quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

rendilhados



Às vezes acordava assim, embrulhada em papel de parede e suspensa num sorriso rendilhado de quem gosta de pormenores pequeninos e memórias quentes. Não precisava de espreitar pela porta, em direcção à janela oriental, para adivinhar a dança luminosa a entrar pelas vidraças. Um dia de cada vez, olhos estremunhados, pé ante pé e nariz frio, dedos encolhidos e saltinhos desequilibrados no chão de tábuas corridas. As folhas dos limoeiros cantam do lado de fora, em verdes de todas as cores e em melodias assobiadas pelo vento. Acordava e aquecia as mãos numa caneca de café negro e fumegante. O dia chegaria.

Sem comentários: