e um silêncio maior que o vazio que cabe dentro de mim. Não sei o que resta ainda, se algo resta entre escombros. Escolho encolher os ombros.

Piso os caminhos enlameados, reflicto-me numa poça de água.
Quero saltar,
chapinhar,
meter os pés na lama.
Ouço as copas dos pinheiros a sussurrar:
há segredos inaudíveis, cantigas d'embalar no vento e no passar das nuvens.

Não há flor de primavera que embeleze o tempo e o tempo que o tempo tem.
O granizo cai, cerrado, lá fora,
e eu preciso de sol(idão) para viver feliz.

sexta-feira, 21 de março de 2008

raccord



Ocasional. Continuidade. Leveza. More Than This. Au Paris.
O movimento é o mesmo. O olhar. Um violino passa a frasco de café. O gesto.
O raccord passa-me ao lado. A ti não.

amor aos pecados

O batom, gastei-o
A escrever numa parede.
Quando lá voltar, sei-o
Foi para matar uma sede.
Dá-me um bocado de ti
Eu dou-te um bocado de mim.
Arde, o grogue - mas bebi
Dançamos, agora, assim...
Damo-nos aos pedaços
Em suspiros pequeninos
Entre beijos e abraços
Temos um amor aos pecadinhos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

hoje



Há um céu azul de Primavera e uma vontade de me atirar para o meio de um campo de malmequeres e ficar a cheirar a terra...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Puááááá!!!!

É quando levo o café à boca e descubro, com horror e nojo, que me esqueci de colocar açúcar (apesar de ter mexido o café...), que me apercebo que o stress está a a atingir o ponto de saturação.

fumo



Era um quarto gasto de pensão. Um ponto esquecido, de paredes poeirentas e um ranger debaixo dos pés... Schhhh!! Ouve... Espera... Não ouço nada... Água, a cair, ping ping, água em caudais inequívocos. Há uma marca de cigarro no tampo da sanita. A janela está aberta, mas cheira a fumo. Sou eu que cheiro a fumo? Ou estará a cidade a arder... Passa-me aí o cinzeiro. Num quarto de uma pensão gasta, onde restam as passagens dos corpos que cá estiveram. É da carne e é do sangue. É dum corpo que se dá, uma oferenda, um sacrifiquemo-nos para ser livres. Era um quarto e era um vulto, sob a luz rasante dum candeeiro fora de moda. Era uma pele gasta, como os anos que nas nuvens galopavam. E cheirava a fumo molhado.

segunda-feira, 17 de março de 2008

just another word...

Tenho saudades de quando podia escrever o que me apetecia. Aqui e em todo o lado...
Preciso de um restart. Preciso de olhar para o ar e inventar palavras. Preciso de ser alguém, qualquer coisa menos eu. Ouço a Janis, uma pérola comprada no último fim-de-semana, e que canta ali ao lado no toca-discos. Papel a arder. Devagar.



Porque "liberdade" é só mais uma palavra. Feeling good was good enough for me...

penso...

Ando a escrever muito pouco. Aliás, a escrever pouco coisas que me agradem escrever. Não tenho tempo. Não me deixam. Para me tranquilizar, releio textos d'outrora.


O homem que colecciona olhares


Tem as algibeiras cheias de nada. De instantes em que os seus olhos se cruzam com a rapidez dos olhares desviados de quem passa. Sacos e sacos a abarrotar de puro nada, amontoados em casa, sem outro destino para eles. A memória; preserva nela os retratos imaginários, gravados a luz nos movimentos lentos. Tem olhares na algibeira. Vazios. Dar-lhes-á um sentido um dia. Quando se sentar e remexer nos sacos do esquecimento.

O homem que colecciona olhares vive na rua central de uma grande cidade. Todos os dias está rodeado de pernas apressadas, de pernas vagarosas, de pernas perdidas e desorientadas, de pernas hesitantes, de pernas que param e giram noutra direcção, de pernas que correm, de pernas aos pares, de pernas solitárias, de pernas de calça e de pernas despidas, de pernas roliças e de pernas magriças, de pernas, simplesmente. O homem que colecciona olhares não vê. Sente no suspiro do vento as vozes ainda caladas. Ouve no calor das chamas da tarde os sussurros das artérias da cidade. Os olhares caem-lhe, um a um, na caixinha velha de metal ferrugento, tilintam, rodopiam, e aí permanecem. Aos pés do homem que colecciona olhares todas as angústias de olhares que já ninguém quer. Olhares de lágrimas paridas, olhares desvirtuados, olhares salgados, olhares com medos presos, olhares de distâncias incolores, olhares que jorram gemidos. Todos aqui ficam, num plano entalado entre a realidade que nos foge por entre os dedos e o sentido imaterial das palavras.

Hoje tem as algibeiras cheias de um abismo inatingível. O homem que colecciona olhares não é um homem, mas um sopro de luz na dormência dos dias. O travo de solidão na objectiva do turista incansável. A melodia pausada, o acorde repetido até à exaustão. O anoitecer da consciência no acordar de uma manhã irrequieta. O homem que colecciona olhares é um vazio dentro de um corpo. Um vazio. Ao abrir os olhos para procurar a claridade do céu por cima, pensa.

Penso. Às vezes é preciso espremer lágrimas. E depois dançar uma música de silêncio cá dentro. Dançar a seguir, pela estrada fora, em direcção ao próximo olhar de tranquilidade.

bom dia rima com azia

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De vez em quando, a autora deste blog usa um lápis azul.

domingo, 16 de março de 2008

lição número dois de economia

Sem qualquer taxa aplicável
Trocam-se os juros por juras
Fazemos um empréstimo amigável
Sem pensar em dívidas futuras.
Diz-me: qual é o spread
Em linguagem de sentidos?
Que margem de lucro sucede
Quando os gastos não são contidos?
Uma conta sem lógica aparente
Onde se gasta, mas o lucro aumenta
Pois que tudo o que a gente sente
É uma grandeza que alimenta.

quinta-feira, 13 de março de 2008

lolada!

Independentemente de se ser ou não cliente da TMN - por acaso sou, mas já muitas vezes me apeteceu não ser... - é impossível não sorrir com alguns dos spots publicitários da operadora. Já me tinha caído no goto o anúncio, por alturas do Natal, com um dos reis magos a cantar "Fui visitar a minha tia a Marrocos... Hip Hop!" A cantilena, que eu cantava com a minha mãe há muitos anos, foi o suficiente para me sentir outra vez catraia.
Mas agora, que acabo de ver a publicidade a uma qualquer campanha de Páscoa - confesso que, em mim, a publicidade não tem o efeito esperado, pois mais facilmente me recordo dos jingles que dos produtos e serviços em questão - tenho de fazer um esforço para não cair para o chão a rebolar de riso! Só um(a) director(a) criativo(a) completamente demente e alucinado(a) se lembraria de pôr o Coelho da Páscoa a cantar o "Comi Uma Cenoura..." enquanto o mesmo rei mago do Natal lhe corta a palavra: "Coelhinho, se eu fosse como tu, tirava a mão da boca e... ia visitar a minha tia a Marrocos!!" Genial!

Singing aya iupi iupi ai

Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop

lição número um de economia

Vamos falar de economia
Numa relação de troca directa
Pomos de lado as teorias
Penso que isso não nos afecta.
Um bem em troca dum bem
É economia da mais clara
Assim não perde ninguém
Mas o lucro nunca pára!
Tranquilidade por jovialidade
Alegria por fantasia
E sente-se a totalidade
Nestas lições de economia!

quarta-feira, 12 de março de 2008

puta que os pariu!

Ando com esta frase na cabeça, e a culpa é do Luiz Pacheco - resolvi adoptar o gajo como meu herói pessoal por causa disto, disto, disto e de mais umas quantas coisas que não vêm agora a propósito...



Inesperadamente, o trabalho hoje acaba mais cedo e, antes de me meter noutros trabalhos, vou descansar o esqueleto numa esplanada enquanto leio o Público. À medida que folheio as páginas e leio algumas das notícias com mais atenção, só consigo proferir mentalmente: "Puta que os pariu! Filhos da puta! Cabrões! Paneleiros!" Ok, os três últimos "mimos" são surripiados a um amigo a quem, volta e meia, também salta a tampa (mais por causa do Benfica, mas coitado, ninguém é perfeito...). Adiante!
A foto da 1ª página do jornal dá conta da ambulância que, ontem, ficou debaixo dum comboio na Linha do Oeste. Poupem-me e poupo-vos os pormenores... Lá à frente, uma outra notícia revela mais uma vítima mortal que foi colhida por um comboio, desta vez, na Linha do Vouga. Nisto, vem-me à memória a quantidade de vezes que vi pessoas a saltitar em frente dos comboios nas estações do Cacém e de Barcarena, quando vivia naquela zona, há uns anos, correndo o risco de levar com a máquina em cima, na ânsia de ganhar uns segundos na ida para casa, para o emprego, para o café, sei lá para onde. Eu, pessoalmente, prefiro deixar passar todos os comboios do mundo e, então, atravessar a linha tranquilamente, que aquela cena é capaz de doer um bocado! Obviamente, no caso da ambulância e das pessoas que, lamentavelmente, perderam ontem a vida, presumo que a pressa seria justificada. O que não entendo é com que argumentos se justifica que, por esse país fora, continuem a existir tantas, mas tantas passagens de nível sem protecção, sem vigilância, facilmente transponíveis por pessoas que não zelam, convenientemente, pela sua própria vida. Eu sei que não me atrevo a atravessar uma linha de comboio sem ter a certeza absoluta de que não vou fazer parte dos carris... Mas não deveria a CP, ou quem raio gere esta treta, tomar medidas urgentes para que não aconteçam mais desastres destes? Cobrar 40 e tal euros por uma viagem de Lisboa ao Porto no Alfa, onde a única vantagem da 1ª classe sobre a 2ª é um mísero rissol, lá isso sabem eles! Puta que os pariu!
Noutro registo, a indignação toma proporções um pouco maiores e tenho de fazer um esforço para não atirar o jornal ao ar. "Famílias vão pagar mais pelos empréstimos" é daqueles títulos que deixam sempre uma pessoa bem-disposta... Para já, não sei se posso ser considerada uma família, uma vez que o meu gato não contribui minimamente para o orçamento doméstico. Sempre posso tentar usar o argumento junto do "meu" banco, a ver se pega. Cheira-me é que os tipos não vão na cantiga, mesmo que eu mostre o decote (lá está, falta-me o guito para fazer "investimentos" dessa natureza, para libertar a Luciana Abreu que há em mim... Na volta, tenho é neurónios a mais, mas isso também não vem ao caso). Diz o senhor Vítor Constâncio que "até agora, os bancos não reflectiram isso [a falta de liquidez nos mercados financeiros] concretamente, mas a continuação desta situação, se não houver uma normalização nos mercados internacionais, terá reflexos no preço a que os bancos oferecem os serviços aos seus clientes". Este gajo pode ser governador do Banco de Portugal, mas a minha dúvida é: e eu? Como é que eu me governo? Ai não reflectiu? Eu dou-lhe a reflexão... Desde que, há três anos, contraí o empréstimo para comprar um T1 debaixo da ponte - se ainda havia alguém a pensar que o nome deste blog era uma metáfora, desengane-se... - a minha prestação mensal já aumentou 100 euros. 100 euros que eu pago a mais por mês, desde então!!! E quanto é que o meu ordenado aumentou, fazendo uma média mensal, nestes três anos? Cinco euros!!! Puta que os pariu!!!!!! Ah... E filhos da puta! Cabrões! E paneleiros!

Errata: Acabo de me aperceber que a entidade responsável pelas passagens de nível é a Refer e não a CP... Enquanto me esbofeteio violentamente, por ter cometido um erro tão estúpido, deixo aqui uma desculpa à CP, por ter manchado o seu bom nome... :)

terça-feira, 11 de março de 2008

o tamanho não importa... às vezes!


Apercebo-me, com alguma perturbação, que o quarto de hotel em que me encontro é do mesmo tamanho que a minha casa inteira. Não sei se chore por ter uma casa minúscula, se fique feliz pela largueza do quarto...

pão com azeitonas

"Considera-se um marginal?
Eu não me considero coisíssima nenhuma. Considero-me um gajo que está aqui sentado. (...)

[...]

É parecido com o que escreve?
Eu não tenho, creio, grandes dotes de imaginação. A minha fantasia é pobre. Sendo assim, os textos que considero mais conseguidos são autobiográficos. Reportagens de mim. (...)"

[excerto de entrevista a Luiz Pacheco feita por João Pedro George (2005), publicada recentemente em "O Crocodilo Que Voa - Entrevistas a Luiz Pacheco"]


Reportagens de mim. Eis um conceito que gostaria de ter inventado. Já inventei uns quantos conceitos, alguns muito bonitos... Para mim, pelo menos: efemeracidade... foder amor... cheira a ar... Penso: são as coisas simples as mais difíceis de escrever em imagens, de tão profundas e sentidas. Um dia, a meio de uma conversa de trabalho, disse uma coisa que sinto e digo com frequência: "Gosto de palavras..." O meu interlocutor olhou para mim e atirou-me com esta: "Gosto de palavras... Já me fizeste ganhar o dia com essa frase!" Sou, talvez, a pessoa mais humilde que conheço - não, minto, conheço uma ou duas pessoas ainda mais humildes, e tão maiores. Não obstante, sou, seguramente, a pessoa mais insegura que conheço. A repetição verbal é propositada... Aprendi, com os anos de profissão, a gritar de dor sempre que me apercebo de palavras repetidas ou muito semelhantes numa mesma frase. Uma coisa que não aprendi, contudo, foi a lidar com as inseguranças e com o stress. Há dias em que me faltam braços, em que me falta corpo - escrevo, normalmente, em Arial corpo 12, mas, nesta altura, precisava de ser, talvez, uma Century Gothic corpo 72, que é assim uma fonte limpinha e arejada, bem definida, sem arestas para limar e, claro, grande! Há dias em que, perante o silêncio, as ansiedades, o trabalho maior que a alma, a vontade de dormir e os pensamentos em atropelo, apetece é mandar tudo pró caneco, não escrever nem mais uma linha e dedicar-me a comer pão com azeitonas e a beber uns copos valentes. É algo que não implica muito esforço mental e que sabe, precisamente, àquilo que é.

segunda-feira, 10 de março de 2008

passe a publicidade...

Admito: por vezes, a publicidade tem em mim um efeito hipnótico. Especialmente, a publicidade estúpida. Durante o jantar, entre duas garfadas, passa na televisão o anúncio da pasta de dentes Aquafresh. No final, surge o seguinte complemento: "Recomendada por dentistas".
Ora, caracol! Então por quem é que haveria de ser recomendada? Pela senhora da limpeza da empresa onde trabalho? "Aquafresh... Recomendada pela Dona Helena..." Catchy... Não desfazendo, claro, que a senhora é uma querida e até gosta muito de mim. Não tenho dúvidas de que a sua opinião seria bastante válida, já que o seu core business são, precisamente, as limpezas. Agora, se os senhores da Aquafresh fazem questão de sublinhar o óbvio, então, eu exijo objectividade. Que dentistas são esses? Onde é que eles estão? Quantos são? Dois? Cem? E onde é que esses dentistas tiraram os cursos? E são dentistas ou ortodontistas? É por estas e por outras que eu uso Colgate.

o fim do dia

Acordar antes das seis da manhã, triim triim do eléctrico e o sabor do café ainda por beber. Toda a chuva por cair e o verde por entre as névoas. Altitude. Saudade. É bom saber os caminhos de cor, tantos anos passaram. Ali, a minha janela. Acolá, quase uma década. Cheira a ar. Reparo nas placas e sorrio com os nomes curiosos. Vale de Azares. Após a curva, um pastor encarreira o rebanho. Não consigo deixar de pensar que serei sempre uma ovelha tresmalhada.

domingo, 9 de março de 2008

yes, sir!



(imagem original retirada daqui)

"Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez consciente."
Martin Luther King

sábado, 8 de março de 2008

(a)política


(antigo cartaz soviético alterado por mim)

"Há pessoas que não levam em conta a realidade, mas, em compensação, a realidade também não as leva em conta."
Karl Marx

sexta-feira, 7 de março de 2008

e 'mai' nada!

Venho eu sentadinha no eléctrico, a ler "O Crocodilo Que Voa", uma compilação de entrevistas feitas a Luiz Pacheco - que 'mui' gentilmente me foi oferecida por alguém de quem gosto muito - e deparo-me com esta pergunta e resposta finais numa das entrevistas.

Mensagem para as novas gerações?
Puta que os pariu!


fotografia de João Francisco Vilhena (retirada daqui) que, curiosamente, foi capa da revista Ler, na qual foi publicada a entrevista a que me refiro, da autoria de João Paulo Cotrim, em 1995.

Muito obrigada, senhor libertino Luiz Pacheco, por me ter feito dar uma gargalhada ainda antes de beber o primeiro café do dia!

quinta-feira, 6 de março de 2008

aicha

Texto originalmente publicado em A Angústia da Mente em Branco.


O sabor da janela entreaberta

Todas as mulheres se sentem putas de vez em quando. Duvidas? Olha-me e diz-me o que vês. Talvez um rosto sem interesse aparente, talvez uma pele cansada, talvez não vejas nada... Não sei que histórias queres que te conte. Perdi a inocência dos contos de fadas há muito tempo. Quanto tempo... Vamos subir. Conta-me tu uma história.

Passava um quarto de hora das dez da noite quando Ângelo atravessou a rua, em direcção à luz do candeeiro. O calor era sufocante e caíam-lhe gotas de suor da testa, a camisa encharcada começava a tresandar e teria feito melhor em vir de calções, pensava. Mas como é que uma pessoa se prepara para uma coisa destas? Não sabia já se o suor era provocado pela noite quente ou pelo nervosismo de estar a cometer um acto, apesar de tudo, ilícito. Afinal, como é que se aborda uma puta pela primeira vez? Levam-se flores?

Aisha é o teu nome. Talvez não seja, mas é assim que apareces em mim. Com o teu cabelo negro e longo, com a tua pele morena e os teus olhos de amêndoa. Aisha. Um nome de deusa num corpo de menina, onde está encarcerada uma alma de puta. Quanto levas à hora? E o que é que fazes? Encanta-me. Vem-te como se fosse a tua primeira vez. Eu não me importo que não seja, cheiras a canela e eu gosto disso, mesmo que seja apenas a minha imaginação a funcionar. Está calor aqui, Aisha. Gosto das tuas pálpebras demasiado pintadas, das tuas sandálias de plástico a perder a cor e do teu batom fora de moda.

Quanto é que levo à hora? Ó meu querido, isso depende do que tu quiseres fazer comigo. Ou do que me deixares fazer contigo. Tens preferências? Nesta rua não há sonhos nem fantasias, apenas corpos abandonados nas esquinas, enleados pelas cores com que nos pintamos. Queres chamar-me Aisha? Com certeza. Serei quem tu quiseres. A janela fica aberta, para deixar entrar os espíritos...

Amo-te, Aisha.

Não sejas parvo, as putas não amam.


[Pssst... Se a música tivesse passado no bar do grogue, teríamos dançado com os pés que temos.]

quarta-feira, 5 de março de 2008

vida de dromedária

Um tema que me seduz grandemente é o chamado endividamento das famílias portuguesas. Enquanto vivo algumas peripécias relacionadas com o meu vencimento e depois de, mais uma vez, ter feito contas à vida - a casa, a água, a luz, o passe, o gás, a prestação da máquina de lavar, a tv cabo e o cartão do cinema (luxos? necessidades?), pergunto: e quem é que se preocupa com o endividamento das moçoilas celibatárias, que prezam a independência, mas que ganham mal comó caraças? Consta que o pão vai subir 50 por cento. Ora aí está uma boa notícia para as gajas que se fartam de dizer que os hidratos de carbono engordam. Eu, que costumo comer pão que nem uma alarve, é que me lixo... Nestas alturas, qual dromedário, dou graças pela reserva que, volta e meia, se acumula aqui no pneuzito da barriga.

tirem-me desta salada!

Este blog está na iminência de se tornar um espaço reaccionário.


imagem daqui.

Os meus protestos serão silenciosos, mas mordazes. Com meias a condizer.

terça-feira, 4 de março de 2008

evidência


Por vezes sou uma lástima de pessoa.
Mas apanho logo os pedaços. Não é permitido não os apanhar.

déjà vu [viagens na minha janela]


mil novecentos e trocó passo.. (imagem daqui)


dois mil e sete

segunda-feira, 3 de março de 2008

aíííííííímmmmmm!!!! *


imagem retirada daqui.

Não é preciso muito para eu entrar em stress. Ou em pânico. Ou em desespero. Em agonia, por vezes. Felizmente, o facto de viver debaixo da ponte ajuda a relativizar um pouco as coisas...

*Expressão típica de quem está a fazer birra ou se encontra aflito com alguma situação.

domingo, 2 de março de 2008

sol


Não pode haver senão cigarros enquanto Ana Lana se contorce em palco. Imperativo, o cigarro a arder e o fumo a sair-nos da boca em jorro. Lento, envolto em melodia e rasgões de guitarra. Sou um planeta. Querelle. Não fui eu quem puxou as estrelas do céu, mas todas elas me ofuscam, avassaladoras. ("- Mas foste tu quem desenhou a Lua."). Pela manhã, a roupa cheira a tabaco. Gosto. O céu hoje é azul. Juntei todas as estrelas e fiz um Sol.

sábado, 1 de março de 2008

socorro...

Caro felino com quem compartilho a minha habitação:
- Tens as taças de água e comida cheias
- Tens a areia limpa
- Tens a janela que dá para o telhado aberta para ires passear ao sol
- Tens a tua almofada à disposição para uma soneca
- Tens uma bolinha com um guizo algures ali no chão
- Tens uma mosca a sobrevoar a sala, o que é diversão para algumas horas



Por isso: pára de miar e deixa-me trabalhar!!!!!!