apanho-o no rossio
em caixa baixa que hoje não me apetece
falar alto.
apanho-o e dito a morada de sempre
calvário, debaixo da ponte
quando chegarmos aviso
e sigo de olhos postos
nas paredes de uma
vinte e quatro de julho
de uma madrugada entre sábado
e domingo
putos a mijar contra caixas
de alta tensão
as filas do costume
nas estradas e nos passeios
vomitada pela rádio uma música
estupidamente alegre
um qualquer hit assexuado dos
anos sessenta
tão inadequado
quanto a pontuação
no discorrer
dos pensamentos turvos.
calvário, onde é que é essa rua
que eu não estou bem a ver?
vire à esquerda, faz favor
cinco euros e uns trocos
não me lembro quantos
subo as escadas gementes
e de repente
fora de mim
já é manhã.