terça-feira, 30 de junho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

calçada do combro

vi o teu nome
ontem num cartaz já rasgado
apenas um bocado de papel
velho e desactualizado.
enquanto subia
a calçada do combro
faltaste-me
recordei o calor
do teu ombro.
o teu nome,
numa parede
num cartaz rasgado.
suspirei fundo
e não quis seguir em frente.

inventar amigos é bom!

"- Tu és a Laura? E tu és a Paula?"
Foi nestes moldes que a rapariga se dirigiu a nós no meio de um concerto de Tiguana Bibles na ZDB. De repente, uma "cara" conhecida de há já alguns anos tornou-se real e concreta: depois de alguns planos de viagem a Évora adiados, finalmente conheci a Su! Aliás, conhecemos, eu e a Passarola... :)
E isto remete-me ao concerto dos Melech Mechaya no Santiago Alquimista em que uma meia-leca veio ter comigo aos saltinhos: "-Tu é que és a Laura?"
E penso no que diz o senhor Alberto Gonçalves (sociólogo) na sua crónica da última edição da revista Sábado - um senhor que às vezes tem piada, mas a quem na maior parte das vezes apetece partir os dedos com um martelo (os entendidos perceberão a referência).
Escreve o senhor:
"...de tanto nos aproximarem do mundo, as tecnologias ditas de informação deixam-nos progressivamente sozinhos. (...) Os que tagarelam no Messenger, os que inventam amigos no Facebook e os que combatem a teocracia iraniana no Twitter também sabem o que quero dizer. Ou não tardarão a descobrir."
Não sei a que "progressiva solidão" se está o senhor a referir. A solidão que sinto advém da vida moderna na cidade, das condicionantes pessoais e laborais, de muitos factores que escapam ao nosso controlo e dependem, normalmente, de terceiros. Posso dizer que o Blogger e o Facebook foram excelentes veículos para criar laços de amizade sólidos e duradouros, que dificilmente teriam acontecido "lá fora".
Agora, se a tecnologia dá um empurrão, também é certo que tudo o resto se deve passar lá fora. A bem da nossa saúde. Digam lá se não é bom descobrir pessoas com posts e status e twitts em comum e poder falar desses mesmos posts e status e twitts num jantar, num concerto, numa caminhada, numa ida ao cinema, numa mini ao final do dia...

terça-feira, 23 de junho de 2009

esquece os ventos, ouve apenas o silêncio da casa


contra todos os ventos


birthday

Faz amanhã quatro anos que assinei a escritura do meu t1 debaixo da ponte. Gostava de celebrar com uma valente descida da prestação...

somewhere over the rainbow



there's no place like home.

sábado, 20 de junho de 2009

crossing fingers

quinta-feira, 18 de junho de 2009

missing something


cêr ou não cêr

ele andava
na vida precário
até que encontrou
emprego num restaurante.
pôs uma gravata
e tornou-se preçário.

velha é a tua avó!

Há tempos, quando me inscrevi no curso de Cinema de Animação da ATLA, partilhei com várias pessoas o meu entusiasmo. Obviamente, a ideia não seria mudar de profissão - tão pouco um workshop deste género o permitiria - até porque esta área é ainda mais precária que a comunicação/jornalismo.
Agora, que tem muita pinta, lá isso tem! E ao longo dos últimos anos, quem me conhece sabe que volta e meia gosto de descobrir novas linguagens, de me atirar em experiências meio autodidactas, de conhecer outras formas de comunicação. Mesmo que depois não avance com projectos grandiosos, pelo menos mantenho o gosto pela descoberta e, pelo meio, vou adquirindo mil competências diferentes.
Fiquei por isso triste quando alguém que conheço me atirou com um "mas vais-te meter nisso para quê? Não achas que estás um bocado velha para andar a experimentar coisas em vez de te focares num objectivo de vida?"
Ora... cum catano! Depois deste atestado de velhice pus-me a pensar: qual é o meu objectivo de vida? Deveria eu ir, como sugerido, meter-me numa pós-graduação/doutoramento, whatever, numa área profissional que me tem dado muito, mas que me tem pago sempre tão mal? Não percebi qual deveria ser o meu objectivo de vida.
Eu tenho muitas ideias, mas objectivos... Hum... Ser feliz conta como objectivo? É que isso já eu sou. Ok, ando sempre a contar os tostões, moro debaixo da ponte, não tenho namorado, sinto-me gorda e todos os dias sou violentamente acordada por dois gatos rezingões e esfomeados. Pode ser-se feliz assim, não pode?

Enquanto pensam na resposta, eis alguns desenvolvimentos...



Na passada terça-feira começámos a filmar alguns planos da animação de volumes que estamos a preparar no curso. Não é bem um trabalho de final de curso, será mais um exercício de aprendizagem que mistura caracóis de plasticina e sardinhas de tecido.



Este é o plano 11 da nossa "curta" e consiste numas quantas sombras de caracol a subir uma rampa. O resultado final, no computador, é tãããããooooooo lindoooooooo!!!!!



(E, ao que parece, eu até tenho um certo jeitinho para animar a bonecada, por isso... velha é a tua avó!)

terça-feira, 16 de junho de 2009

lengalenga

vazia
vazia
acordei eu
um dia
oca
oca
ninguém
me beija
na boca.

obecidade

sinto-me obesa de dor
indiferente a capitulares e pontuações
quando muito uma pausa irreflectida
num adelgaçar do espírito
que pesa.

falta

e num pequeno
tão breve momento
se perde
todo o alento.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

inadaptidade

tens seguro de saúde
plano poupança reforma
contas a prazo, acções
amealhas uns tostões?
e objectivos concretos
tens o esquema traçado
as ideias bem focadas?
olha que isto é tramado
o tempo está aqui
está passado.
com essa idade não se anda
a experimentar a vida.
não tenho seguro de saúde
nem plano poupança reforma
a conta a prazo, vazia
e as acções dão-me azia
os tostões caem-me dos bolsos.
o esquema muda todos os dias
as ideias, todas as noites
o tempo, sim, vai passando.
teimam em fazer-me velha
e eu, com esta idade
ainda ando a experimentar a vida.
que atrevimento o meu!

sábado, 13 de junho de 2009

mono

perguntaram-me ontem por ti.
e eu nada sei.
hoje saí da cama, liguei a tv
e verti lágrimas
a ver a "anatomia de grey".

quarta-feira, 10 de junho de 2009

a tentar não pensar nisso

«o conflito aqui envolve
carreira versus
necessidade de divertimento.»
diz-me o horóscopo
matinal
que em vez de trabalhar
devo antes
ir para os copos.
«perceba a importância de relaxar
permitindo-se atos de diversão.»
fico feliz em saber
que a astrologia
aderiu ao acordo ortográfico.
já eu
nunca fui crente.
é um facto.

terça-feira, 9 de junho de 2009

tensão baixa

pensava que íamos
comer uma redonda e açúcarada
bola de berlim.
não sabia que tinhas lanchado
sem mim.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

de santos ao calvário

desço a rua das verdes janelas
com o periquita
a fechar-me os olhos
um sinal, dois
verdes, vermelhos
raios tantas cores
o eléctrico pára
de propósito para mim.
procuro a chave de casa
no fundo da vida.
trago uma cassete
debaixo do braço e
bate-me uma meia dúzia
de pensamentos.
és aquele
em que mais confio
mas roma ao contrário
é como pavio
não se fez
num dio.
perdoa-me a liberdade estética
é tramada
esta pobre poética.
e nada mais interessa
porque a gente
é linda.

tiranias do destino

resolveram matar-se
à porta de uma pastelaria.
foram manchete dos jornais
no dia seguinte:
"cometeram suicídio em massa folhada".

caixa de texto

cheira-me que hoje
morri um bocadinho.
ponham-me mais terra em cima
para não se sentir
o odor
da saudade.

guardar como

estúpidos dias
estes
cheios de pontos
e vírgulas.
os caracteres contam-se
sempre
com espaços.
o que seria
do carácter
da paixão
sem o word?
uns míseros
seis caracteres.

rasurado

não consigo escrever uma linha
tenho os olhos cheios
de wingdings

novo documento

olho para a folha branca
presa no monitor
e apetece-me amarrotar
tudo o que escrevi.
a tecnologia
não me deixa rasgar
riscar, amarfanhar
maldita sejas
arial 12
com espaçamento a 1,5.

domingo, 7 de junho de 2009

caroços

lavo as cerejas vermelhas
na taça azul que por pouco
não me cai da mão.
vermelhas, vermelhas
como os beijos
que um dia
não me deste.
caíste-me da mão.

(quilo)métrica

perdi um quilo
ou dois
não me lembro se foi
antes de sair de casa
ou se foi depois.
perdi um quilo
ou dois
não os encontro
em lado nenhum
ai esta minha cabeça!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

e, já agora, com viatura própria...

Recebi isto hoje por mail e o facto de colocar este texto aqui é, digamos, uma chamada de atenção. Há por aí muita empresa a viajar completamente na maionese. Sou completamente a favor dos estágios, e acho que estes nem sempre devem ser remunerados. Mas não sou a favor de explorações como esta que, afinal de contas, só contribui para estragar o mercado de trabalho aos profissionais e mesmo aos futuros profissionais. Uma sugestão: na resposta a anúncios, é começar a usar a poderosa arma que é a ironia, como muito bem fez a pessoa que escreveu a carta trascrita mais abaixo....


No site de emprego Carga de Trabalhos está o seguinte anúncio de uma empresa que está a aceitar candidaturas para estágio na área de Design:

Requisitos Académicos: Finalista ou recém-licenciada(o) em Design

Competências pessoais :
· Poder de comunicação;
· Iniciativa;
· Auto-motivação;
· Orientação para resultados;
· Capacidade de planeamento e organização;
· Criatividade.

Competências técnicas : Conhecimentos nos seguintes programas/linguagens :

® Adobe Photoshop,
® InDesign,
® Illustrator (FreeHand e Corel Draw) Flash,
® Dreamweaver,
® Premiere,
® AfterEffects,
® SoundBooth,
® SoundForge,
® AutoCad,
® 3D StudioMax
® HTML (basic),
® ActionScript 2.0 (basic),
® CSS,
® XML.

Remuneração: Estágio Remunerado
Duração: 6 meses, com possibilidade de integração na equipa

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Portanto, e resumindo, esta empresa quer um recém licenciado que saiba de origem 13 softwares e 4 linguagens de programação. Isto é o país em que vivemos. Não me ficando atrás perante este anúncio, decidi responder no mesmo estilo. Eis o que lhes respondi:


Boa noite,

Estou a entrar em contacto para responder ao anúncio colocado no site Carga de Trabalhos para a posição de estagiário em Design.

Chamo-me YYYYYY, tenho ZZ anos e sou um recém licenciado em Design de Equipamento (Fac. Belas Artes de Lisboa).

Sou extremamente comunicativo, transbordo iniciativa e auto-motivação, estou constantemente orientado para os objectivos como uma bússola para o Norte (magnético), sou mais planeado e organizado que o Secretário de Estado de Planeamento e Organização e sou um diamante da criatividade como já devem ter percebido e como vão poder comprovar nas próximas linhas.

Quanto aos conhecimentos técnicos:
Sou um mestre em Adobe Photoshop.
Conheço o InDesign por dentro e por fora.
O Illustrator, Freehand, Corel e o Flash são os meus brinquedos do dia a dia, faço o que quiser com eles.
Nem me ponham a falar do Dreamweaver, até de olhos fechados...
Premiere... Até sonho com ele!
AfterEffects tem um lugar especial no meu coração.
Faço umas coisas bem maradas com o SoundBooth e o SoundForge.
Com o Autocad e o 3d Studio Max até vos faço duvidar dos vossos próprios olhos.
Html, Action Script 2.0, CSS e XML são as linguagens do meu dia-a-dia.
Mas sejamos francos, qualquer estudante de 1º ano sabe de cor e salteado qualquer um destes 13 softwares e 4 linguagens de programação...
Eu sou um recém finalista. E como tal tenho muito mais para oferecer:
Tenho conhecimentos de Cinema 4D, Maya, Blender, Sketch Up e Paint ao nível de guru.

Tenho conhecimentos mega-avançados de C+, C, C++, C+ ou -, Java, JavaScript, Ruby on Rails, Ruby on Skates, MySQL, YourSQL, Everyone'sSQL, Action Script 3.0, Drama Script 3.0, Comedy Strip 3.0 e Strip Tease 2.5, Vanish Oxi Action, Oracle, Sonasol, XHTML, Ajax, Batman e VisualBasic.

Conheço o Office todo de trás pra frente assim como o Microsoft WC.

Domino o Flex ao nível do Bill Gates e mexo no Final Cut Pro melhor que o Steven Spielberg.

Tenho ainda conhecimentos de grande amplitude em 4 softwares que estão a ser desenvolvidos por grandes marcas e também de 3 outros softwares que ainda não foram inventados.

Falo 17 línguas, 5 das quais já estão mortas e 6 dialectos de povos indígenas por descobrir.

Com estes conhecimentos todos estou super interessado num estágio porque acho que ainda tenho muito para aprender e experiência para ganhar. Espero que ao fim de 6 meses tenha estofo suficiente para poder fazer parte da vossa equipa e quem sabe, liderá-la.

Fico ansiosamente à espera de uma resposta vossa.

Embora tenha uma oportunidade de emprego na NASA e outra no CERN , espero mesmo poder fazer parte da vossa equipa.

Cumprimentos,
YYYYYY

quinta-feira, 4 de junho de 2009

azuleja-me


quarta-feira, 3 de junho de 2009

"eu tirei o cartão jovem... há vinte anos..."


Imagem de "Canção de Amor e Saúde"

No momento em que me preparo para ouvir o novo álbum de Norberto Lobo - "Pata Lenta", sucessor de "Mudar de Bina" - lembro-me de "Colagénio", tema cantado pelo músico no filme "Canção de Amor e Saúde", do realizador João Nicolau.

Descobri esta pérola no passado fim-de-semana, ao ouvir a Inês Menezes a conversar com Rui Pedro Tendinha na Radar (rubrica Fala Com Ela) sobre as participações portuguesas na Quinzena dos Realizadores em Cannes.

Que dizer? Absolutamente delicioso!

Nota: "Colagénio" não faz parte de "Pata Lenta".

oje á caracóis

Na semana passada, por razões profissionais, vi-me obrigada a faltar ao curso de Cinema de Animação que estou a fazer na ATLA - Associação de Tempos Livres de Alfama. Uma chatice, pois nessa aula fervilharam as ideias para o nosso "grande" trabalho em animação stop-motion. A Paulita teve a gentileza de me pôr a par das ideias destrambelhadas que surgiram na aula, bem como do guião que ficou definido - e ainda aberto a sugestões.
Ontem foi noite de curso. E após uma animada discussão que teve como resultado cortar algumas cenas - os passos já eram maiores que as pernas - começámos a trabalhar a sério na definição das personagens e construção do storyboard. "O Caracol e a Sardinha" promete... :)





A seguir ao curso estava com tanta fome que fui jantar sardinhas assadas. :))))