quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

à espera dos 31


[foto de alexandra gil]

|| Calmaria ||

O vento passa por entre os pinheiros
Num sopro suave, dança, ao entardecer
Púrpuras, as nuvens, são como veleiros
Navegam em mar de céu de vista a perder.
Sossega, criança, a noite desprende devagar
Há caruma aos pés, musgo fofo de almofada
Bolotas e cogumelos, frágeis teias d’encantar.
Faz um barco de corcódea, partes com a alvorada.
Acolá, uma rã mergulha nas águas quietas
Cobertas de ervas e limos. E mais duas que saltam!
Mil cores reflectidas: libélulas de asas abertas
São as princesas que nesta história faltam.
Com folhas de castanheiro faço uma coroa bela
Sou a rainha orgulhosa deste pedaço de terra
Tenho um exército de bugalhos e uma espada amarela
Corro atrás dum gafanhoto e declaro-lhe guerra.
Toca uma orquestra inventada pelas ladeiras
Os muros passados a salto, em ritmos ermos
São entraves breves – há mil e uma maneiras
De viver outras vidas: basta querermos.

(25.12.2007)

3 comentários:

Naked Lunch disse...

bolotas e cogumelos... :)

está quase...

laura disse...

Está quase, pois... Mas as bolotas e cogumelos são do campo, pá!!!! ;)))

Piloto Automatico disse...

Páh, tens licença para ficares tão bem nas fotos? Deves ser Beirã tu!
Bjs grandes e cheios de calorias.
F