quinta-feira, 29 de maio de 2008

i miss digging up worms

Às vezes, sem razão aparente, há músicas que me fazem chorar.

"Time To Pretend", MGMT (The Management)
I'm feeling rough, I'm feeling raw, I'm in the prime of my life.
Let's make some music, make some money, find some models for wives.
I'll move to Paris, shoot some heroin, and fuck with the stars.
You man the island and the cocaine and the elegant cars.

This is our decision, to live fast and die young.
We've got the vision, now let's have some fun.
Yeah, it's overwhelming, but what else can we do.
Get jobs in offices, and wake up for the morning commute.

Forget about our mothers and our friends
We're fated to pretend
To pretend
We're fated to pretend
To pretend

I'll miss the playgrounds and the animals and digging up worms
I'll miss the comfort of my mother and the weight of the world
I'll miss my sister, miss my father, miss my dog and my home
Yeah, I'll miss the boredem and the freedom and the time spent alone.

There's really nothing, nothing we can do
Love must be forgotten, life can always start up anew.
The models will have children, we'll get a divorce
We'll find some more models, everyting must run it's course.

We'll choke on our vomit and that will be the end
We were fated to pretend
To pretend
We're fated to pretend
To pretend

Yeah, yeah, yeah

pássaro ferido



Cuida de mim
Eu cuidarei de ti.
Os pássaros feridos
Precisam de voar.
Basta tempo
E o impulso do sonho.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

1980



Acender um cigarro. Fechar os olhos. Estás aqui, a segredar-me ao ouvido.
És o meu riff de guitarra.

...da-se!

Não, não é um ataque aéreo, mas é a isso que me soa. Farta de rogar pragas à banda que está neste momento a produzir barulho nas traseiras de minha casa, descubro via Juramento Sem Bandeira que os gajos são japoneses e se chamam Boris. Cum catano! Vão amplificar assim para o Boris que vos pariu!

terça-feira, 27 de maio de 2008

riscos






Nota mental para mim própria: rever significado do verbo "concretizar".

carcódia



Não me resta mais que umas quantas aparas de carcódia na mão, fuligem escura que me suja e marca as rugas da pele. Vi hoje uma mulher com unhas grotescas de animal e não consegui desviar os olhos, de tanto nojo que a visão me provocava. Acontece-me às vezes ficar parada a olhar para as coisas como se fosse a primeira vez, como se fosse atrasada mental e tivesse ensejo de tocar em tudo enquanto dou pulinhos e me rio muito, muito... Inocente e trágica. Espanto-me de cada vez que penso um bocadinho mais: de onde vem tudo isto? Apenas carcódia, com a qual se poderia fazer barcos e carros e bonecos e casas... Mas na carcódia seca ninguém pega senão para lançar às fogueiras, com estalidos e fagulhas da resina que a ela se agarrou. Podia ter sido um barco. Escavado a canivete, com um palito e um papel a fazer de vela, a escorregar ribeira abaixo, na direcção que me quisessem dar. Mas as crianças de hoje já não sabem fazer barcos de carcódia. Suspiro, caída no chão, num estalido, crepitar momentâneo de cores e cheiros de pinhal.

ouvido de passagem na rádio

"As famílias portuguesas estão cada vez mais endividadas. (...) as dívidas ultrapassam em 29 por cento os rendimentos das famílias."

Ainda bem que há tempos me roubaram o x-acto que tinha no copo das canetas.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

covinha



A vitrina da loja de antiguidades brilha ao longe e sem hora marcada perco-me nos pendentes e nos reflexos das molduras. Desaprendi a vida parada num passeio, a olhar para um espelho, cercada de dourados e com as casas em ruínas lá longe, reflectidas, apagadas. Apetece-me, às vezes, ficar só ali, como numa daquelas casas dos contos de fadas, presa numa lengalenga e num jogo do lenço qualquer. Seria bom acreditar mais. Às vezes olho para as paredes com tanta força que os olhos me doem. Às vezes fecho a porta de casa e volto atrás, para ter a certeza que a fechei. Às vezes deixo as luzes acesas porque acordo e tenho medo de não me ver. Às vezes são muitas vezes. Demasiadas. E eu aqui parada, a levar com gotas quentes de chuva na cara. Às vezes a chuva sabe bem. Avanço, em silêncio. De mãos nas algibeiras e uma dor nos olhos.

último dia de trabalho da minha colega de redacção

Ela: Vais para casa agora?
Eu: Vou... Quer dizer, acho que sim. Porquê?
Ela: Vamos beber imperiais?
Eu :)))))))))))

homenagem a uma garrafa de vinho

Quanto mais bebo, mais gosto de ti.

És um "upgrape" na minha vida...

domingo, 25 de maio de 2008

domingo


Não sei se o conceito de "ser humano" se pode aplicar a mim antes de beber café. Levanto-me tarde, arrasto-me até à casa-de-banho enquanto me debato com um súbito ataque de tensão baixa. Perco o equilíbrio mas lá me vou amparando no lavatório e, com cuidado, meto-me na banheira. Mal tenho forças para segurar no chuveiro. A cabeça dói-me que se farta. Ontem não bebi café e já estou a ressacar. Cafeína, preciso de cafeína!! Saio da banheira, certa de que se não beber um café nos próximos minutos caio para o lado. Não consigo chegar ao quarto. Caio no sofá e deixo-me ficar ali a definhar... Uma hora depois consigo mentalizar-me: Coragem, tu consegues!, digo para mim própria. Enfio uma t-shirt, umas calças e uns ténis, penteio o cabelo com os dedos e atrevo-me a sair de casa. A cambalear, percorro os poucos metros que me separam do "Galão". Como ainda estou de barriga vazia, peço uma empada, para acompanhar o café. A empada vem logo. O café demora uns segundos, mas o meu coração começa a palpitar assim que vejo a chávena na máquina e o suave líquido a cair... Hummmm.... Cafééééééé... Fecho os olhos e quase que salivo com o prazer da antecipação. Finalmente, a chávena é colocada à minha frente e preparo-me para um ritual cerimonioso: abro o pacote de açúcar e, devagar, os pequenos grãos caem na espuma dourada, afundando-se lentamente no líquido negro. Faço movimentos lentos e circulares com a colher, deliciando-me com o doce roçar do metal em redor da chávena. Finalmente, levo o café à boca e sorvo, muito devagar. O líquido inunda-me a boca, doce e quente. Não consigo imaginar melhor sensação... A injecção de cafeína vai-me directamente para o cérebro e, de repente, vejo tudo mais nítido. E até consigo esboçar um sorriso ao rapaz da caixa... Sim, confesso, sou cafeínodependente. Por favor, não digam aos meus pais...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

pertença

Há um cheiro conhecido
Entranhado na almofada em que repouso.
Fuga, entrega, este e aquele e o outro sentido.
Há um cheiro. Na almofada. Sorrio.
Devagar, embalam-me abraços
que saborear à chuva ouso.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

caldo



Faço caldo de mim
Em água quente carne repousada
A janela aberta numa noite que entra
Água, só água, mais nada.
Cabeça em mergulho, respir...ação
A pele longitudinal
De depressões húmidas, escorrega em sabão
Num caldo quente que desfaz
O encardido corrosivo dos dias
E dissolve os nós dolorosos.
Este corpo quer paz.

repensar a vocação

Talvez seja hora de ir semear batatas...

domingo, 18 de maio de 2008

borba

Caminhamos e
sem pensar
procuras a minha mão.
Sorrio.
Um destes dias vamos à lua.
Está prometido.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

renhonhices



Aqui há gato sapato
Há uns bigodes conhecidos
Saio daqui ou empato
Enquanto estão entretidos?
Que boa esta almofada
Que quentinho é este canto
Vou aí não tarda nada
Mas vou dormir entretanto.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

meia-noite...

- Posso dizer o resto?
O sorriso de criança a quem, pela primeira vez, deixam ser um bocadinho grande. Nas tuas mãos, esse sorriso. O taxista à espera das indicações. Encosto-me a ti e sopro-te ao ouvido...
- Podes.
Com um ar já sério, de petiz com a missão mais importante do mundo para cumprir, ergues-te um pouco na direcção do condutor, de voz segura:
- Pode parar debaixo da ponte, por favor.
Olhas-me no escuro e sinto-te alegre, completo.
Saímos para a rua, certos de estar num lugar conhecido. De muitos anos, de outras vidas. Desde sempre. Como se tivéssemos apenas dito "até já..."

terça-feira, 13 de maio de 2008

moreno de olhos verdes

Hoje acordei abraçada ao meu gato. Não sei muito bem porquê, mas isso perturba-me...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

snif...

Meu Deus, meu Deus, porque me deste beleza em vez de jeitinho para a análise estatística?...

sábado, 10 de maio de 2008

bem de primeira necessidade

Não acho nada bem que as embalagens de 1 litro de gelado tenham IVA de 21 por cento, uma vez que algumas das minhas refeições são, essencialmente, à base deste importante alimento.

terça-feira, 6 de maio de 2008

anel



Perdeu todo o azul e tornou-se menos bonito. Mas o que ele representa está cá.

estame



na distância do adormecer
saudade é tudo no azul
creio reconhecer tua voz
mas perde-se no vento.
rente à estrada, um gato preto
ligeiro e desconfiado.
a roupa cola-se ao corpo
com o calor de mais um dia.
lá em baixo passam putos anónimos.
fumo à janela, escondida
do vizinho ao lado.
recolho-me e escurece.
escrevo uma carta
pelo fresco da madrugada
mas talvez nunca chegue ao destino.
perdeu-se no vento
como um dente de leão
depois de um susto doce sopro.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

tesourada

A parte que me dá mais gozo de cada vez que vou cortar o cabelo é ver, através do espelho, a/o cabeleireira/a a arregalar os olhos de espanto quando eu peço para cortar o mais curto possível. A parte que me dá menos gozo é descobrir que, com o cabelo curto, se notam mais os cabelos brancos...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

hic!

Devia ser proibido trabalhar depois de um feriado em que não se fez absolutamente nada. De qualquer forma, já boicotei a tarde de trabalho com mais de meia garrafa de vinho ao almoço... Que se lixe! In vino veritas...