terça-feira, 30 de dezembro de 2008

banda sonora para as últimas horas dos meus 30 anos



Não quero esquecer 2008. Todos os anos são páginas de mim, uns amarrotados, uns com os cantos dobrados, outros repletos de apontamentos nas margens, outros ainda com parágrafos inteiros sublinhados, para mais tarde a eles voltar e recordar sorrisos e dores. Não vou esquecer 2008. Porque foi um ano de redenção. De mudança. De conhecimento. De actos de coragem. De resistência. De persistência. De quedas brutais e levantares maiores. De felicidade extrema e de lágrimas iradas. De amigos memoráveis e de rancores mal resolvidos. De projectos concretizados. De equilíbrio. De encontros inesperados. De perdas irrecuperáveis. De amor profundo. De amizades sólidas. De um punhado de dias de cada vez.



Diga-se o que se disser, 2008 teve tudo, excepto páginas em branco. Foda-se! Que venha 2009 que eu dou conta dele!

domingo, 28 de dezembro de 2008

balanço do último ano


[alcântara, 28.12.2008]

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

à espera dos 31


[foto de alexandra gil]

|| Calmaria ||

O vento passa por entre os pinheiros
Num sopro suave, dança, ao entardecer
Púrpuras, as nuvens, são como veleiros
Navegam em mar de céu de vista a perder.
Sossega, criança, a noite desprende devagar
Há caruma aos pés, musgo fofo de almofada
Bolotas e cogumelos, frágeis teias d’encantar.
Faz um barco de corcódea, partes com a alvorada.
Acolá, uma rã mergulha nas águas quietas
Cobertas de ervas e limos. E mais duas que saltam!
Mil cores reflectidas: libélulas de asas abertas
São as princesas que nesta história faltam.
Com folhas de castanheiro faço uma coroa bela
Sou a rainha orgulhosa deste pedaço de terra
Tenho um exército de bugalhos e uma espada amarela
Corro atrás dum gafanhoto e declaro-lhe guerra.
Toca uma orquestra inventada pelas ladeiras
Os muros passados a salto, em ritmos ermos
São entraves breves – há mil e uma maneiras
De viver outras vidas: basta querermos.

(25.12.2007)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

diz que sim, que está aí a chegar...



(A figura ridícula a que está sujeito o meu "primogato" neste postal é bem merecida, pelas noites mal dormidas que já me fez passar.)

sábado, 20 de dezembro de 2008

power to the people!

A propósito da i-battle que ontem decorreu no Music Box - e que, devo dizer, para além de bastante bem organizada, teve um power do caraças! - aqui deixo um texto de minha autoria publicado na edição do jornal Mundo Universitário de 10.11.2008, com a opinião de alguns mui ilustres rapazes, conhecedores da cena musical.




IPOD BATTLES

Hang the DJ?!

Na década de 80, os The Smiths apelavam, numa deliciosa melodia, a que se pusesse fogo à discoteca e se enforcasse o DJ. «Because the music that they constantly play / It says nothing to me about my life», justificava a letra. Certo é que, se por essa altura o vídeo matou a ‘radiostar’, as iPod battles, um novo fenómeno que começa agora a invadir as pistas de dança, transformam qualquer Zé Ninguém no rei da festa. Basta um leitor de mp3, muitos gigas de música e alguma criatividade. Depois, o público é quem mais ordena.

Por Laura Alves

Finalmente, um desafio à altura do pessoal que, nos autocarros, comboios e afins, gosta de ir a curtir o seu som. Se a ideia é partilhar com os demais passageiros a ‘play list’ do telemóvel ou leitor de mp3, porque não fazê-lo num local apropriado, em contexto de verdadeiro duelo musical? As iPod battles são isso mesmo: uma forma de combate entre aspirantes a DJ, onde as reacções do público determinam o vencedor.
O conceito surgiu num clube nocturno de Paris, há cerca de dois anos, como estratégia de animação da clientela. Entretanto, o fenómeno espalhou-se por (quase) todo o mundo. A ideia base das iPod battles é simples: averiguar quem tem melhor critério de selecção musical, utilizando as faixas contidas no leitor de mp3 pessoal. Liga-se o equipamento ao sistema de som da discoteca e… ganha a equipa que conseguir levar a multidão à loucura!

Com direito a ringue e tudo
Mas a coisa tem alguns pormenores ainda mais requintados. Para já, a acção tem lugar num ringue. Lá em cima as equipas competem alternadamente, com cinco faixas cada uma, respondendo aos adversários. Depois de cada ‘round’, os apupos, assobios e aplausos são analisados pelo ‘árbitro’ com um aparelho medidor de decibéis.
Logicamente, ganha quem retirar mais entusiasmo da multidão. Tal pode ser conseguido com os êxitos do momento, mas também com os temas mais foleiros que se possa imaginar. Normalmente, são estes últimos que causam maior furor.
Por cá, as iPod battles ainda não deram um ar da sua graça. Mas não deve demorar muito.

«Hey, Mr. DJ…»
Hoje em dia, tirando alguns resistentes, não há praticamente gato-pingado que não tenha um leitor de mp3. Daí que, com a globalização das iPod battles, o sonho de ser DJ e levar o pessoal da pista ao rubro esteja, cada vez mais, ao alcance de cada um. Mas será que esta ‘democratização’
musical irá ditar a morte do DJ? Certamente que não. Contudo, fomos ouvir alguns especialistas na matéria, para saber se se sentem ameaçados.
Para Pedro Miguel, identidade real do leiriense DJ Schmeichael, é normal que o fenómeno tenha uma aceitação crescente a nível mundial. «As pessoas gostam de se sentir como parte de algo», explica. Refere, porém, que «o princípio não é novo». «Talvez não a esta escala, mas, habitualmente, um DJ que passe pop rock, sucessos que costumam dar na rádio, recebe vários pedidos musicais por parte dos clientes ao longo da sessão. A não ser que seja um DJ famoso com o estatuto de quase ‘rock star’, cuja selecção musical ninguém ousa questionar.»
Opinião semelhante tem António Pires, jornalista e DJ de ‘world music’ sempre que se proporciona. «O conceito tem imensa piada!», começa por mencionar. «Mas não é completamente original: os ‘sound systems’ jamaicanos dos anos 50 e 60, em Kingston, competiam entre si para chamar mais gentes às suas festas e, assim, angariar mais dinheiro, o mesmo se passando com os trios eléctricos no Brasil. Para além de que a ideia tem igualmente óbvios pontos de contacto com as ‘batalhas’ de MC do hip-hop...» Apesar disso, confirma a originalidade do fenómeno, pelo facto de dar oportunidade a DJ amadores e dar uma utilização colectiva ao iPod. «Agrada-me a transposição do ‘do it yourself’ para o espaço das discotecas...»

O fim do DJ?
Da mesma forma, Pedro Ramos, integrante do ‘movimento’ AmorFúria e «alternador de discos», nas palavras do próprio, vê a ideia das iPod battles «com muito interesse». Na perspectiva do “Almirante” Ramos, são «um fenómeno que tem tendência a ficar e expandir-se e relembram-me muito a maneira como eu próprio comecei a alternar discos, a partilha do meu gosto pessoal com mais gente e em ‘directo’».
Desconhecedor de encontros semelhantes a nível nacional, Vítor Junqueira, elemento do colectivo ‘Bailarico Sofisticado’, considera «natural» o surgimento das iPod battles. «Os meios e contextos actuais só podem ajudar a que se produza este tipo de acontecimentos. Deixam de haver, até certo ponto, as principais limitações que obrigavam a que houvesse uma pessoa contratada, um especialista para passar discos.» Faz, desta forma, um paralelo com o passado: «Antes, só podia ser DJ quem investisse bastante em conhecimento na sua área. Hoje, a Internet é uma porta escancarada para a informação. Antes, só podia ser DJ quem investisse bastante na aquisição dos discos ou batesse à porta das editoras ou fosse jornalista ou radialista. Hoje, qualquer miúdo consegue obter colecções imensas de discos enquanto um diabo esfrega o olho.»
A democratização está aí, e mais vale juntarmo-nos a ela do que tentar combatê-la. «Hoje temos mais gente apta a dar música aos outros. Acrescente-se a isso uma componente de concurso, acrescente-se também a poupança em ‘cachets’ por parte do promotor e temos mais um par de razões óbvias para que estas batalhas surjam.» Vítor Junqueira vai ainda mais além. «Salvaguardadas as devidas diferenças, as batalhas de iPods estão para os antigos DJ como os wikipedias e youtubes e outros fenómenos da web 2.0 estão para as produções centralizadas de conteúdos...»

Não mata, mas mói
Não obstante, a figura do DJ profissional está ainda longe de desaparecer.
Pedro 'Almirante' Ramos salienta que as iPod battles podem ser vistas como a «emancipação dos DJ», já que estão ao alcance de qualquer um. «Claro que depois há a técnica de misturar e de alinhar um bom ‘set’, mas isso vem com o tempo e com a experiência.»
Já nas palavras de Vítor Junqueira, «talvez não mate, mas mói, ainda que simbolicamente». Diz o ‘bailariqueiro’: «Naturalmente que haverá sempre o lugar dos especialistas. Mas aquela franja que está imediatamente abaixo dos especialistas e que nunca foi capaz de assegurar uma posição de prestígio e de confiança vai, com toda a naturalidade, ser absorvida pela multidão, pelos miúdos que são livres de aparecer com os seus iPods e divertir os outros. Como se pretende, aliás.»
Também o DJ Schmeichael considera inabalável o estatuto do DJ. «Será certamente um sucesso em determinados nichos de mercado, mas não creio que se globalize a grande escala. O DJ ainda é visto como um divulgador que passa horas a pesquisar, à procura de novidades.» E, fazendo a ponte com a canção dos The Smiths, assegura que, quando saem à noite, as pessoas querem é divertir-se e não comandar as operações. «Penso que a música apocalíptica que apregoava aos sete ventos, ‘hang the dj’, ainda não é uma realidade.»
Por sua vez, António Pires, que trabalha há cerca de 20 anos em jornalismo musical, acredita que se assiste a uma importante mudança. «O Brian Eno dizia que para se ser um bom DJ basta ter bom gosto e uma boa colecção de discos e eu concordo completamente com ele. E pode fazer-se um paralelo entre este fenómeno e o que aconteceu com o punk – quando pessoas que não sabiam tocar nem cantar invadiram os palcos... Ainda bem!»



Onde é que posso entrar numa iPod battle?
Em Portugal ainda não se conhecem encontros deste género. Mas podes sempre dar um pulinho a um destes países:
- França
- Inglaterra
- Estados Unidos
- Japão
- Brasil
- Canadá

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

coisas que eu, sendo mulher, não percebo nas mulheres...

- Porque é que vão aos grupos/pares para a casa-de-banho.
- Porque é que demoram o triplo do tempo dos homens e fazem filas quilométricas à porta dos wc's.
- Porque é que, depois de passearem por 15 lojas, voltam à primeira para comprar uma t-shirt.
- Porque é que vestem roupa um número abaixo para parecer que estão magras quando o efeito é completamente o oposto.
- Porque é que usam saltos altos tipo agulha desconfortáveis, que provocam dores nas costas e ficam presos nas pedras da calçada.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

e eu que até gosto do david bowie...

Notícia da Lusa - 16/12/2008

Os donos de cães britânicos abandonam os seus animais por razões fúteis, como o serem parecidos com o cantor David Bowie ou não combinarem com o sofá de casa, foi hoje denunciado.
A principal associação britânica de defesa dos direitos dos cães, a "Dogs Trust (Guarda de Cães)", que recolhe animais abandonados, apontou as dez desculpas mais irresponsáveis dos proprietários insensíveis, entre elas a de os cães não combinarem com o sofá ou serem demasiado velhos, maus ou assemelharem-se, pela cor diferente dos olhos, ao cantor David Bowie.
Amedrontar o porquinho-da-índia, abrir todos os presentes de Natal ou engolir a comida que arrefecia sobre a mesa de trabalho são outros dos motivos alegados pelos donos dos cães para o abandono dos seus bichos, e considerados pela associação como "escandalosos".
"Ter um animal doméstico constitui um compromisso de longo prazo", lembrou a presidente da "Dogs Trust", Clarissa Baldwin, acrescentando que "os cães não são acessórios de moda ou objectos descartáveis, que se podem abandonar ou trocar por um modelo mais recente no início de cada mês".

E pronto, não consigo evitar comentar: tal como há pessoas que deviam ser proibidas de ter filhos, deveria haver uma lei que impedisse pessoas destas de ter animais ao seu cuidado. Como disse um dia um certo amigo: "Era arder isto tudo!!!"

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

aviso desde já que este vai ser o meu postal de natal...




É que no meio das "loladas" que mando de cada vez que vejo isto, não sei se gosto mais da "ondulança" do Axl Rose, da cabeleira do tipo dos Tokio Hotel ou do facto de o Bob Dylan ser, literalmente, carregado no final...

Ah, e salvem os ricos! Ajudem os milionários... ;))

domingo, 14 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

é por estas e por outras...

Notícia da Agência Lusa (10/12/08)

Um recém-nascido com “apenas algumas horas de vida” foi encontrado hoje à tarde vivo dentro de uma mala de viagem na localidade de A-da-Perra, Concelho de Mafra, por um popular que se apercebeu do choro do menino.
“Foi encontrado um recém-nascido vivo e não se sabe quem o deixou lá”, disse à agência Lusa fonte da GNR, que está a investigar o caso.
O recém-nascido foi encontrado junto a um hipermercado por um popular que aí passava e se apercebeu do choro de um bebé que vinha dentro de uma mala de viagem.
“Ligou para cá um senhor que ia na via pública e ouviu o bebé a chorar, reparou que o som saía de uma mala de viagem e chamou os bombeiros”, relatou à Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários de Mafra, João Pereira.
Segundo o responsável, o recém-nascido “ainda estava com o cordão umbilical e embrulhado num pano de cozinha”.
O bebé tem “apenas algumas horas de vida” e “apresentava sinais vitais adequados”, tendo sido transportado pelos bombeiros até à urgência pediátrica do Hospital Distrital de Torres Vedras, onde se encontra em observações.


Eu até comentava, mas acho que nem vale a pena...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

miu?

Ó raios te partam sacana do gato sai-me da frente para o que te havia de dar fazer mikado com o esparguete pelo chão da cozinha e olha-me para este saco de areia todo rasgado achas bem é para isto que ando a gastar dinheiro e estás a miar porquê se tens a taça cheia de comida deixa-me lá apanhar a roupa em paz mas onde é que vais com a mola na boca ah catano não arranhes o sofá larga-me as botas seu filho da mãe porque é que andas atrás de mim para todo o lado onde é que está a pinça que estava aqui em cima do lavatório foste tu que já a levaste para debaixo do sofá não foi mas porque é que tens de te deitar sempre em cima da minha toalha quando vou tomar banho e essas patas em cima da banheira achas bem eu que limpe não é e não me venhas com esse ronronar nem dar beijinhos que ainda agora cheguei a casa e já estou cansada das tuas traquinices raios te partam gato maltês que acabaste mesmo agora de adormecer enrolado aos meus pés...


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

para tábua...

Independentemente da opinião que tenho acerca da actual qualidade do humor do Gato Fedorento (há momentos, há momentos...), agradeço-lhes o facto de me ajudarem a explicar como chegar a Tábua, a terra onde nasci.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

às tantas...

...não sei lá muito bem quem sou.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

olha que bela maneira de animar uma pessoa...

Acabaram de me enviar o link para este artigo da revista The New Yorker, acerca das pessoas que decidem pôr termo à vida saltando da Golden Gate Bridge. Isto, para quem vive debaixo da Ponte 25 de Abril, é uma bela forma de entrar no fim-de-semana... Aviso desde já que não gosto de convivas inesperados a cair-me no sofá da sala...


Letter from California

Jumpers

The fatal grandeur of the Golden Gate Bridge.

by Tad Friend October 13, 2003

Shortly after ten-thirty in the morning on Wednesday, March 19th, a real-estate agent named Paul Alarab began hiking across the Golden Gate Bridge. Midway along the walkway, which carries pedestrians and cyclists between San Francisco and Marin County, he stopped and climbed the four-foot safety railing. Then he lowered himself carefully onto the bridge’s outermost reach, a thirty-two-inch-wide beam known as “the chord.” It is on the chord, two hundred and twenty feet above San Francisco Bay, that people intending to kill themselves often pause. On a sunny day, as this day was, the view is glorious: Angel Island to the left, Alcatraz straight ahead, Treasure Island farther off, bisecting the long gray tangent of the Bay Bridge, and, layered across the hills to the south, San Francisco.

Alarab turned and looped a thick rope over the railing, then wound it around his right wrist five times and grabbed it with his gloved right hand. His weekday attire usually consisted of a business suit with a “Peace” T-shirt underneath, but today he wore black gloves, black shoes, black pants, a black T-shirt, and black sunglasses. Through the palings of the bridge rail and the rush of traffic, he could see the mouth of the Bay to the west and the Pacific beyond. Clasping a typed statement to his chest with his left hand, he leaned backward, away from the railing, and waited for help to arrive.

Alarab, a forty-four-year-old Iraqi-American, was a large, balding, friendly man who kept a “No Hate” sign in his office at Century 21 Heritage Real Estate in Lafayette, across the Bay. The day before, he’d told a co-worker that the prospect of civilian deaths in Iraq made him sick to his stomach. Alarab had chosen this day, the first of America’s war against Saddam Hussein, to make a statement of opposition.

Responding to a “10-31,” bridge code for a jumper, four uniformed California Highway Patrol officers soon arrived at the rail, joined by three ironworkers who had been repairing the bridge. Alarab told them that he wanted to speak to the media. As it happened, a number of TV crews were at the south end of the bridge, filming standups about heightened terrorism precautions. A Telemundo crew came out, and Alarab began to read a declaration about Iraq’s defenseless women, children, and elderly. “Wake up, America!” he said. “This war will be known as ‘the war of cowards and oil’ across the world!”

As a Coast Guard cutter idled in the fifty-five-degree water below, the bridge’s guardians tried to talk Alarab into coming up. “When CNN gets here, I’m back over the other side of the railing,” he promised. One Highway Patrol officer said, “Hey, don’t I know you?” Alarab squinted, and said, “Oh, sure!” They had met during Alarab’s previous adventure on the bridge: in 1988, seeking to publicize the plight of the handicapped and the elderly, Alarab had climbed down a sixty-foot nylon cord into a large plastic garbage can he’d suspended beneath the bridge. His weight proved too much for the apparatus, and the can broke free with him inside. “It seemed like the fall lasted forever,” Alarab said afterward. “I was praying for God to give me another chance.” The fall broke both of Alarab’s ankles and three of his ribs and collapsed his lungs, but he lived—becoming one of only twenty-six people to survive the plunge from the Golden Gate. “I’ll never put my life on the line again,” he said at the time.

Survivors often regret their decision in midair, if not before. Ken Baldwin and Kevin Hines both say they hurdled over the railing, afraid that if they stood on the chord they might lose their courage. Baldwin was twenty-eight and severely depressed on the August day in 1985 when he told his wife not to expect him home till late. “I wanted to disappear,” he said. “So the Golden Gate was the spot. I’d heard that the water just sweeps you under.” On the bridge, Baldwin counted to ten and stayed frozen. He counted to ten again, then vaulted over. “I still see my hands coming off the railing,” he said. As he crossed the chord in flight, Baldwin recalls, “I instantly realized that everything in my life that I’d thought was unfixable was totally fixable—except for having just jumped.”


Artigo integral disponível aqui.

hã?!

Tenho um problema. Ok, vários problemas, mas agora vou apenas falar de um... Tenho quase a certeza de que estou a ficar surda. Quem me conhece diz que, no meio das conversas, o meu tom de voz vai subindo progressivamente e, volta e meia, levo com a dica: «Olha, acho que os senhores daquela mesa já ao fundo não te ouviram...» Meio amuada, lá me calo ou continuo a conversa em sussurros que mal ouço. Provavelmente falo mais alto que a maior parte das pessoas, consequência de ser a mais nova de três irmãos e ter crescido com o estigma de nunca me conseguir fazer ouvir. Mas também posso estar simplesmente a ficar surda. Chego a essa conclusão enquanto vejo o noticiário da 2 e arregalo os olhos ao ouvir que «as meninas de Aljustrel vão mudar de proprietário». Em nome da moral e da reputação das moças da vila alentejana, suspiro de alívio ao perceber que falavam das minas de Aljustrel... Ufa!

ego levantado com sotaque crioulo

- Hey, miss... Want to buy sunglasses?
- Não, não, obrigada...
- É portuguesa?!
- Err... Sim...
- Tu és bonita, pá!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

update #14

Depois do lançamento oficial na Fnac do Vasco da Gama, das inúmeras entrevistas à imprensa, rádio e televisão, e correndo o risco de começar a ser bloqueada ou identificada como "spam" por Vossas Excelências, eis que vos venho convidar para mais um acontecimento relacionado com o livro «Não Quero ser Mãe - Quando As Mulheres Decidem Não Ter Filhos».

Na próxima sexta-feira (dia 5) pelas 18h30, estarei na loja Rulys, ao Chiado (Rua Nova do Almada, quase em frente aos Armazéns do Chiado) para fazer alguma promoção e autografar o livro a quem fizer colecção de autógrafos ou achar que tenho uma bela caligrafia.

Se puderem passem por lá, quanto mais não seja, para dar um abraço, trocar dois dedos de conversa e falar do tempo e da crise...



Agora, só para esclarecer algumas dúvidas...

Porquê uma sessão de autógrafos na Rulys, que é uma loja de roupa?
E porque não? A primeira opção foi a Adega dos Lombinhos, mas já estava reservada para esse dia... A Rulys é central, pertinho dos transportes e não custa nada dar um saltinho até lá antes de ir gastar o subsídio de Natal à Fnac...

Haverá beberete?
Pois, essa questão escapa-me para já... Mas talvez haja uns pastéis de bacalhau e uns croquetes, que isto de dar autógrafos só fica bem com um salgado na outra mão.

A autora só dá autógrafos? E livros?

Lamento, mas já esgotei os livros que tinha para ofertar, o que significa que tenho mais amigos do que julgava... De qualquer das formas, haverá livros à venda na Rulys. Pensem bem, não há ninguém que está mesmo a pedir esta obra pelo Natal? Hum? Entretanto, alerto para o facto de só colocar a minha assinatura em livros de minha autoria. Não levem cheques em branco nem o último do Saramago, que eu não quero ficar com os louros do senhor...


Bem hajam e... apareçam! ;)))

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

as nuvens amanhecem longe solitárias


Nascer do sol em Alcântara - 01.12.2008

domingo, 30 de novembro de 2008

já estou um bocado farta do Natal, mas...








Querido Pai Natal, este ano gostava muito que as pessoas se deixassem de merdas.

Obrigada.


Laura

clichê

Chove.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

agora a sério...


...troco dois gatos, modelos Bucha & Estica, cor P&B, tracção às 4 patas, por 1 cão de loiça...

update #13

Entrevista de Sónia Morais Santos para o programa «A Viagem da Cegonha», na Antena 1.

Programa disponível em podcast aqui.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

cheira-me que...

...mais dia menos dia, isto de ter dois empregos, um cuja máquina de café coloca copinho automaticamente, e outro cuja máquina de café precisa que lhe coloquem o copinho à mão, ainda vai dar problemas...

irra!

Ao longo dos três anos em que o percurso do 15 faz parte do meu quotidiano, já não têm conta as vezes em que, a meio da 24 de Julho, a malta tem de abandonar o eléctrico e fazer o resto do percurso a pé, até poder apanhar outro transporte. A razão? Os atropelamentos. Ontem, mais uma vez, uma pobre desgraçada levou com um carro em cima, desta vez, um táxi, na faixa destinada aos transportes públicos.
Normalmente sou muito crítica em relação às pessoas que atravessam a rua sem olhar, que passam a estrada apesar dos sinais vermelhos para os peões, que se "atiram" à frente de comboios por acharem que ainda dá tempo de atravessar... Contudo, neste caso é diferente. Quem conhece ou já tentou fazer o percurso a pé ao longo da 24 de Julho irá perceber a causa de tantos atropelamentos.
Ontem, a cena passou-se um pouco antes do viaduto da Infante Santo. Mas poderia ter acontecido em qualquer outra parte da avenida. A largura dos passeios, tanto ao longo da linha do comboio como no separador central, ou mesmo do outro lado, é, no mínimo, ridícula. Eu, felizmente, até sou magrita e não tenho grandes problemas em me equilibrar num desses "passeios bambos" - que, para ajudar à coisa, ainda têm postes de electricidade plantados no meio - mas acredito que alguém mais anafado não tenha a mesma sorte. Aliás, seria impensável fazer um desses percursos com uma criança pela mão.
Eu sei que, nesta sociedade automobilizada, poucas serão as pessoas que, por alguma necessidade ou loucura momentânea, irão percorrer a Avenida 24 de Julho a pé. Eu já o fiz muitas vezes, umas por gosto de andar a pé, outras por falta de dinheiro para comprar o passe - a crise toca a todos e eu não me chamo Dias Loureiro. Felizmente, nunca fui albaroada por nenhum carro, mas admito que já senti calafrios à passagem de autocarros na bisga. Recomendação: prendam bem os cachecóis, não vá o dito cujo ficar preso a um qualquer espelho retrovisor.
Isto tudo para manifestar a minha irritação quanto à falta de cuidado na planificação urbanística da 24 de Julho, onde o peão é o que menos interessa para o caso. A senhora que ontem estava rodeada de socorristas do INEM, de polícias e de uma multidão de curiosos que aproveitavam a saída forçada dos transportes públicos para "molhar o pãozinho no sangue"? Essa pouco interessará, excepto aos condutores que gostariam de perceber a razão do congestionamento, uma maçada que não permite chegar a tempo ao destino.
Desconheço se a senhora atropelada estava viva, com muitas ou poucas lesões. Não fiquei o tempo suficiente para o saber, até porque estava mais entretida a fazer equilibrismo no passeio que separa as faixas da avenida, em busca de um semáforo onde pudesse atravessar. Só o pude fazer lá muito à frente, onde a 24 de Julho vira para Alcântara. Pelo caminho constatei que, afinal, a ideia dos contentores nem me parece assim tão má. Afinal, Lisboa não é absolutamente nada das pessoas, por isso, mais vale encher tudo de carros, de contentores, de estradas e de túneis, e mandar as pessoas embora daqui. E enquanto penso nisto, o sinal da Avenida de Ceuta está verde para os peões. Atravesso e, por pouco, não levo com um carro em cima. O filho da mãe atravessou o vermelho... Irra!!!!!!!

domingo, 23 de novembro de 2008

armazéns do shiatsu

As dores nas costas têm sido do caraças. Decidi tratar melhor de mim e fazer algumas sessões de shiatsu. À falta de referências, contactei o Instituto Macrobiótico e marquei uma consulta. Já sabia que me iria sentir melhor após a primeira sessão, dadas as várias tensões acumuladas ao longo dos últimos tempo (já para não dizer anos...). Não estava era preparada para a tareia física e emocional que a Ana, a terapeuta, me deu. Durante uma hora o meu corpo falou por mim e disse coisas que eu nem sempre posso ou tenho oportunidade de verbalizar. As camadas, defesas e tensões foram lentamente dissolvidas, mas ainda há muito para fazer, para desbloquear. Há muito tempo que não me sentia tão relaxada, tão em paz, apesar de me doerem vários músculos, como se tivesse acabado de correr os 100 metros barreiras. Saí de lá com um sorriso e subi o Chiado muito devagar. Leve, leve...

sábado, 22 de novembro de 2008

ovos (sem ministra)

Hoje de manhã, quando me preparava para fazer uns ovos mexidos para o pequeno-almoço, descobri que tinha um ovo a menos em cima da bancada da cozinha.
Hoje de manhã, com extremo desconsolo, o meu gato Charlot descobriu que os ovos crus, quando caem ao chão, não rebolam.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

xárápe!!!

Hoje mandei calar um puto que ia com a discoteca a bombar no telemóvel. Eu estava ao telefone no autocarro e com a delicadeza que me foi possível atirei: «Vê lá se baixas essa $&*#%#!!!!!». Não foi bem assim, mas podia ter sido. De qualquer forma, soube-me bem.

ironias do desatino

No novo emprego sou apresentada à senhora da recepção. Antes de conseguir dizer qualquer coisa, levo com esta:
- Ah! Está grávida?
Meio envergonhada, olho para a barriga e respondo baixinho:
- Não... Eu estou é um bocado gorda...

Acho mal. Já uma gaja não pode estar com a barriga um pedacito inchada - não vou teorizar acerca das mudanças hormonais, bexiga cheia ou o enfartamento do almoço - que levamos logo com esta. Maldita tirania do ventre liso! Ora, até conheço quem ache sensual uma barriguinha proeminente. Senhora, vá ver o "Pulp Fiction"! Devia ter sacado de um livrito cá dos meus, isso sim...

update #12

Há um artigo de página dupla sobre o meu livro na revista Mulher Moderna. Questiono-me se eu própria serei uma «mulher moderna», mas a verdade é que não tenho scanner e ainda não me dei ao trabalho de fotografar as páginas. Ou a empresa que edita a revista podia ser amiga e disponibilizar a edição em formato pdf...

Adenda: O que me vale é que a responsável pelo marketing da Livros de Seda, está sempre em cima do acontecimento e fez o favor de me enviar o referido artigo. Ei-lo.

update #11

Passatempo que oferece 15 livros "Não Quero Ser Mãe" a decorrer no canal Mulher do SAPO.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

o princípio KISS*

Rebolo-me no chão a rir de cada vez que, ao ver os noticiários televisivos, descubro mais um iluminado a falar sobre a produtividade dos trabalhadores portugueses. Depois de se anunciar, de forma catastrófica, que a produtividade dos ditos voltou a baixar ou, na melhor das hipóteses, estagnou, lá vêm os teóricos da gestão e os exemplos positivos de empresas nacionais que conseguem contornar a situação.
É nesta parte que os meus neurónios entram em choque e começo a lançar impropérios contra a televisão. Será preciso ter uma licenciatura em Economia, um MBA em Gestão de Empresas ou um doutoramento em Psicologia das Organizações para perceber o que, no meu entender, é tão simples como estrelar um ovo? Das duas uma: ou eu sou uma excelente cozinheira de ovos, ou os tipos e tipas à frente das empresas andam, de facto, a brincar com a malta.
Para ajudar alguns «iluminados» que gerem as empresas portuguesas - não as que são bons exemplos, que com essas eu não me preocupo - lanço aqui algumas sugestões de procedimento, de forma a aumentarem a produtividade dos seus trabalhadores. Gestores da minha terra, podem fazer «forward» via mail aos vossos subalternos, imprimir e afixar no quadro de cortiça junto à máquina de café e - não vos faz mal nenhum - colocar estas dicas no desktop do vosso computador. Ah, e escusam de agradecer...

1. Não marque reuniões para as 18h. A sério. Mesmo que o pessoal saia às 19h, é o suficiente para estragar o bom-humor de qualquer um. Pense: a maior parte dos estabelecimentos fecha às 19h ou 19h30. Raramente uma reunião dura o tempo previsto. Se alguém precisava de ir à farmácia comprar uma embalagem de pílula contraceptiva, se calhar, nessa noite é melhor usar preservativo...

2. Se um trabalhador resolve passar pela empresa ao fim-de-semana para adiantar trabalho ou tratar de assuntos que ficaram pendentes durante a semana, talvez não seja boa ideia dar-lhe mais trabalho a pensar nessas horas de trabalho extra. Hello?? Se a pessoa prescinde do seu tempo livre para não afectar a produtividade da empresa, acha que vai ajudar dar-lhe ainda mais tarefas?

3. Se gosta de controlar a hora de chegada dos seus empregados, talvez seja boa ideia verificar a que horas é que eles saem. Ou seja, a sua empresa só terá a ganhar se, em vez de implicar com alguém que chega às 10h, passar a louvar o esforço dessa mesma pessoa que, por acaso, até costuma sair pelas 21h ou 22h...

4. Privar os seus empregados de água engarrafada ou de café não abona muito a favor das suas competências de gestor. Tal como a recomendação para que bebam água da torneira, independentemente de esta saber a cano, ou de que não bebam café... Não comece você a preparar o seu homicídio.

5. A técnica do «se eu não digo nada é porque está bem» pode ser lógica para si, mas não costuma ser para os trabalhadores. Especialmente se a sua empresa é adepta da técnica «berrar desalmadamente quando algo está mal». Já ouviu falar em motivação? Muitas vezes, um salário menos bom pode ser compensado com algumas prendas verbais, puxando pelas capacidades e pontos fortes do trabalhador. Agora, não comece é a espalhar elogios sem fundamento a torto e a direito, esquecendo-se de aumentar o salário à malta, hã?

*Keep It Simple, Stupid!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

negócio da china

A loja de chineses junto à paragem do autocarro que apanho de manhã tem a montra renovada. O pó foi limpo e os «bibelôs» trocados por ornamentos mais festivos. Isto pode não ser importante para o comum dos mortais, mas tem o seu peso no meu quotidiano e rotina matinal...

domingo, 16 de novembro de 2008

domingo de sol


Charlot


Charingo

sábado, 15 de novembro de 2008

update #10

Eis a primeira crítica ao meu livro - para além das opiniões das pessoas que acompanharam a sua escrita, claro está. Apesar de ser de uma pessoa amiga e, logo, suspeita, não deixa de ser um bom resumo do que é este «Não Quero Ser Mãe». Tem havido alguma confusão acerca do objectivo da obra, pelo que nunca é demais frisar: não é uma tomada de posição da autora, não é um panfleto feminista, não é propaganda de qualquer espécie. É, sim, uma reportagem acerca de uma opção de vida, sendo que a única apologia que se faz é a da tolerância e da aceitação da diversidade. Obrigada pela crítica, Maggie, e ainda mais por teres vindo de tão longe de propósito!


«Gostei muito da apresentação de ontem, sou sincera, só tenho pena de não ter podido ficar até ao fim, mas como tinha de trabalhar hoje… Adorei conhecer as corajosas entrevistadas! É sempre giro associar o nome a uma cara e foram super simpáticas. Espero que esta seja a primeira de muitas apresentações de sucesso, pois quando fores mais famosa que o José Rodrigues dos Santos, quero poder dizer aos meus amigos “estás a ver a Laura Alves, eu estive na primeira apresentação dela!”
Na viagem de regresso acabei de ler o teu livro. Estás preparada para a minha crítica?
Adorei! A sério, gostei mesmo muito! Usas uma linguagem simples, não és maçadora e prendes a atenção do leitor. Não te perdes muito em considerações teóricas, e as referências que fizeste estão bem contextualizadas (Elizabeth Badinter fica sempre bem em qualquer livro que foque as vivências das mulheres). Intercalaste muito bem as experiências das entrevistadas com as opiniões dos especialistas (Isabel Leal e Machado Vaz são dois pesos pesados na área e uma mais-valia para o livro). Adorei o posfácio da Carla Quevedo. Gosto muito das crónicas dela na revista do Sol e ela não desiludiu.
Penso que o livro tem tudo para ser bem acolhido pelo público. Muitas mulheres vão identificar-se com certas passagens e não só aquelas que assumem não querer ter filhos. Todas as mulheres, que ousam seguir um percurso diferente daquele que é considerado “normal” para uma mulher, vão adorar as histórias. Afinal, que gaja solteira, com mais de 30 anos, já não se sentiu “um peixe fora de água” em casamentos onde predominam os casais e conversas de fraldas? E aquelas tias insuportáveis, que não têm mais nada que perguntar a não ser “Então, quando é a tua vez?”
Força rapariga, chegou o teu momento de brilhar! O próximo ano vai ser fantástico, vais ver!»

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

update #09 (ufa!!)

Ah, e tal, escreves um livro, dás umas entrevistas à tv, à rádio e à imprensa, e depois fazemos o lançamento na Fnac... Na descontra. Na descontra??? Tomara eu que fazer a apresentação do livro fosse «tão fácil» como escrevê-lo.
Chegado o dia marcado, feitos os convites, telefonemas e confirmações de última hora via mail ou msn, o estômago começa lentamente a embrulhar-se. Entre o emprego da parte da manhã e o emprego da parte da tarde não tenho tempo (nem fome!) para almoçar. Entre duas tarefas desloco-me ao café da esquina para deglutir dois croquetes, uma coca-cola e um café. E dois cigarros.
Chega a hora de sair em direcção ao Centro Comercial Vasco da Gama. O autocarro demora a aparecer e decido apanhar um táxi. Não tenho dinheiro na carteira e não há multibancos à vista. Telefonema rápido: «Já estás no Vasco da Vama? Faz-me um favor, vem ter comigo à entrada e paga-me o táxi, que estou sem dinheiro...» Lentamente apercebo-me que os últimos minutos antes da hora «fatídica» estão a esgotar-se. Começo a sentir palpitações e um aperto angustiante no peito. Era o que me faltava, dar-me uma sulipampa antes de lá chegar... Procuro a embalagem de Victans para as emergências e espero que funcione. Afinal, isto é uma emergência!! No destino, o táxi é pago. «Pá, não me estou a sentir muito bem... Já tomei um comprimido, mas estou toda atrofiada, estou super nervosa...» «Calma. Queres sentar-te um bocadinho? Estás um bocado pálida...»
Um chá de camomila e algumas palavras de encorajamento depois, as mãos ainda tremem, mas a enormidade da tarefa começa a parecer menos assustadora. Aos poucos, as caras conhecidas vão aparecendo, e a tarefa de fazer as apresentações e dar atenção a toda a gente distrai-me das palpitações e da insegurança na voz. Sinto que falo demasiado rápido, mas talvez seja o meu cérebro a descarregar o stress. Recebo flores. Dou beijos e distribuo sorrisos. Sinto carinho e vejo amigos com quem não estava há meses.
Está na hora. Sentamo-nos. Começam as apresentações. A voz torna-se mais segura e aí vai disto!






Fotos de Michelle Vieira

Sessão de lançamento de «Não Quero Ser Mãe - Quando as Mulheres Decidem Não Ter Filhos», mini-auditório da Fnac do Centro Comercial Vasco da Gama (Parque das Nações).

Convidados: Pedro Vasconcelos, sociólogo e investigador do ISCTE; Ana Cid Gonçalves, secretária-geral da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.
Moderação do debate: Laura Alves, jornalista.

O susto já passou! O coração bate a um ritmo normal e as mãos estão mais firmes. O debate foi produtivo e tive o prazer enorme de ver o auditório repleto de amigos e amigas, de pessoas espectaculares com quem tenho a sorte de partilhar diversas partes da minha vida. De ex-colegas a novos colegas de trabalho, de pessoas que apanharam o metro a outras que vieram de Ílhavo de propósito, de colegas de curso que não via há dez anos a amigos cibernéticos que se tornaram praticamente irmãos, não esquecendo as mulheres que contribuíram com as suas histórias para o livro e vieram dar a sua força a este projecto, foi um momento recheado de emoções indescritíveis. Obrigada a todos os que puderam aparecer, em especial a Pedro Vasconcelos e Ana Cid Gonçalves, que contribuíram para um debate deveras interessante, mas também a quem, por diversas razões inesperadas, não pôde estar presente.
Esta missão está cumprida. Agora com licença, que vou para casa tirar estes sapatos de salto alto...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

cantarolar

Um dia que começa com a versão de «Baby Jane» do Rod Stewart pelos Belle & Sebastian só pode correr bem. É levezinha, saltitante, e sabe a céu azul com nuvens.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

sapatos, patos, patos...



Confortáveis nos pés, elixir para a alma... Mimos para mim própria.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

porque hoje foi (ainda mais) dia de castanhas...





jazz em mim

Jazz em mim.
Escrevo no peito contorno, morno
o epitáfio indelével, letra a letra bordado.
D’entre sépias flores secas, o adorno
dum beijo morto ao nascer, porque dado.
Jazz em mim, assim
numa imagem nascida dum cheiro,
numa dança que os sentidos engane,
escorrega-nos, licoroso, um gole de Coltrane.
Jazzas-me, pois, tão bem, homem inteiro.
E o gotejar e o chover palavra e gesto
em compassos delicados doces de quente.
Abraças-me, ampla, à mulher e ao resto
que na cadência te quer, te olha, te sente.
Jazz...
Assim creio: o teu corpo perece
no desfalecer e pele de nós liberta.
Sou! A terra que agradece
a vinda de ti em luz descoberta.
Jazz em mim. Sim?
Sulca-me de dedos as rugas, fugas
dos corpos nossos já sepultados.
Escavamo-nos. Recusa o ar que ainda sugas
que voz e cântico és, cinza e pós misturados.
Jazz em mim.
Assim.
Suspiros no ouvido em si bemol;
velam-se os mortos no vivo lençol.
Cessa, é finda a música. Schhhh... Devagar...
Não acordes agora. Embalo de repousar...
Jazz em mim. Assim...

Novamente para T., que me percebe e conhece melhor que ninguém. Será sempre dia 14 debaixo da ponte.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

update #08

Expresso - Única, 08 Nov 2008. Pages 106 - 109







sábado, 8 de novembro de 2008

no pingo do entrecosto

São migas, ricas, temperadas a gosto
Desejos salpicados molhados em tinto vinho
Noite envolta no pingo do entrecosto
E mais uma garrafa para o caminho!

(«É tão bom, uma amizade assim não tem valor...»)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

update #07

Agenda cultural da Fnac, com referência ao lançamento de "Não Quero Ser Mãe", aqui. A imagem do livro está com uns tons meios psicadélicos. Espero que o pessoal não se assuste, que para algumas pessoas o tema já é suficientemente medonho...

714 - 759 - E15

Quer-me parecer que os seis quilos que acumulei nos últimos tempos estão em vias de desaparecer. É a chamada "dieta-dos-dois-empregos".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

aNaRChY

É muito raro dar dinheiro quando mo pedem na rua. Não é egoísmo ou insensibilidade. Simplesmente, é-me mais fácil dar uma retribuição a alguém que executa algum tipo de arte - música, animação, teatro, qualquer coisa que me faça parar durante alguns segundos - do que dar dinheiro sem receber nada em troca, por vezes nem um obrigado, ou ceder a chantagens emocionais à custa de crianças de colo ou doenças obscenamente expostas. Hoje, porém, na Rua do Carmo, seguia o meu caminho tão mentalmente exausta que nem hesitei quando a rapariga se aproximou de mim com o boné aberto na mão, à espera de trocos, com uma conversa da qual já nem me recordo. É que, mais atrás, o companheiro de "performance" tocava e cantava tão mal o "Anarchy in the UK" dos Sex Pistols que, cá para os meus botões, pensei: "Pá, vê mas é se usas o dinheiro que ganhaste hoje para ires aprender a cantar!" Deixei-lhes umas quantas moedas pelo esforço...

sábado, 1 de novembro de 2008

sábado à tarde sozinha pela baixa...

Constatação número um: O gene "gaija" está, progressivamente, a tomar conta de mim.
Constatação número dois: Ir às compras é terapêutico, mas apenas durante um quarto de hora.
Constatação número três: Sou um bocadito forreta a comprar roupa...
Constatação número quatro: Fico linda de chapéu. ;)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

errrrrrrrr....

Há coisas que me fazem rir ao ponto de quase rebolar no chão. A maior parte dessas coisas são bastante estúpidas. Felizmente, há por aí pessoas que cultivam a mesma estupidez natural que eu.

update #06

Quem me conhece sabe bem como gosto de manter um certo low profile, não dar nas vistas, ficar no meu cantinho... Por isso, estas coisas custam-me mais do que arrancar um dente. mas o que tem de ser, tem de ser. Confesso que não conhecia o meio em questão quando solicitaram à editora uma entrevista comigo a propósito do meu recém-publicado livro. Acedi e, alguns dias depois, aqui fica a transcrição ipsis verbis do texto, retirado da revista online Rosa 10. Pese embora algumas pequeninas divergências relativamente ao que disse, para primeira grande entrevista, penso que não está mal. O pior foram as perguntas finais... Não tenho mesmo jeito para estar do outro lado de um gravador. :P



Por Odete Albuquerque
Fotos:DR


Laura Alves: mulher, jornalista, escritora

Autora do livro “Não Quero Ser Mãe – Quando As Mulheres Decidem Não Ter Filhos”, Laura Alves esteve à conversa, em exclusivo com a nossa revista onde abordou aspectos do livro que promete causar debate e polémica.

Tem como lema de vida “viver um dia de cada vez” e valoriza o respeito pelo “outro”. Laura Alves, jornalista e autora da obra aborda os mais variados ângulos da questão da maternidade, uma temática a que nenhuma mulher fica indiferente.

“Não Quero Ser Mãe – Quando As Mulheres Decidem Não Ter Filhos”. Porquê esta temática?
A ideia para este livro surgiu da constatação de que cada vez mais algumas mulheres manifestam o desejo de não ter filhos, de levar uma vida preenchida a nível profissional, social, cultural e que não passa necessariamente pela vertente da maternidade mesmo que tenham uma relação emocional com alguém – casamento, união de facto ou namorado. A ideia foi tentar perceber se é uma tendência que vai evoluir ou não e quais as motivações para estas mulheres não quererem ser mães: se é a questão profissional, se é um acto de rebeldia ou um novo feminismo (Que não é. As conclusões a que cheguei não apontam para isso). São simplesmente mulheres que não sentem desejo ou instinto maternal.

Qual o perfil destas senhoras?
O livro não é um estudo científico, não posso dizer que no país exista um determinado número de mulheres a não querer ter filhos. Falei com oito mulheres que deram o testemunho, falaram do percurso de vida, das motivações, partilharam um pouco das histórias pessoais. São oito mulheres da região de Lisboa e Sintra [correcção pessoal: Sesimbra], todas trabalhadoras, com idades compreendidas entre os 23 e 50 anos, umas com relações afectivas, outras não; umas foram casadas e estão divorciadas, outras estão sozinhas ainda à espera do amor, outras vivem com alguém. São pessoas diversas em termos emocionais. Em comum têm o facto de serem pessoas que trabalham, terem alguma formação a nível médio ou superior e muito independentes, afirmativas, que sabem o que querem para a vida. Não cedem a chantagem quando os pais pedem netos ou quando o parceiro revela de igual modo essa vontade. Elas próprias não têm vontade de serem mães e o que prezam na vida é a liberdade de poderem ou não se mães. Acontecem é julgamentos pelo meio, com algumas pressões e falta de compreensão.

O facto de serem oito mulheres distintas funciona de forma a haver identificação dos diferentes tipos de leitoras dado que cada uma tem um perfil?
Sim, se bem que as mulheres portuguesas têm vidas ainda mais diversificadas. São mulheres diferentes: uma jornalista, uma contabilista... São muito diferentes e as pessoas poderão identificar-se, se bem que não são “modelos. Apenas partilharam as suas histórias de vida e motivações assim como as possibilidades que têm em termos profissionais e afectivos. A ideia foi ter pessoas normais que partilharam histórias de vida.

Na obra constam mais opiniões…
Além das mulheres falei também com profissionais para fundamentar o que foi dito. Só o discurso das mulheres iria soar um pouco a “oco”, demasiado pessoal se não houvesse nada teórico a fundamentar o que disseram. Se apontam uma razão para não quererem ser mães então vou à procura de um especialista que explique a razão dessa abordagem da maternidade que deixa de ser essencial.

Com oito testemunhos há um fio condutor ao longo do livro ou pelo facto de serem diferentes pessoas são testemunhos independentes?
O livro está dividido em sete capítulos e os testemunhos vão surgindo ao longo deles. Cada um aborda uma questão diferente. Por um lado as questões que levam alguém a dizer não à maternidade, noutro capitulo abordam-se os preconceitos existentes sobre essa matéria, noutro foca-se a perspectiva histórica e demográfica em termos europeus e nacionais. Fala-se da questão do aborto também, por exemplo. [Considero importante dizer que neste ponto acrescentei: "Embora não tenha sido uma questão que tenha sentido necessidade de explorar a fundo.]

Porquê estas senhoras em particular?
Foi um trabalho de investigação até porque não há assim tantas pessoas a querer “dar a cara”. Tive que convencer algumas. Fiz questão foi que todas dessem o testemunho com nome verdadeiro por uma questão de credibilidade. Para mostrar que há pessoas que não têm medo. Afirmam não querer ser mães sem receios.

Existe algum relato que tivesse “puxado” mais por si?
Posso falar da Guilhermina, de 47 anos, uma das pessoas mais velhas com quem falei, alguém muito bem consigo mesma, já foi casada, não tiveram filhos, não era uma prioridade porque havia muito para fazer como viajar por exemplo. O casamento terminou mas tem um espírito muito aberto, com desejo de fazer desporto, viajar, muito “open minded”. Transmitiu-me calma e um bem-estar interior que gostaria de ver em pessoas que têm filhos, por exemplo. O estereótipo de que a mulher sem filhos e que não é casada é infeliz é desafiado pela Guilhermina. Chegou aos 47 anos, vive sozinha e está muito bem. Não sente arrependimento em relação ao passado. Pela conversa tão interessante que tive com ela pode dizer-se que me marcou e gostava de, com aquela idade, ser como ela. É um exemplo de como se pode crescer e envelhecer com a mente tranquila e sem “amargos de boca” por não ter tido filhos.

O que deu de si para o livro?
Muito tempo fechada em casa a escrever (risos). Dei o meu estilo pessoal de escrita, todo o processo de investigação, o meu carinho a este projecto que me deu muito gosto fazer e conhecer todos com quem falei. Tentei fazer uma obra interessante, cativante e que diga muito a muitas pessoas.

Revê-se na temática? O tema funciona como autobiografia?
Não. No livro consta a minha pequena biografia, pode ler-se um “(ainda)” na questão de não ter filhos. Apesar de não fazer da maternidade a minha prioridade de vida, não recuso totalmente. Penso que as pessoas ao lerem na capa percebem que a obra é um documento social e ficam esclarecidas à partida. Afastam de imediato a hipótese de ser uma biografia. Até porque a minha vida não é tão interessante que dê um livro para já (risos).

Para um sector mais conservador da sociedade o livro não pode ser considerado como uma “provocação feminina”?
Se for entendido como provocação e as pessoas forem comprar o livro, óptimo. Não é minha intenção agradar ninguém - é claro que quero que as pessoas comprem e gostem do livro e se as incomodar e “picar” um bocadinho óptimo, o debate está em cima da mesa! Se este tema incomodar alguém é positivo. Se houver discussão porque de facto há quem se sinta pressionado por esta questão, melhor ainda.

Por exemplo…
As mulheres são constantemente bombardeadas com a pergunta “Então quando vais ser mãe? Quando vais ter filhos?”. Se houver quem fique afectado pela questão então vamos deitar as cartas na mesa e falar sobre isto. Gostaria que as pessoas pegassem no livro e que começasse a existir mais conversa sobre o tema, não no sentido de pressionar mas de compreender e de haver mais tolerância de parte a parte.

Não teme repercussões que possam vir a existir?
Só se alguém se ofender e for atrás de mim, até minha casa, para me ofender também ou queimar fotografias minhas numa fogueira (risos). Mas não penso que vá acontecer. Vivemos num país onde existe algum bom senso. É bom que exista a discussão e pessoas a ficar com a “pulga atrás da orelha” mas não temo qualquer tipo de opinião. Cada um leva a vida da forma como acha que deve levar.

No fundo a base da obra…
Este é um livro pela tolerância, é respeitar o outro, a opção do outro. Tenho a minha opinião, quem deu o testemunho também tem opinião e de certo existirão outras opiniões, contrárias. Inclusive, falei com algumas pessoas com ideias contrárias como a Ana Cid Gonçalves, que pertence à Associação [Portuguesa] de Famílias Numerosas, associação em que a ideia é que ter filhos é o fundamental. Não fui só por um caminho, fui por vários para mostrar o global da questão. Isto não é nenhum manifesto como lema “Vamos todas recusar ser mães”. Nada disso. É apenas explicar porque razão algumas querem e outras não querem.

A determinada altura, com os amigos vêm as relações, das relações nascem crianças e começa a haver perguntas sobre para quando uma mulher vai ter também filhos. Considera que existe uma pressão, ainda que subtil, para a mulher ser mãe?
Ao contrário dos homens, as mulheres têm a capacidade física de ter crianças. É esperado que a Mulher exerça essa função biológica de dar filhos a uma relação.

E as que não têm são marginalizadas?
Existe a expressão “ficar para tia”. O “ficar para tia” não é necessariamente mau. Porque é que nunca se disse que os homens ficam “para tios”? Há um estereótipo. Existem muitas questões que se podem levantar. Não é muito recorrente abordar um homem para perguntar “Quando vais ter filhos?” como acontece com o sexo feminino precisamente porque subsiste a ideia de que a maternidade é o destino único da mulher. Levanto muitas questões em “Não Quero Ser Mãe”. Há também muita mitologia envolvida.

Refere-se à questão religiosa?
Há a questão da religião. Pensamos sempre na “Mãe” como a salvadora, alguém que nos acolhe, protege. Na religião são muitos os símbolos que remetem para a maternidade. Logo o “dar à luz” é visto como algo muito positivo. Ainda hoje em dia, quando uma mulher está grávida, é comum afirmar-se que está “com um brilho especial” ou “tem uma luz”. Isso é tudo uma tentativa de minimizar as desvantagens de se estar grávida. Estar grávida deve ser óptimo – não tenho filhos, tenho quatro sobrinhos – mas não pode ser negado que as pernas incham, a coluna dói, existem os enjoos e engorda-se.

As mulheres podem não querer engravidar por uma questão estética?
Não falei com ninguém que não quisesse ter filhos por questões estéticas. Sei que existem casos mas o meu caminho não foi por aí nem foi essa a questão. Isso pode levar a outra questão: o egoísmo.

Quem não engravida é egoísta?
São rótulos que se colocam a estas mulheres: egoístas, frias, insensíveis. No livro prova-se que não é necessariamente assim. As mulheres que não querem ter filhos são talvez as pessoas mais abertas em termos de se proporem a conhecer outros horizontes, a sair de casa, a aprender, a estudar à noite caso seja necessário, a crescerem individualmente. Por vezes são tias mas dão todo o amor que têm aos sobrinhos e/ou afilhados. As mulheres que não querem ter filhos não são frias nem insensíveis. São pessoas muito interessantes que fizeram a opção de não serem mães a tempo inteiro.

Como vê o facto do Estado e autarquias darem incentivos financeiros às mulheres para que gerem crianças? Não funciona um pouco como “vamos dar à população algo que necessitam (apoio monetário, dada a conjuntura económica que o país atravessa) em troca de “fábricas de fazer bebés”, sob o pretexto de contribuírem para a não desertificação de algumas zonas e evitar o decréscimo da taxa de natalidade?
Não acredito que alguém decida ter filhos só porque vai receber um incentivo financeiro, o que não significa que não aconteça em alguns casos. Mas quem tiver filhos e tenha um apoio financeiro talvez tenha até um ou dois a mais do que tinha previsto.

É um facto que a questão financeira pesa…
Hoje em dia muitas pessoas optam por não terem crianças porque não lhes é permitido financeiramente. O investimento financeiro é enorme e muitas pessoas adiam ou negam a paternidade por ser dispendioso. Não foi o caso das pessoas que deram o testemunho para o livro. As pessoas com quem falei não têm vontade ou vocação para serem mães. É lógico que quando um país fornece mais apoios os casais têm mais filhos. A média nacional ronda os 1,2%, a França por exemplo anda à volta dos 2,3% . Em Portugal é uma quantia irrisória que não justifica ter-se mais um filho.

O facto de muitas mulheres adiarem ou recusarem a maternidade sob a afirmação de pretenderem dedicar-se à carreira ou optarem ou viajar ou estudar não é uma capa para não terem que ter disponibilidade emocional e/ou afectiva para darem a uma criança?
Não é uma capa porque aquelas que fazem um investimento mais forte na carreira formativa à partida desde novas colocam esse factor como prioridade e a outra parte fica um pouco para trás. Não é uma capa. Não é porque “não têm este caminho” porque vão investir em “outro”. Dedicam-se primeiro a um caminho, ao sucesso pessoal e profissional e o outro aparece como segundo plano porque também já não havia aquela vontade.

Não há uma certa ironia pelo facto de a maioria das mulheres poder dar à luz optar por não fazê-lo e por exemplo, quem não pode, como o caso dos casais homossexuais, que não podem gerar, demonstrarem intenção de fazê-lo e dar amor a uma criança?
Tem a ver com o respeito individual por uma pessoa. Cada um tem direitos individuais. Lamento existirem casos de casais que não podem ter filhos, seja por razões biológicas, doenças ou impossibilidade de qualquer ordem não obstante um enorme desejo que manifestam, mas não podem criticar quem não quer ter filhos apesar de poder. É injusto. É dramático existirem pessoas que investem anos e emoções a tentar ter filhos e não conseguirem. Mas a mulher que não quer ter filhos não vai gerar apenas porque existem pessoas que não podem. Cada indivíduo deve ser respeitado pelas opções que faz.

Qual a sua opinião sobre o papel do homem nesta questão?
A minha recomendação é que fique tudo definido à partida, apesar da fase inicial de uma relação em que é tudo muito bonito e muito cor-de-rosa. Mas convém pensar-se sobre o que se pretende fazer no futuro se aquela relação for para durar. Estas pessoas que constam no livro dificilmente teriam crianças para ceder à vontade do companheiro. À partida, procuram estar com alguém com o mesmo tipo de atitude. Não houve ninguém que estivesse numa relação com alguém que quisesse ter filhos. Mas há muitas pessoas que têm filhos porque o(a) parceiro(a) quer e a atitude é “está bem, vamos lá fazer filhos”.

O que mudou de há 50 anos para cá?
As mulheres têm mais dimensões na vida que não o lar, têm mais independência. Felizmente hoje em dia (se bem que ainda nos encontramos a anos luz do que seria ideal) os homens têm uma participação muito maior do que tinham nesses tempos. Envolvem-se na educação dos filhos, algo atribuído á mulher noutros tempos, têm licença de paternidade, acompanham muito mais a tarefa de educar o filho. Há 50 anos ao homem cabia essencialmente o papel de pôr o pão na mesa e todo o resto era a mãe que fazia, hoje em dia não, se bem que continuam a persistir alguns maus exemplos.

Que análise faz da discriminação existente no que toca à mulher gestante e não gestante?
O mais recorrente é existir discriminação laboral quando alguém manifesta o desejo de ter filhos e/ou casar. Muitas vezes nas entrevistas de emprego, são candidatas que ficam do lado de fora ou a quem não são renovados contratos, por exemplo. Mas também já se verificou o contrário. Alguém que por não ter filhos não foi aumentada. Neste caso, a resposta da pessoa foi “Mas se não tiver um aumento de salário nunca poderei ter o que referiu”. Outro exemplo é quem não tem filhos ficar “condenada” a ficar com as férias que mais ninguém quer, ou pode ficar a trabalhar até mais tarde porque não tem família quando não é assim – a pessoa pode ter mil e um projectos que impliquem sair a horas e não ter que fazer serões até à meia-noite.

Qual o balanço que faz depois dos depoimentos recolhidos e livro estruturado?
É de leitura fácil, não facilitista. Não é cor-de-rosa, tem alguma substância, tenta explicar a razão de ser de algumas opiniões que estão aqui explícitas e que vai pôr as pessoas a pensar e sobretudo vai abrir os olhos a algumas pessoas. Penso que está um trabalho interessante, com alguma criatividade e humor também, não deixando de ser um alerta sobre algumas questões que incomodam algumas pessoas nomeadamente a pressão social e estereótipos que ainda permanecem. Existem no mercado outras obras com temáticas semelhantes.

Em que difere “Não Quero Ser Mãe – Quando As Mulheres Decidem Não Ter Filhos”?
Não é uma biografia nem um livro cómico. Existem algumas obras semelhantes mas do ponto de vista irónico e do sarcasmo. Este não. Não é uma tese, é um estudo meio jornalístico meio antropológico. É o retrato de um segmento da população e de um dado momento que o país atravessa.

Quem é a Laura Alves?
É uma rapariga, jornalista, que tem dois gatos, quatro sobrinhos, que veio da Beira para Lisboa há alguns anos e que por aqui ficou e que gosta de escrever, criar e ir ao cinema e que gosta muito de Lisboa, de vários espaços da cidade. Gosta de estar e jantar com os amigos.

Qual a parte do processo de feitura de um livro que mais a agrada?
Este é o primeiro livro (risos). A primeira coisa que fiz foi estruturar os tópicos de modo a saber o que ia abordar. Conhecer as mulheres com quem falei foi muito interessante. Fazer e descobrir a ligação entre as ideias também foi agradável assim como o próprio acto de escrita, de escrever as palavras, de criar imagens com as palavras. A pior parte foi transcrever as entrevistas (risos).

No momento em que viu o trabalho impresso qual foi o sentimento que mais forte que teve?
Foi um processo que levou algum tempo. Foi a sensação de missão cumprida. É bom.

PERGUNTAS ROSA10
Qual a sua melhor recordação de infância?
Talvez o facto de haver um forno de cozer pão em casa dos meus pais. Havia o hábito de cozer broa de milho. A minha mãe terminava, eu cortava, colocava manteiga e comia ainda quente. [Neste ponto há uma pequena omissão. O que eu disse, de facto, foi que a minha mãe fazia uma broa mais pequena de propósito para mim, que eu comia ainda quente, com manteiga.] É uma das recordações mais marcantes.

Qual a sua essência?
Estar bem comigo própria, estar feliz.

Qual o melhor elogio que já lhe fizeram?
Já fizeram tantos (risos). Penso que o melhor elogio que se pode fazer a alguém é dizer “Amo-te”.

Tem algum ídolo ou modelo que a inspire?
Tenho muitos modelos. Depende de cada ocasião, de cada momento. Não tenho um ídolo propriamente. Normalmente as pessoas que vejo como modelos são muito próximas a mim, de carne e osso, que me acompanham normalmente, que me levam a querer fazer melhor ou como aquela pessoa fez, algo muito bem feito.

Qual a opinião que tem do homem e da mulher portuguesa?
Existem tantas mulheres e homens portugueses… Não tenho opinião do homem ou da mulher portuguesa. Existem muitos e diferentes modelos. A nível global, penso que as pessoas deveriam ser mais tolerantes. Existe alguma intolerância e uma certa mesquinhez no que se refere a olhar para o outro e não aceitar o outro só porque não se aceita, apesar de esse alguém não fazer mal algum e ter feito apenas uma opção de vida. Falta tolerância às pessoas portuguesas.

Qual foi até hoje a sua maior oportunidade?
A possibilidade de ser uma pessoa independente que construiu o próprio caminho.

O que a faz rir?
Piadas, trocadilhos inteligentes.

Como vê o seu futuro?
Não sei, não faço grandes planos, vivo o dia-a-dia mas espero que seja bom.

Qual a maior lição de vida que já recebeu?
Não ficarmos dependentes do que outras pessoas querem para nós. Não ficar presa a projectos de terceiros. Antes de mais, o nosso bem-estar…

Se fosse jornalista do Rosa10 quem gostaria de entrevistar e porquê?
Neste momento o nosso primeiro-ministro José Sócrates para perguntar algumas coisinhas que me andam a incomodar. Por exemplo, porque razão algumas pessoas ganham tão mal e pagam tanto por uma casa ou porque é que existem pessoas a ganhar milhares de euros e outras com o ordenado mínimo… Gostaria de saber se as pessoas que estão no Governo acompanham o dia-a-dia da população que ganha mal e todos os dias tenta sobreviver.

Qual a pergunta que nunca lhe fizeram e gostaria de ter respondido?
Não sei. Como não dou entrevistas sobre mim não sei muito bem.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

tarefas impossíveis de realizar quando se tem um gato adolescente



- Vestir um soutien. Nada atrai a atenção de um gato como uma peça de vestuário com alças a pender de uma mão.
- Fumar um cigarro. Pois sim... E onde raio é que anda o isqueiro que ainda agora estava em cima da mesa?!
- Emoldurar uma fotografia ou desenho. Se a moldura for do tipo "clip on", há-de faltar um dos clips metálicos antes de terminar o trabalho. Que irá ficar com as margens todas tortas, claro está.
- Comer uma refeição com um tabuleiro no sofá. Metade do tempo é gasto a impedir que haja patas felinas no prato...
- Calçar botas ou ténis com atacadores. Nas primeiras vezes o jogo até é divertido. Até que nos fartamos de perder meia hora só para dar a porcaria de um nó!
- Estender roupa. Que giras são estas molas coloridas... E se eu as atirar para debaixo do frigorífico?...
- Separar embalagens para reciclar. Estas latas estão vazias. VAZIAS, ouviste? Podes miar o que quiseres, mas as latas vão continuar vazias.
- Arrumar roupa numa cómoda. E não é que esta gaveta parece mesmo uma caminha?
- Fazer a cama de lavado. Ena, consegui ter a cama sem um único pêlo de gato durante... dois segundos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

verdes de outono


memória que permanece

esquecida em ruas ermas de passos calados

onde os cherios trazem de volta

suaves brisas d'outras eras que, lentas, se desfazem

terça-feira, 21 de outubro de 2008

update #05

Programa "Sociedade Civil" na 2



«Ter filhos é a última prioridade para mulheres entre os 28 e os 32 anos, revela um estudo recente. As inquiridas com menos de 50 anos valorizam, sobretudo, um relacionamento e um casamento, seguindo-se os amigos e a carreira.
Não ter casa própria e uma situação financeira instável são as principais razões para não terem filhos.
Na França, a temática virou polémica com o livro da psicanalista Corinne Maier, “No Kids – Quarenta razões para não ter filhos”, onde se afirma que querer filhos é “uma aspiração idiota”.
Por que não querem filhos? Será uma opção ou uma imposição social? Quais as (des) vantagens?

Convidados:
Laura Alves, Jornalista
Ana Cid, Secretária-Geral da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas
Pedro Vasconcelos, Sociólogo do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
Patrícia Melo e Liz, Administradora de Empresa»

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

update #04

«Relatos muito pessoais
Laura Alves é uma presença simpática aqui na redacção. Lá está ela de volta das notícias que preenchem a página www.mundouniversitario.pt e, mais recentemente, gerindo também as opiniões que a nossa malta vai deixando no Fórum MU, a que se tem facilmente acesso através do site MU. Integrou a equipa há pouco tempo e a equipa, solidária, fica orgulhosa ao saber que acaba de editar ‘Não Quero Ser Mãe’, um livro com a chancela da Livros de Seda, que conta com prefácio de Joana Amaral Dias e posfácio de Carla Hilário Quevedo.
"Como poderão constatar através dos diferentes testemunhos de mulheres apresentados, este livro não pretende ser um estudo científico. É um álbum de retratos e de opções de vida, no qual, por entre as respostas encontradas, se deixam antever questões", apresenta Laura, na Introdução. Mais actual impossível, esta interessantíssima recolha de testemunhos que dá a pessoas com opções tantas vezes mal aceites o direito de serem figuras centrais... sem serem sujeitas a juízos de valor. Obrigatório comprar!
Apresso-me agora a também aconselhar vivamente esta edição do MU: não se compra mas vale a pena na mesma. É que se de histórias de vida muito próprias fala o livro da Laura, o que dizer do grupo de amigos da área de comunicação que recentemente mandou os empregos em Portugal para o espaço e se aventurou na neblina londrina. Ai, ai, o chamamento de Londres..o chamamento de Londres põe a cabeça de gerações atrás de gerações a andar à roda. Estão felizes por lá, como atestou um colaborador que os foi visitar, uns trabalham, outros trabalham e estudam...
E vai mais uma história de vida, esta de um teor dramático e um exemplo de sobrevivência impressionante. Shlomo Venezia é um membro da comunidade judaica que completa 85 em Dezembro e que sobreviveu aos horrores de Birkenau, um campo de concentração vizinho a Auschwitz, onde desempenhou funções de porteiro, digamos, das câmaras de gás. Basicamente guiava outros judeus para a morte. Agora escreveu um livro e anda a repetir a história aos jornalistas em tom intenso para ver se se livra dos fantasmas.
Outra história, esta bem mais factual, é a do Orçamento de Estado para 2009. As verbas para o Superior aumentaram. Custa a acreditar mas foi mesmo oficialmente anunciado.»

Inesperado e simpático editorial de Raquel Louçã Silva, directora do jornal Mundo Universitário

sábado, 18 de outubro de 2008

santa apolónia, 14h32

Perdi hoje um comboio pela primeira vez na minha vida. Não um comboio suburbano, que desses há sempre alternativas, mais meia hora, menos meia hora... Hoje perdi um Intercidades inteiro por apenas alguns segundos. Quase me estou a ver a correr em direcção à linha, qual plano hollywoodesco em câmara lenta, enquanto o cavalo-de-ferro iniciava, progressivamente, a sua marcha. Desolada, de sacos na mão, fiquei a olhar para o horizonte, onde o comboio se perdia veloz, cada vez mais pequeno...
Há algo de terrivelmente angustiante no acto de perder um comboio. E não me estou a referir à sala de espera, onde meia dúzia de seres estranhos deambulam os olhos pelo cinzento das paredes, não se podendo, sequer, fumar um cigarro. Perder um comboio causa um desarranjo interior, obriga a repensar todas as horas seguintes, o que irá afectar, por sua vez, a vida de terceiros. Perder um comboio faz-nos sentir completamente impotentes perante a tirania do tempo. Perder um comboio faz-nos escrever coisas sem sentido apenas para passar o tempo que falta até às 16h06, hora a que chega o próximo comboio com paragem no meu destino...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

update #03

O meu livro - "Não Quero Ser Mãe - Quando As Mulheres Decidem Não Ter Filhos" - foi já avistado duas vezes: na Fnac do Centro Comercial Vasco da Gama (na secção de Psicologia) e na Fnac do Chiado (na secção de, pasme-se, Puericultura...). A quem andar à procura e não encontrar, recordo que o nome da autora é "Laura Alves", e não "Laurinda"... ;)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

update #02

NO AR

[Para descarregar o ficheiro, clicar aqui]

Não quero ser mãe

Diz-nos assim a sinopse do livro "Não Quero Ser Mãe" (edição Livros de Seda) de Laura Alves, nossa convidada de hoje: «Em Portugal, o "fazer bebés" tem sido elevado a prioridade nacional, com espaço e interesse político. Face ao declínio da natalidade e a visões tradicionais do papel da mulher que teimam em persistir, enquanto dona-de-casa e vocacionada para a procriação, muitas são as pressões sofridas pelo sexo feminino, num terreno que deveria ser meramente o das suas opções pessoais e individuais. Optar por ser mãe é uma delas. Não querer ter filhos é outra.
À procura de respostas e, mais importante ainda, das perguntas certas, Laura Alves encontrou oito mulheres distintas, que expõem a sua vida pessoal e as suas opções de vida, falando dos seus medos e motivações, dos seus anseios e das múltiplas pressões.
Uma das obras que é um verdadeiro documento social, contrapondo também análises à partida contraditórias, como as de Júlio Machado Vaz, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas ou da própria Igreja Católica entre outras. Uma obra que lhe permite descobrir porque é que algumas mulheres decidem não ter filhos.»
Casamento deve ser sinónimo de procriação? (assunto que tem vindo à baila inclusive acerca da questão dos casamentos homossexuais); será legítimo, por mais bem intencionada que seja, a pressão para que nos multipliquemos, a fim de fazer face ao envelhecimento da população?; não se trata de pressão, mas de sugestão que não obriga ninguém a nada? Perguntas e comentários para o 800 25 33 33 e caixa de mensagens do blogue, a partir das 19, com Fernando Alvim e Cátia Simão.
por: Prova Oral

Comentários e opiniões ao tema debatido no site do programa "Prova Oral":
(Gostaria de responder pessoalmente a algumas destas pessoas, a quem desde já agradeço o contributo para o debate, mas tal será impossível. De qualquer forma, houve muitas questões que não foram devidamente aprofundadas, em parte devido ao tom mais informal do programa. Fica a nota, mais uma vez: este livro é, sobretudo, acerca de tolerância e respeito pelas opções individuais. Quaisquer que elas sejam. Não se trata de um testemunho pessoal da autora, mas sim de um trabalho de investigação, devidamente fundamentado, sobre as motivações de algumas mulheres que fazem esta escolha de forma voluntária.)


Marlene Carreira
2008-10-15 09:41:16
Não quero ser mãe!!!
Bom dia, Alvim e Cátia!Infelizmente, ontem não pude ouvir todo o programa porque estudo à noite. Mas era um tema que a mim me diz muito.Gostava muito de ter tido a possibilidade de participar... mas não deu.Concordo com todas as palavras da vossa convidada e de certo vai ser um livro que vai estar na minha próxima lista de compras..lol... até que enfim uma voz contra ao sistema... é que a frase: " um casal sem filhos é como um jardim sem flores", já não se aguenta!!!Eu também não quero ter filhos, sempre tive esta convicção desde adolescente... acho que a sociedade é que "obriga" as mulheres a terem filhos, é como uma obrigação social que a mulher tem, o que é imcomprensível..., além disso o próprio parto é uma coisa horrível...Namoro há 7 anos e o meu namorado, gostava muito de ser pai, mas ao longo do tempo juntos, já ele próprio começa a pensar como eu...A vida com filhos muda... não há volta a dar...E se algum dia o tal relógio biológico que as mulheres falam, que nem percebo bem o que pode ser, "tocar", prefiro adoptar uma criança. Sou completamente a favor! Ah! e adoro crianças! É que não tem nada a ver!!!

Sandra
2008-10-15 00:55:17
ser mãe
eu axo que nasci para ser mãe e fui uma daquelas que levou 8 anos para ter um filho que é a coisa mais importante do mundo para mim, mas compreendo aquelas que os não querem ter todos temos direito a fazer as nossas opções e só a nós nos diz respeito.
mas será possivel deixar uma pergunta no ar - será que uma mulher fica completa sem filhos??? não é essa a nossa prencipal função neste mundo???
Tenho pena que nunca ouça o vosso programa completo e nunca consiga entrar mas têm aqui alguém que gosta muito dos vossos temas continuem assim

Susana
2008-10-14 20:01:04
sou MAE e Mulher
Nunca me anulei por ser mãe mas caí no erro de me anular por ser esposa. Ser mae é brutal! Muito Bom porque gosto e porque me amo a própria e ensino às minhas filhas que têm de ser Mulheres que se amem para depois poderem amar e ensinar o poder da ternura!

Antena4
2008-10-14 19:57:53
Ser moderno
Ser moderno, cool, actual, blá, blá, blá... é rir-se e criticar os retrogados. Aqueles que se queixam de ser criticados pela sociedade, tem carta verde pra gozar com todos os outros, porque coitadinhos, são uma minoria marginalizada...
Percebo todos os argumentos que aqui foram ditos, só gostava que houvesse uma mulher que se confessasse no ar, que não quer ter filhos pra nao estragar a figura. Antes de largarem uma gargalhada, pensem bem... há muitas mulheres destas.
Alvim, por favor, salva o mundo. só tu és capaz.

ângela
2008-10-14 19:57:43
Eu, hoje, até vou dormir descansadinha ... ! Afinal, sempre sou normal ... os outros é que encaram esta minha normalidade de forma meio anormal ... Nunca foi ideia que ocupasse espaço em mim e assim continua a ser 30 anos depois. Mas, no entanto, venham os filhos dos outros que eu estou cá para os mimar, educar e fazer tudo como manda o figurino ... só que eu, mãe, é que já não ... se não se importam!
Obrigado Prova Oral, Alvim e Laura por existirem ... :)
Bjinhos p todos

André
2008-10-14 19:57:40
de tomate em tomate
Quando os meus pais me exigem alguma coisa digo, por vezes, em tom de brincadeira: "E que culpa tenho eu disso? Fui eu que pedi pra vir ao mundo??".
Pois isto fez-me pensar e concluir que o mundo está mal feito. Quem anda de tomate em tomate deveria ter oportunidade de avaliar aquilo para que vem!

ricardo russo
2008-10-14 19:54:57
e as senhoras???
podem já não existir homens para mudar lâmpadas e tomadas mas cada vez há menos mulheres que saibam cozinhar, cozer um botão e coisas do género!!!
acho que as funções começam a aparecer trocadas........

papacamailho
2008-10-14 19:53:23
Não sou dono do meu tempo, estou em casa a cozinhar um bacalhau para a minha filha.
So what? Tenho muito tempo e já tive.
Tenho 35 anos e pertenço completamente à minha filhota.
Não existe algo mais inocente do que isto.
E tb tenho de trabalhar como toda a gente, stress ao acordar e ao deitar.
Penso q é difícil é deixar esta vida.
abraços.

Joaquim Leça
2008-10-14 19:48:27
Essa dos homens de hoje não mudarem lâmpadas...
Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah,Ah, Ah, Ah! A vossa convidada de hoje tem muito humor! Ah, Ah, Ah!!!

Clara
2008-10-14 19:45:09
As meninas não podem gostar de ser meninas?
Ainda há dois sexos, apesar de tudo o que existe pelo meio. Não será?

jorge
2008-10-14 19:40:16
não é o tema, eu sei.....
mas supomos que a mulher não é solteira, que está numa relação. e se o homem não quer ter filhos, e se o homem QUER ter filhos.... relativamente ao programa acho estranho a utilização de termos como ter filhos: muda tudo, altera as pessoas, perde-se disponibilidade.... claro..quem decide ter filhos, procura excatamente isso..ou não.

catarina batista
2008-10-14 19:37:45
Olá alvim! Finalmente alguém a falar de algo que eu julgava que eu é que era anormal! todas as minhas amigas daqui da terrinha tem filhos, eu tenho vinte e oito anos e já vivi junta durante seis anos e nunca quis ter filhos nem quero.Agora moro sozinha mas continuo a ser massacrada com perguntas do porquê que eu não quero ter filhos! nem sequer o tenciono, adoro a minha independencia e liberdade e não troco isso por nada.fico feliz por saber que não sou a unica! beijo a todos!

vera
2008-10-14 19:37:10
A imagem
Concordo com a Laura sobre a imagem colocada no blog.
Agora, o meu caso pessoal: tenho 37 anos e não tenho filhos.
Fui casada e embora senti-se imensa vontade de ser mãe, tal não aconteceu.
A verdade é que agora não penso muito nisso. Tornei-me senhora e dona do meu tempo e das minhas rotinas e acho que me custaria imenso abdicar disso.
Mas tenho pavor de acabar velhinha e só. Se calhar é ridiculo mas questiono-me muitas vezes se não deverei ceder à pressão do meu relógio biológico? Afinal, nada de bom resulta sem sacrificio...

Vera
2008-10-14 19:32:32
Aos 15 anos decidi que não queria ter filhos. Tenho 27.
Não sei bem porquê mas foi uma opção que tomei.
É definitivamente uma escolha. Também já ouvi o "isso dizes tu agora" mas o certo é que até agora ainda não mudei a minha opção.
Como ainda não tenho estabilidade profissional e financeira ainda menos penso nisso.
Gosto de crianças mas o relogio biologico permanece em stand-by.
Beijinhos para todos e vou ler o livro da convidada (de certeza!)
E espero que a Prova Oral nunca acabe!!!!

Sandra
2008-10-14 19:28:08
Tenho 30 anos e sou casada há 2 anos. Neste momento não quero, nem posso ter filhos: estou a fazer doutoramento e este ocupa-me todo o tempo. Durante estes dois anos, tenho sido obrigada a ouvir frequentemente " E então? Ainda não tens filhos? Já era tempo!" ou a enfrentar olhares "esquisitos" de outras amigas que vão tendo filhos e que não entendem o porquê de eu não ter ainda instinto maternal. Outra situação que me tem sido dado a observar é que os casais quando têm filhos começam a juntar-se a outros casais com filhos e a deixarem de lado os outros que ainda não deram esse passo. Porque será que isto acontece? Será que ser mãe (ou pai) significa abdicar de uma parte da personalidade e dos interesses da pessoa?!
Ora, já era hora de alguém escrever um livro destes. As pessoas têm de entender que ser mulher não é sinónimo de ser mãe. Ser mulher é muito mais do que isso.

Maria
2008-10-14 19:26:26
Ainda não sei se quero...
Olá boa tarde, vou directa ao tema! Não sei se kero ter filhos!! Não sei porque não sei.. Tenho 33 anos e não sei se quero,não sinto o tal relogio biológico, às vezes penso em ter mas depois tambem dou comigo a pensar que estou bem assim e acreditem que não é por razões financeiras,profissionais ou por falta de apoio da familia.
Tenho amigas k me dizem que se eu algum dia tiver filhos vou mudar a minha maneira de pensar e até que vou dizer QUE FOI A MELHOR COISA K ME ACONTECEU, que se EU SOUBESSE JÁ TINHA TIDO Á MAIS TEMPO e tal , mas....
Confesso que nesta altura a pressão já é muita por parte de toda a gente, amigos, familia, conhecidos l, ainda bem que o meu marido apesar de ser um apaixonado por crianças está um bocadinho do meu lado. No fundo não sei se quero a responsabilidade de ter um filho e acreditem poucas pessoas me compreendem...

Ana Silva
2008-10-14 19:26:17
Certas mentalidades tendem a desaparecer.
Cresci com o ideal de casar e ter filhos, mas à medida que fui crescendo e ultrapassando a adolescência (tenho 30 anos) deixei de pensar dessa maneira. Hoje já nem sequer penso em casamento, e quanto a crianças nem pensar. Gosto de crianças na mesma, mas ter filhos está neste momento fora do universo das minhas prioridades. E quanto a possíveis tique-taques de supostos relógios biológicos, não tenho quaisquer remorsos por num futuro próximo nunca mais poder engravidar. Acho que é uma questão de respeitar as decisões das pessoas e se há casais que querem ter filhos, há que respeitar as decisões dos que não querem.

maria
2008-10-14 19:25:38
eu gostava de ter 3 filhos mas na altura certa não sei será bem assim, acho que se trata de uma grande felicidade(pelo que dizem normalmente), mas também de uma grande responsabilidade. por isso acho que não se deve ter filhos apenas porque é o «normal», por tradição. todos somos livres e temos direito à escolha, por isso acho que devemos respeitar as opiniões e pensamentos de cada um.

João
2008-10-14 19:24:10
o mesmo acontece aos homens que nao se casam...
bom tema Alvim. o mesmo acontece aos homens que nao se casam numa certa idade. sao considerados como gays ou sao pessoas de vida perdida....

BigPau
2008-10-14 19:21:31
À IMAGEM DA ANTENA 3
Sem dúvida, a foto de entrada do assunto de hoje é um verdadeiro atentado. Gostei da maneira como a convidada manifestou o seu desagrado pelo facto, sem papas na língua!
Mas atenção, o emprego desta imagem neste contexto, com o propósito que efectivamente tem é bem a imagem desta Antena 3, do sr Albin (Mr Bobis) e as suas COWGIRLS!

Sonia
2008-10-14 19:20:50
Obrigado Obrigado Obrigado!
Finalmente uma mulher que procura descomplexar a escolha que cada uma de nós tem: ter ou NÃO ter filhos! E NÃO TER FILHOS é uma escolha como qualquer outra, e não ser olhada de forma 'estranha' e 'anormal' por isso é ainda infelizmente uma raridade ....
Obrigado Obrigado Obrigado!
Obrigado Obrigado Obrigado !
MUITO OBRIGADO !!!!!!!!!!!!!!!
;)

Daniela
2008-10-14 19:19:28
só p'ra dizer
realmente a mulher tá com uma cara de quem odeiam criancinhas. maléfica!

ana
2008-10-14 19:19:17
cm eu compreendo a vossa convidada...

Ricardo
2008-10-14 19:18:41
A convidada pode não querer ter filhos mas merece bem ir treinando :)

maria do carmo
2008-10-14 18:42:58
eu também não
Olá Fernando e Cátia,
gosto muito de vos ouvir, obrigada e continuem assim.
quanto ao tema eu também não quero ter filhos mas não tenho nenhum motivo em especial. Acho que não tenho filhos porque não tenho motivos para os ter e não para os não ter. Felizmente sou casada há 20 anos e o meu marido pensa da mesma maneira.
beijinhos

Mangunde
2008-10-14 17:40:07
Quando será a altura certa?
O problema que nos debatemos hoje em dia: Será que é a altura certa?
Casámos há um ano, temos prestação da casa, prestação do carro, despesas fixas: água, luz, gás, condomínio... e queremos continuar a ter alguma qualidade de vida...
Um filho agora irá estrangular as nossas finanças.
Mas este cenário irá manter-se pelos próximos 5, 10... 20 anos.
quando será a altura certa?