terça-feira, 27 de novembro de 2007

refúgio

O cansaço acumula-se, aos poucos, cobrindo a estrutura óssea de uma fina camada, tornando a pele macilenta e os olhos vazios. Exagero. Os escritores gostam sempre de hiperbolizar a realidade. E de inventar verbos também. Pela primeira vez em oito anos ouvi hoje as seguintes palavras: "se calhar era boa ideia planeares o teu trabalho de forma a antecipares as férias que marcaste para o final do ano..." Começo a pensar se estarei mais esgotada do que penso, se as respostas curtas e grossas já não são feitio mas defeito, se o duplicar dos cafés diários será de facto preocupante...
Chego a casa com mil coisas boas e mil coisas más na cabeça. O gato recebe-me, interessado em saber se trago guloseimas no saco. Há tanta coisa em mim por contar. Fecho a porta, silenciosa, e digo "boa noite" às paredes. Elas conhecem-me e acolhem-me. São minhas e eu sou delas. Chego ao meu refúgio, ponho música e afundo-me nos meus pensamentos. Res-pi-ro. Amanhã é outro dia.

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