quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

viver sozinha é bom porque...

...posso fazer a depilação na sala enquanto vejo televisão.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

bina



Fazem-se muitas e boas reflexões enquanto se pedala pelas ruas de Lisboa. É viver a cidade e vivermo-nos duma maneira que tranquiliza. É ir pelo passeio porque a rua está bloqueada pelos homens do lixo - "Eh lá, deixa passar a ciclista! -, é sorrir ao senhor velhinho que está à espera do autocarro e me barra o caminho com a bengala, é acenar ao puto que pergunta ao pai o que é que estou a fazer - "A menina está a prender a bicicleta, para ninguém a levar..." -, é parar na mercearia dos chineses e perguntar à prostituta da esquina se não se importa que use o sinal de trânsito para colocar o cadeado, é comprar comida para o jantar e levar as mercearias na mochila, é levar com a luz da manhã e com o rio ali ao lado, é ir um pedacinho de caminho em contra-mão e os polícias fecharem os olhos, é parar nos semáforos e olhar para dentro dos carros ao lado, é descer dois andares sem elevador com a bicicleta às costas, subir e descer quatro andares de elevador no trabalho e depois voltar a subir dois lanços de escadas ao chegar a casa, é passar por "semi-frique" por me dar para estas coisas. Por estas razões, este blog anda de bina. Sintam-se à vontade para pegar na ideia. ;)

tripas?

Autocolante numa paragem de eléctrico qualquer, numa qualquer praça de Lisboa:

TRIPARTE tattto
Uma forma de tripar na vida!


Sou eu que sou esquisita, ou este é mesmo o pior slogan da história da publicidade?

domingo, 27 de janeiro de 2008

ora poças!

De cada vez que ponho a máquina de lavar a funcionar forma-se uma pequena poça de água no chão da cozinha. Começo a pensar se, em vez de gastar 14,50 euros todos os meses no Medeia Card, não deveria antes investir numa máquina nova. A prestações, claro, que os tempos que correm não permitem grandes ambições.
Mas depois penso: por muito estimulante que algumas pessoas possam achar, eu iria aborrecer-me de morte a ver a minha roupa interior às reviravoltas, às reviravoltas... Acho que vou continuar a ir ao cinema as vezes que me apetecer e manter a esfregona por perto.

Adenda
Notícia de última hora: enquanto escrevia as palavras acima, a minha máquina de lavar faleceu. Puf! Enquanto um ruído gutural lhe vinha das entranhas e não prenunciava nada de bom, a poça de água alastrava cada vez mais pelo chão. Confirma-se o óbito. Não sou canalizadora, mas cheira-me que quando o tambor da máquina se desloca, a coisa deve ser grave. Tadinha... Espero que não tenha sofrido muito. Depois de ter passado a última hora a limpar a inundação, agora quem vai sofrer sou eu...
Aceitam-se donativos para adquirir uma máquina de lavar. Alguém?...

sábado, 26 de janeiro de 2008

sublime

Ando completamente choramingas. Talvez seja da "provecta idade", talvez seja síndrome pré-menstrual, talvez seja por andar a beber mais água (se entra, tem de sair por algum lado...)... Ouço uma música que me faz sentir bem e... pimba! No cinema, uma imagem mais avassaladora, alegre, triste, tanto faz... pimba! Ando pelas ruas e até a beleza dum semáforo a passar de vermelho para verde me emociona. Um abraço mais sentido, e lá vêm elas...
Sinto o sublime em todo o lado. Se calhar é mesmo verdade, as memórias de vidas passadas estão cá, como que numa estranha reencarnação, e choramos ao reconhecer fragmentos dos percursos que fizemos, noutros corpos. Não sendo bem a mesma coisa, hoje de tarde ouvi uma música no final de uma sessão de cinema e encontrei uma memória de uma vida passada. E senti-me feliz, com a lágrima a despontar... O sublime rodeia-nos, basta querer dar por ele.


Paris, 2003


"Les Champs Elysées", Joe Dassin

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

comPORTAmentos



Gostava de conhecer a Débora.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

bichos

- Ó r’pariga, tu não te faças envergonhada. Come e bebe p’ra diante!
Com isto, a mão encarquilhada do ti Zé voltou a encher-me o copo de vinho. Ao mesmo tempo, a ti Fernanda cortava mais umas fatias de broa de milho e outras tantas de chouriça. Servi-me de um bocado de cada e, enquanto roía a carne, analisei as paredes em redor. Aqui e ali, calendários de outros anos. Todos com a primeira folha, a que desejava feliz ano novo, arrancada. Todos parados no tempo entre Janeiro e Fevereiro como se, em cada ano, não valesse a pena passar além disso. Num dos calendários, uma imagem da virgem com o coração em chamas. Um coração “flambé”, pensei.
Despejei o copo de vinho à medida que as conversas em redor da mesa passavam de mão em mão. Volta e meia apurava o ouvido, quando julgava ouvir um nome familiar, uma situação conhecida. Ataquei novamente a chouriça sob o olhar satisfeito do ti Zé e resolvi participar na cavaqueira:
- Então e o tio Américo e a tia Cremilde? Ainda vivem na mesma casa?
Os olhares voltaram-se para mim, não sei se por ter, finalmente, soltado um som, ou por ser, talvez, a minha curiosidade inconveniente. Tentei justificar uma pergunta que, parecia-me, não devia ter feito, embora não percebesse porquê.
- É que já não os vejo há tanto tempo...
As cabeças voltaram-se para as iguarias em cima da mesa, serviram-se mais copos de vinho, cortaram-se mais nacos de broa e de queijo e de carne. A um canto, a ti Fernanda e a mulher que vive em frente, de quem não me lembro do nome, trocavam confidências à beira de uma malga de tigelada.
- É que ninguém os tira dali... A casa não tem condições, nunca teve! E, aos anos que lá estão, não fizeram uma única melhoria...
- Se havia necessidade disso. Já o filho se criou e casou, podiam fazer uns arranjos, comprar uma máquina de lavar roupa. Quando fui lá a última vez reparei que até têm um buraco no tecto...
- Máquina de lavar? Se eles nem luz na casa têm! É assim, que queres... Enquanto houver uma parede direita de lá não saem...
- Olha, o que é certo é que, apesar disso, nunca lhes vi uma discussão, sempre se deram bem. E quando eram novos não se privavam de festas e bailes... Corriam tudo!
- Lá isso é verdade. Eu até costumava dizer que eles começavam aquando do São Giraldo e só acabavam no Mont’alto!
- Não se pode dizer que não tenham aproveitado bem a vida...
Percebi, então, porque era a minha pergunta incómoda. Há pessoas que encontram a felicidade mais facilmente que outras.

O homem sobe as escadas de pedra e de musgo. Os passos vagarosos calculam o tempo e a distância dos degraus. A mão, apoiada na parede, acompanha esse tempo e essa distância. Leva a mão ao bolso, tira a chave de ferro e dá umas quantas voltas na fechadura. A porta abre, o homem empurra o peso da madeira e ouvem-se os passos a fazer chiar o soalho velho e gasto. O silêncio. O cheiro a pó e a pratos antigos. No escuro, procura:
- Cremilde, estás em casa?
A voz, vinda de um quarto sem janelas, afastado das divisões onde as janelas já não têm vidros, apenas portadas de madeira apodrecida, responde:
- Estou aqui. Demoraste... Anda, vem deitar-te. Tenho os pés frios...
O homem não acende a luz, porque não há luz para acender. Segue em direcção ao quarto, guiado pelo hábito de cinquenta anos a andar pelo mesmo chão, calcando as mesmas tábuas. À entrada, afasta a cortina puída que serve de porta, mas não volta a correr o pano. Senta-se na cama e começa a desapertar as botas.
- Devias ir ver as estrelas lá fora, Cremilde. Devias ir ver...


Para o meu tio Américo, cujos passos inspiraram uma grande parte deste conto, e que morreu hoje.

a um filho imaginário:

Faz o quiseres da tua vida. Não irei criar barreiras qualquer que seja o rumo que quiseres seguir. Podes ser homossexual, ter uma relação inter-racial, ser católico, budista ou ateu, alistar-te no exército, pintar o cabelo de verde, ser capitalista ou comunista, trabalhar na bolsa ou ser jornalista, tomar todas as drogas que encontres, colocar piercings nos mamilos, pertencer a uma juventude partidária ou a uma claque de futebol. Faz o que quiseres da tua vida.

Agora... Pela tua saúde, tu não me dês o desgosto de ser funcionário(a) das Finanças!!!!!

(Nota-se muito que fui à repartição de finanças do meu bairro logo pela manhã?)

ausência

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

subliminarmente falando

Sou eu que sou rebarbada, ou a pata do centauro dos "outdoors" do Banif está estranhamente bem posicionada? Eles bem dizem: "A força de acreditar." Eu cá, como tenho conta no Montepio, só levo com o Tio Pelicas...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

refúgio



As vozes quentes, francesas, escorrem prateleira abaixo, espalham-se pelo chão, aos pés. Uma doce morte, uma suave morte. Mais uma conta com o nome carimbado, irreversível. A água é já quente, entra um pé, outro. Graves, vivas, as vozes, essas vozes. Cai a água, misturam-se as águas, quem sou eu? Caem assim, inseguras, as pequenas águas. Não querem descer. Quem sou eu, deveras? Um bicho do mato. Um bicho raro. Bichos. Metidos num covil. Bichos esfaimados. Bichos que sobrevivem a todo o custo. Bichos que lambem as feridas e continuam, a ganir, por caminhos áridos. Bichos à espreita. Quem? Uma puta duma assalariada. Dão-se as palavras escritas em troca de dinheiro. Não é muito diferente de vender o corpo a desconhecidos. O uso do corpo seria melhor, decerto. E menos íntimo. À saída, afaga a imagem no espelho. Quem és tu? Bicho, apaga a luz, mete passos incertos. Uma casca de ovo esquecida aguarda o gesto irreflectido. Uma gota pinga, mais uma, o gotejar límpido recorda a urgência de fechar a torneira do esquentador, avariado. Uma puta duma assalariada...

domingo, 20 de janeiro de 2008

as canções de amor



Em casa, o cigarro aceso. Silêncio à espreita. O casaco e a mala ao abandono, segue, ligeira, segura, em paz. O cd dos últimos dias, basta carregar no botão. Forward, 1, 2, 3, 4... Pára no tema número 8. A voz nasce e ela acompanha-a. Fecha os olhos e inventa uma dança a dois. Um amor improvisado para o momento, que seria insensato perder.

As-tu déjà aimé?

sábado, 19 de janeiro de 2008

pétalas



Suor. Devagar, as gotículas de água escorrem pela superfície. Um jogo de espelhos, começa a dança húmida e quente. Suadas, as paredes. Como lava. Inunda-nos. Afoga-nos. A respiração pesa na atmosfera densa. Imensa. Condensação. O suor continua a escorrer, desbravando um trilho; uma luz molhada brilha. A escuridão sabe a pétalas de rosa. Por entre as névoas pressentem-se contornos. Sombras. Apenas um corpo. Apenas um.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

parede



Absorvo os meus silêncios. Preciso dos meus silêncios, nos meandros dos quais me perco. Uma percussão imaginada, os dedos marcam o ritmo. Falas e eu já deixei de te ouvir. Schhh... Si-lên-ci-o... A rua existe, afinal. A poesia em cada esquina, os passos adormecidos suspensos num sorriso. Uma melodia ausente, que aguarda um olhar em câmara lenta. Fade in. Há uma cegueira em redor do corpo molhado, o vapor esconde o rosto reflectido, apenas adivinhado. A solidão de cair numa cama desconhecida e contar as rachas na parede... Lá fora, um carro passa a grande velocidade. Propositadamente desnecessário.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

quarto 208



Cheira a caril no corredor. A câmara de vigilância faz-me encolher os ombros em redor da chave enquanto abro a porta. Automaticamente, luz e desconhecido, além. Adiante. Sem que nada se passe aqui, ela olha-me. É Aicha que retorna em mim, a das sandálias de plástico reles e pinturas azuis de pavão. A gaja não quer nada comigo, pá! Nada. Aceno-lhe, estendo-lhe a mão, pisco-lhe o olho, faço-lhe um gesto inequívoco. Nada. Deita-te aqui, deitas? Faz-me companhia, anda... A puta da gaja não me diz nada. Deve ser muda.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

mármore



A mesa tem tampo de mármore. A luz, ao fundo. Apago-a. Nenhum ruído vem da rua. No quarto ao lado, vozes. Televisão? As duas mulheres na loja em frente conversam, a passar a vida devagar. As nuvens escuras prenunciam algo, talvez chuva. Mas talvez sejam apenas nuvens. Olho o quadro na parede durante mais de meia hora. Nada. Recusa mexer-se. Volto ao ataque. Aposto comigo própria que conseguiria ficar horas a olhar para nada, com o cérebro focado apenas num ínfimo ponto invisível. São rosas? Não importa. Fraquejo. Aponto para a luz do tecto, onde uma espiral me acolhe e abraça, num jogo de sedução perigoso. Volto a apostar. Fico a olhar horas a fio, sem pensar em mais nada... Qualquer coisa se mexeu, dentro da moldura. Cerro os olhos e trauteio uma música qualquer.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

"manda-me embora..."

Bob: I don't want to leave.
Charlotte: So don't. Stay here with me. We'll start a jazz band.*




*Diálogo de "Lost in Translation" de Sophia Coppola
Imagem de "A Pior Banda do Mundo" de José Carlos Fernandes

"toma o comprimido qu'isso passa..."


Há dias em que vivo numa sub-realidade de mim própria, como se nada do que alcanço existisse, de facto. Um dia de cada vez. O passado já lá vai e o futuro só existe por causa do presente. Vou mas é dormir.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

colega de trabalho estiloso...



Será este um cinto de castidade? Não sei porquê, mas aquele botão aberto parece dizer o contrário...

domingo, 13 de janeiro de 2008

ouvido nas notícias...

"São poucas as famílias portuguesas que conseguem poupar..."

Que não consigo poupar, já eu sei. Já nem vou por aí... A dúvida que me assalta é a seguinte: será que eu e o meu gato constituímos uma família? Dormimos na mesma cama, temos acesas discussões e, quando chego tarde a casa e a taça está vazia, até parece que o ouço perguntar "Onde é que andaste? Está aqui um gajo cheio de fome...!!!!"



Acho que sim, que somos uma família. Disfuncional, mas uma família...

sábado, 12 de janeiro de 2008

meninices



Não tenho palavras para te agradecer, Sé Boy.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

vinho & cigarros

Anda, vem, vamos fumar amor
No cair da noite, sob as velhas arcadas
Eu conto-te contos de terra e calor
Tu contas-me os teus tudos, os teus nadas.

Vamos fazer fumo, sem leis, os dois
Acende-me o cigarro, um beijo nosso
Na ansiedade incontida já do depois
De que dar as mãos é o primeiro esboço.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

coisas que me recordam que cresci numa aldeia da beira


- Pensar que vou receber dinheiro ou uma carta sempre que encontro um aranhiço a passear por cima de mim.
- Depois de esperar 2 minutos pelo autocarro/eléctrico e perder a paciência, ir a pé para o meu destino.
- Antes de terminar a refeição, limpar o molho com pão até deixar o prato quase limpo.
- Dizer "abelha" e "coelho" em vez de "abâlha" e "coâlho" e gozarem com a minha "pronúncia".

figuras tristes

Experimentem tentar fumar um cigarro depois de vir do dentista, ainda com a boca sob o efeito da anestesia...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

o arco-íris num céu cinzento

- Laura, Laura, anda cá!!!
- O que foi, pá?...
- Olha ali por aquela janela...
- Ohhhhhh..... Obrigada!

bailar, bailar

As coisas que me apetece fazer quando ouço "Carmencita" de Devendra Banhart...


maria teresa

"Lembras-te daquela rua
que era minha
e hoje é tua..."

Pega-me no braço com força, como quem só tem o meu braço para se prender ao mundo. De olhos vazios procura o que não sabe em redor, no espaço onde tudo está ausente. Quer ir para o Montijo, precisa de dinheiro para um táxi para o Montijo, desesperadamente, já nada faz ali, naquela rua, naquela casa que deixou, nos braços dum companheiro qualquer... Agarra a mala com mais força ainda e respira fundo, como fazem as grandes senhoras antes duma revelação. Penteia os cabelos, toda ela é grave. Onde é que já vai Luanda, onde é que já vai o Luiz Pacheco, onde é que já vão os filhos, onde é que já vai Bruxelas, tem aí algum número de telefone para onde possamos ligar?, este rapazinho é bisneto do Duque de Palmela, é um bom moço, onde é que já vai a vida longa... esqueceu-se da vida. Eu não tenho ninguém, ninguém, percebe? Mas ia para o Montijo. Mirandela, conhece Mirandela? Qual Trás-os-Montes, Mirandela! Numa boca de lábios finos e secos forma-se a melodia, a tristeza de quem já não sabe se vai, se fica. Ali, ali, eu vou-lhe mostrar onde é que ele está à minha espera, ele está ali!! E foge, foge, larga-me o braço, larga-se do mundo que já não existe há tanto, tanto tempo... Lembras-te daquela rua?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

fecha os olhos. respira fundo. sorri.


Hoje acabei com a garrafa de vinho. Estava a precisar. O gato enrosca-se, ritualmente, junto aos pés. As vizinhas tagarelam nas escadas, ouço-as. Há pouco passou uma ambulância. Sinais secretos... O casaco quente, de lã, pende-me nos braços. "Estás com uma voz triste..." "Isto passa, amanhã já estou a sorrir outra vez. Hoje só preciso de estar assim, como um bichinho-de-conta, no meu refúgio." O gato dá uma reviravolta. Afago-lhe a barriga rosada por alguns segundos, poucos. O eléctrico galopa pela rua e sei que estou em casa. "Até amanhã..."

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

"é magenta, a ver se a editora aguenta..."


A rima não é minha, mas o autor não se importa de me ceder os direitos... Vou neste momento no terceiro copo de vinho (o primeiro foi para comemorar a promoção, o segundo para comemorar outras boas notícias, o terceiro, já em casa, porque sim!), e sinto-me genuinamente feliz. Feliz porque, mesmo nos momentos de maior crise, há sempre alguma coisa boa a acontecer - nem que seja a inspiração para escrever; feliz porque gosto da vida que construí para mim; feliz porque em meu redor tenho boas pessoas de quem gosto e que - penso - gostam de mim; feliz porque, finalmente, o esforço e valor são reconhecidos; feliz porque todos os dias aprendo algo novo e me apetece fazer mais; feliz porque um colega de trabalho me abraça sem razão e sabe bem; feliz por receber sms de parabéns sinceros; feliz porque o gato está neste momento a pisar o teclado do computador em busca de carinho, o que me obriga a refazer parte desta frase, mas não me importo; feliz porque hoje dei um presente e recebi outro (na foto) em troca; feliz porque estou a começar de novo no mesmo sítio, mas a começar de novo; feliz porque o tempo parece aguentar-se para amanhã ir trabalhar de bicicleta. Ah, e feliz porque a parede do gabinete novo é magenta...

domingo, 6 de janeiro de 2008

la dolce vita

Após três dias de "hospitality club", em que não houve muito tempo para confraternizar devidamente, mas em que houve um esforço sincero para explicar porque é que se comem chocos com tinta, encontrar uma definição para "corvina" e "robalinho" para além de it's a kind of fish, chegar ao conceito de "fartura" (Charingo) através da imagem dum churro, dar exemplos da enorme diferença entre saudade e melancolia, aflorar "Os Lusíadas" e esclarecer quem é o monstro do miradouro, esclarecer que, normalmente, não dançamos tango, sevilhanas nem capoeira e desmistificar a ideia de que todo o fado é triste, a principal conclusão de quatro italianos de Torino é: portuguese are weird.

Ao que eu acrescento: portuguese are weird, but they weird it better!

grogue

Ver concertos e bailar, trocar rimas e juras de amor por entre copos de licor, dar carinhos e mimos sempre que for preciso, contar anedotas parvas e inventar trocadilhos ainda mais parvos, criar telepatias tolas e rir sem motivo, procurar pelas ruas indianos com rosas e picatchus amarelos, falar de música, ouvir ainda mais música, pousar a cabeça no ombro e confessar os melhores e os piores momentos do dia, dar abraços apertados, inventar nomes disparatados para gatos, andar pela noite de mão dada, gostar de Lisboa e amar a Beira, sorrir e cantarolar com um copo de vinho à frente, partilhar histórias do que foi e do que virá, gostar sempre e sempre mais, ter saudades quando se está longe, "foder amor" num suspiro bom e quente, usar todas as palavras possíveis para entrar na pele do outro, embalar os corpos, sossegar, abraçar, partilhar e amar, transportar na voz um sorriso e no peito um calor bom. Estar grogue.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

"faz-me um post..."

É com este pedido bizarro que começo a manhã. Ainda tenho a ramela ao canto do olho - que bom é estar de férias! - e eis que me pedem isto... "Faz-me um post..." Um post? Eu cá não faço essas porcarias, ora essa!!!
Bom, mas a verdade é que o rapazinho lá tem as suas manhas e conseguiu de mim o que queria. De qualquer maneira, ele merece. Ou espero que mereça, pois tanta noite perdida a ensaiar tem de valer para alguma coisa...

Ora cá vai:

A peça chama-se "Godot Nos Infernos" - Hum, afinal parece que o Belzebu também estava à espera do Godot, ehehe - e vai estar em cena no Instituto Franco-Português. Estreia dia 11 e, se quiserem saber mais pormenores, cliquem aqui. E quando forem ver a peça, façam um post ao MPR, que ele gosta...

GODOT NOS INFERNOS
Instituto Franco-Portugais
11 de Janeiro a 10 de Fevereiro
Sextas e Sábados 21h30 (dia 18 de Janeiro não há espectáculo)
Domingos 17h00 ( apenas dias 20 de Janeiro e 10 de Fevereiro)

Preço: 6,50 euros

(Desconto de Pin Cultura, Maiores de 65 anos, estudantes, profissionais do teatro e grupos +10: 5,50euros)

Informações e reservas:966419650 \ hipocritas@gmail.com

Texto, Adaptação e Encenação: Alexandre Borges

Baseado em:
"Huis Clos" de Jean-Paul Sartre e "À Espera de Godot" de Samuel Beckett
Elenco:
Ana Chambel l Filipa Pais de Sousa l Manuel Barbosa l Miguel Pires Ramos l Selma Totta l Sara Totta l Sheila Totta l Sofia Ribeiro l Ricardo Lérias

Cenografia:
Filipa Ribeiro da Silva Figurinos: Maria Azevedo e Nuno Nogueira Caracterização: Sílvia Soares Música/ Sonoplastia: Tiago Martins (participação especial) Vídeo: Henrique Soares Fotografia de Cena: Sofia Maul Direcção Técnica: Bruno Gaspar Operação de Luz: Filipe Sim-Sim Imprensa: Sílvia Soares Design: Vivóeusébio Colectivo de Design Direcção de Produção: Filipa Pais de Sousa Produção: Hipócritas Instituto Franco-Português Avenida Luís Bívar, 91 / 1050-143 LisboaTel: (+351) 21 311 14 00Fax: (+351) 21 311 14 68

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

pensamento completamente desnecessário

Tentar arrumar uma dúzia de rolos de papel higiénico num apartamento de 45 m2 sem despensa nem roupeiro causa-me algum stress e desgaste emocional.
Nota mental: da próxima vez que for às compras comprar um pack de seis.

mudar de bina*

A propósito doutra notícia, esta já de ontem, cá vai o link para um projecto bastante curioso e, na minha opinião completamente parcial, absolutamente necessário. Pena que os primeiros dias do ano tenham trazido chuva, o que dificulta um pouco o "passeio", mas nada que um impermeável não resolva.

100 dias de bicicleta em Lisboa

A ideia é de Paulo Guerra Santos, engenheiro civil e projectista de vias de comunicação. Objectivo? Pedalar pela cidade durante os próximo 99 dias, a propósito da tese de mestrado "Plano Integrado de Mobilidade para Ciclistas na cidade de Lisboa". Resta-me desejar "Boas pedaladas" e que a força (nas pernas) esteja contigo!!


*Nome do álbum de de Norberto Lobo referido ali mais abaixo.

ser "poortuguesa" é tramado...

Ora vamos por partes...
Chego eu a casa mesmo a tempo de ver as notícias das oito, convicta de que este segundo dia do ano me vai trazer notícias que compensem os centros de saúde a fechar e o aumento do preço dos transportes, e... pimba! Sou informada que os presidentes das empresas portuguesas podem ganhar até 30 vezes mais que os seus trabalhadores. Mais: que os salários dos gestores portugueses estão na média dos restantes países da União Europeia, mas que os ordenados médios dos restantes trabalhadores estão... digamos... abaixo do salário mínimo de muitos países. Pelo que me recordo da notícia, os portugueses que não são gestores (ou jogadores de futebol ou traficantes de droga ou prostitutas/os, já agora...) ganham uma média de 720 euros mensais. E eu que conheço tanta gente que nem isso recebe...
Posto isto, fui buscar a carta do banco que recebi logo a seguir ao Natal e que reza assim:
"Ex.mª Srª (...)
Aproveitamos para informar que nesta data foi alterada a taxa de juro nominal a cargo de V. Exª para 5,5800%, correspondente a uma taxa efectiva anual de 5,7249%. (...) Face ao exposto anteriormente, a prestação calculada para o contrato de V. Exª será, a partir desta data, de 401,51 euros."

Desta forma, com V. licença, aqui a V. Exª vai ali cometer um pequeno "suicídio em massa" com o felino com quem compartilha o espaço, o que equivale a cometer "harakiri" com um pacote de esparguete... Mas esparguete do Minipreço, que é mais barato!

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

trintona não, trintinha...

Esta música sou eu.

"Laura"

Assim.
Com guitarra dedilhada.
Com sinos de igreja ao fundo.
Com galos a cantar.
Com um sorriso a cada acorde.
Esta sou eu.

Obrigada a todas as pessoas que, apesar das circunstâncias alcoolicamente adversas, se lembraram de me dar os parabéns pela entrada nos 30. E um abraço especial a quem me ofereceu o álbum "Mudar de bina" de Norberto Lobo. Será com esse disco que, assim que a chuva passar, darei as primeiras pedaladas de 2008. Na minha bina, pois claro...