terça-feira, 8 de abril de 2008

o condutor de eléctricos que ouvia jazz pela manhã


Desperto, devagar, para a melodia. No semáforo aguarda a luz, a mão cautelosa, sobre a manivela, traça uma circunferência lenta, a compasso. Há um piano dentro do eléctrico, a acompanhar as gotas de chuva que lambem as vidraças. Um plim plim plim matinal, uma oferenda do 18 aos rostos cinzentos de mau tempo que cruzam a porta. Chego ao meu destino, o dedo na campainha vermelha e plim! Salto para a rua, por cima de uma poça, toco o chão com os pés e digo, baixinho, com ar malandro de quem descobriu um segredo: Até jazz...

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