quarta-feira, 30 de junho de 2010

textos na DIF nº 75 - Junho/Julho 2010

Edição online em www.difmag.com.



Melt Project

Derrete-se na boa, mas não nas mãos


Há quem recicle, e há quem recicle à séria. O designer Rui Pereira elevou o conceito de reciclagem a um novo patamar e, com o seu Melt Project, propõe uma reflexão sobre a sociedade de consumo. Se o plástico é quem mais ordena, derreta-se o plástico. [...]







Pop Dell’Arte

Santo pop


Este mês, a palavra de ordem é pop. Não o “pop” de santos populares, mas de Pop Dell’Arte. Um dos projectos mais carismáticos da história da música moderna portuguesa está de regresso com um novo álbum de originais – “Contra Mundum”, lançado a 12 de Junho –, um disco que marca 25 anos de carreira da banda de João Peste. [...]






OSGÉMEOS+ Projecto CRONO

Entre a escada e a parede

A parede é a tela. A escada é o meio de lá chegar. Havendo tinta e inspiração, Lisboa vai ficando cada vez mais aberta à arte urbana. A prová-lo estão a primeira exposição de artistas de rua num museu – “Pra quem mora lá, o céu é lá”, dos brasileiros OSGÉMEOS – e o projecto CRONO, que já começou a dar um ar de sua graça em algumas ruas da cidade. [...]





Jeremy Dean

Uma carroça para o século XXI

O sonho americano está a mudar. Ou, pelo menos, há quem esteja a fazer por isso. É o caso do artista Jeremy Dean, criador de “Back to Futurama”, veículos ultra modernos, mas puxados por cavalos. [...]






quinta-feira, 24 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

podia jurar que ele cantava para mim, não fosse o sorriso terno preso numa letra imaginária

É praticamente meia-noite. O meu estômago já ronca depois de horas a fio sem meter nada que se veja no bucho. Não são horas de uma rapariga andar sozinha na rua, que diabo!, pensaria a minha mãe se me visse agora, ou o meu pai, ainda pior. Planos na cabeça para o dia de amanhã, tropeço neles enquanto atravesso a estrada - olho para um lado, olho para o outro, como se numa hora daquelas mais houvesse para além da fria aragem a arrepiar-me os pêlos dos braços. Endireito as costas e sei que, apesar de tudo, hoje foi um dia bom.
Faltam 5 minutos para chegar o eléctrico, dizem as luzinhas amarelas pontilhadas lá no alto. O 15, daqui a 5 minutos. Passa da meia-noite. E ele vem pelo passeio, bamboleante, de guitarra nos braços, calções largos e gorro apalhaçado na cabeça. Sorrio mal o vejo, e eis que lhe ouço os acordes. É uma guitarra ou um bandolim? Com esta idade já deveria saber a diferença. Parece-me um bandolim. Que se dane. Ele não está cá, fecha os olhos e toca, com o amor de quem acaricia uma namorada. E trauteia um suave e profundo "dairidaram dairidaré" com uma alegria apenas possível depois da meia-noite, numa paragem de eléctrico no Cais do Sodré. Eu entro. Ele entra a seguir. E toda a voz dele enche a carripana de madeira, indiferente aos solavancos. Chego ao Calvário e saio. Ele continua, de olhos fechados a cantar para dentro com toda a gana. E penso que também eu gostava de ser feliz daquela maneira.


eu até nem gosto de futebol, mas depois de ver isto vou passar a gostar...



Afixado na montra de um mini-mercado em Alcântara.