Imagem emprestada daqui.
Há muitas coisas que me fazem sentir miserável - pés frios, extractos bancários e ver fotos com a minha cara são algumas delas - mas nada como uma valente constipação para que o meu índice de auto-comiseração atinja o seu pico mais elevado.
Nunca percebo ao certo como apanho constipações. É verdade que nunca uso guarda-chuva, volta e meia apanho com uns pingos de água, não tenho aquecedor em casa e não deixo de ir a lado nenhum só porque está frio. Mas tenho cá para mim que os malditos ares condicionados dos transportes públicos têm alguma a coisa a ver com o meu estado adoentado dos últimos dias... Isso e o senhor desdentado que há dias espirrou para cima de mim no 759.... (esta última parte é ficção, só para a piada, caso contrário, tinha-me auto-imolado logo ali...)
De modo que estou doente desde domingo. A coisa começou com umas arranhadelas na garganta, um pouco como se tivesse engolido um dos meus gatos durante o sono - às vezes durmo de boca aberta, nunca se sabe. Na segunda-feira a tosse veio juntar-se à festa mesmo sem ser convidada e, antecipando outros convivas inesperados - febre, dor de cabeça, mucos vários e uma colossal vontade de cortar os pulsos - tratei de munir-me das drogas necessárias para fazer uma festa privada lá por casa na terça-feira. Ben-u-ron, Mucusolvan, limões, pernas de frango e massa para canja. Consti-party, aí vou eu!!!
Viver sozinha e estar doente é das coisas mais tristes e ridículas deste mundo. Primeiro, porque a vontade de nos levantarmos da cama é nula e o simples facto de escovar os dentes se assemelha ao calhau que o Sísifo tinha de empurrar montanha acima. Em segundo lugar, porque se a constipação não nos mata, ao vermos o nosso reflexo no espelho, de pijama, com o cabelo desgrenhado, o nariz vermelho e a pingar, a cara pálida e cheia de olheiras, desejamos ter uma arma à mão para acabar de vez com a miséria. Em terceiro lugar, porque as pessoas que eventualmente (eu disse eventualmente) nos telefonam para saber de nós desligam assim que ouvem a nossa voz rouca e viril, pensando que se enganaram no número. Por último, porque temos de ser nós próprias a fazer as coisas básicas que garantem a sobrevivência: algo que se assemelhe a comida e chá de limão com mel e um q.b. de aguardente. A ideia de ter um sofá-kitchenette, onde pudesse estar deitada e aceder facilmente ao fogão e ao frigorífico, já me pareceu mais descabida.
Foi duro sobreviver ao dia de ontem. Especialmente porque o comando da televisão avariou e tinha duas opções à minha frente: levantar-me de cada vez que pretendia mudar de canal ou ficar todo o dia a ver reposições de séries de gaja no Fox Life. Sou fraca. Sei de cor as falas da primeira série da Anatomia de Grey e de uns quantos episódios das Donas de Casa Desesperadas.
A vantagem de estar fechada em casa o dia todo a curar uma constipação é... hum... esperem... eu tinha de certeza pensado em qualquer coisa de positivo. Ou se calhar não. Não arrumei a casa, não dobrei a roupa que se empilha vertiginosamente no quarto, não fiz absolutamente nada de produtivo, a não ser estender-me no sofá debaixo de um cobertor a produzir ranhoca e a transpirar sensualidade.
Hoje já estou melhorzinha, obrigada. À excepção do rasto de lenços de papel e da voz viril, estou quase... aaaa... aaaa... aaaatchiiiimmmm!!!!... normal...
Seja lá o que isso for.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
há precisamente dez anos...
- Vivia num quarto alugado numa cave em Campo de Ourique.
- Tomei a decisão de ficar em Lisboa a trabalhar.
- Fiquei sem namorado por causa da decisão anterior.
- Identificava as zonas de Lisboa segundo as cores das linhas do Metro.
- Sabia de cor as letras de "O Monstro Precisa de Amigos".
- Arrumei de vez a carta de condução (dinheiro desperdiçado).
- Fiz as minhas primeiras entrevistas dignas desse nome, à Elisabete Jacinto e aos The Gift.
- Escrevia 90 por cento de cartas e 10 por cento de e-mails.
- Vi "The Straight Story" do David Lynch na companhia de um amigo que só daí a um ano seria muito mais.
- Estava ansiosa para ver o que ia acontecer com o bug Y2K.
- Usava saltos altos com muito mais frequência.
- Andava com disquetes na mala.
- Deram-me o meu primeiro telemóvel, porque tinha o hábito de ir de viagem e nunca ligar a dizer que estava viva.
- A minha memória era muito melhor que actualmente...
- Tomei a decisão de ficar em Lisboa a trabalhar.
- Fiquei sem namorado por causa da decisão anterior.
- Identificava as zonas de Lisboa segundo as cores das linhas do Metro.
- Sabia de cor as letras de "O Monstro Precisa de Amigos".
- Arrumei de vez a carta de condução (dinheiro desperdiçado).
- Fiz as minhas primeiras entrevistas dignas desse nome, à Elisabete Jacinto e aos The Gift.
- Escrevia 90 por cento de cartas e 10 por cento de e-mails.
- Vi "The Straight Story" do David Lynch na companhia de um amigo que só daí a um ano seria muito mais.
- Estava ansiosa para ver o que ia acontecer com o bug Y2K.
- Usava saltos altos com muito mais frequência.
- Andava com disquetes na mala.
- Deram-me o meu primeiro telemóvel, porque tinha o hábito de ir de viagem e nunca ligar a dizer que estava viva.
- A minha memória era muito melhor que actualmente...
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
sol de inverno
Não gosto do Natal. Desde que o meu avô materno morreu, no Natal de 2001 (nunca conheci o meu avô paterno), toda a cerimónia, que já não me dizia muito, deixou de ter importância. Apesar de a família nunca ter sido muito chegada, a morte do homem que está em grande plano na foto, de peito cheio e cabeça erguida, marcou a ruptura de qualquer coisa ténue que nos unia.
O Natal deixou há muito de ser alegre para se tornar um aglomerado de dias saudosistas, frios e infindáveis. O facto de ter aderido ao ateísmo p'rai à segunda aula de catequese também não ajuda muito ao espírito natalício, é certo.
Isto tudo para dizer que hoje de manhã, depois de ter acordado com um sol de Inverno magnífico, apanhei o primeiro autocarro do dia, onde um senhor trauteava alegremente uma canção de Natal. Alguns passageiros riam, outros cochichavam, outros ignoravam. Quando chegou à paragem onde iria sair, o senhor da canção mudou de cantilena e trauteou, com uma voz suave e feliz, qualquer coisa como "haja sol para animar o dia..." E saiu. E eu fui o resto da viagem a sorrir. Obrigada.
O Natal deixou há muito de ser alegre para se tornar um aglomerado de dias saudosistas, frios e infindáveis. O facto de ter aderido ao ateísmo p'rai à segunda aula de catequese também não ajuda muito ao espírito natalício, é certo.
Isto tudo para dizer que hoje de manhã, depois de ter acordado com um sol de Inverno magnífico, apanhei o primeiro autocarro do dia, onde um senhor trauteava alegremente uma canção de Natal. Alguns passageiros riam, outros cochichavam, outros ignoravam. Quando chegou à paragem onde iria sair, o senhor da canção mudou de cantilena e trauteou, com uma voz suave e feliz, qualquer coisa como "haja sol para animar o dia..." E saiu. E eu fui o resto da viagem a sorrir. Obrigada.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
frases míticas e trágicas da adolescência...
"Posso-te conhecer?"
"Já tocou p'ra dentro?"
"Posso escrever-te? Dá-me a tua morada..."
"Pá, tens de voltar a gravar-me o Unplugged dos Nirvana porque o meu leitor enrolou-me a fita toda..."
"Vou à papelaria comprar o Blitz."
"Empresta-me aí 500 paus..."
"Diz ao XXX que estou a fumar atrás do pavilhão."
"Já tocou p'ra dentro?"
"Posso escrever-te? Dá-me a tua morada..."
"Pá, tens de voltar a gravar-me o Unplugged dos Nirvana porque o meu leitor enrolou-me a fita toda..."
"Vou à papelaria comprar o Blitz."
"Empresta-me aí 500 paus..."
"Diz ao XXX que estou a fumar atrás do pavilhão."
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
gps para a vida
Texto escrito e publicado no extinto blog "Passa aí o Lexotan" a 13 de Julho de 2005. Agora que caminho para os 32, o GPS faz mais falta que nunca...
Imagem daqui.
- Bom dia, vinha fazer uma reclamação...
- Diga.
- Esta vida que adquiri há 27 anos e alguns meses está estragada. Está cheia de buracos, verte água por todos os poros, não sabe caminhar na direcção certa e não sabe estar sozinha. Esta vida não me serve.
- Fez uso indevido desta vida. Manipulou-a de forma inadequada?
- Bem... o que entende por uso indevido?
- Álcool, tabaco, drogas, sexo, frio ou calor extremos... Além das lágrimas, que são do pior. Enferrujam...
- Já percebi. Uso indevido, portanto... Então, o facto de estar dentro da garantia não me vale de muito...
- Pois, receio que não. Como quer ter uma vida em bom estado se não sabe como cuidar dela?
- Mas de que me serve ter uma vida se é para ficar na prateleira?
- Quando adquiriu esta vida já sabia dos cuidados a ter em conta...
- Não, por acaso não. A vida foi-me oferecida.
- Então e não a avisaram?
- Hum... Pois... Não. Mas diga-me lá... Isto tem conserto?
- Para remediar, pode pôr uns pensos rápidos aqui e ali. Sempre vai vedando qualquer coisa. E se quiser que a sua vida caminhe na direcção certa, podemos montar-lhe um sistema de GPS.
- E isso funciona?
- Bom, sempre fica mais barato do que trocar de vida...
- Então que venha lá esse GPS!
domingo, 13 de dezembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #19
O novo trabalho de Samuel Úria, "Nem Lhe Tocava". Estou rendida ao dengoso e trágico "Não Arrastes o Meu Caixão". Gosto da palavra "sevícias"...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
tantos gatos, tantos gatos...
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
dez argumentos infalíveis para persuadir os donos dos cafés a deixarem-nos usar o wc dos respectivos estabelecimentos
Imagem emprestada daqui.
Sou, como direi, uma rapariga com bexiga de passarinho. Como pedestre que sou, nas minhas andanças fora de casa é frequente acontecer-me a bexiga dar sinal e, à falta da minha simpática casa-de-banho onde há sempre papel higiénico e revistas diversas, se estiver mesmo aflitinha, procuro um café ou restaurante onde, em princípio, não irei apanhar gripe A, uma infecção urinária ou pé de atleta. É um desafio interessante, digo-vos desde já... Não raramente dou por mim a pensar que o Homem já conquistou tanto, mas ainda não conseguiu, com tanto avanço científico, criar um mecanismo que nos deixe ir satisfazer este género de necessidades apenas quando nos der jeito. Adiante...
Hoje aconteceu-me um chichi inadiável ali para os lados dos Restauradores. Tendo tempo nas mãos decidi entrar num desses Magnólias caffes - com dois ff, que tem mais pedigree - com a intenção de satisfazer a minha necessidade fisiológica e, depois, beber um chá (lá está, temos de repor os líquidos em falta). Dirigi-me ao wc, cuja porta ostentava de forma gritante uma placa dando conta de que o uso dos lavabos era exclusivo dos clientes do café. Perante uma porta trancada, dirigi-me ao balcão para pedir a chave. Diálogo com a menina do balcão:
- Boa tarde. É possível dar-me a chave da casa-de-banho, por favor?
- Ahhhh... A casa-de-banho é só para clientes...
- Sim, tudo bem... Mas posso primeiro ir à casa-de-banho e ser cliente a seguir?
- Ahhhh...
Não muito convencida, a menina lá me deu a chave. E sim, a seguir lá bebi o meu cházinho e comecei a pensar seriamente na crueldade que é negar o uso de uma casa-de-banho a uma pessoa aflita. No mínimo desumano!
Por isso, aqui fica uma lista de estratégias para persuadir os donos e empregados dos estabelecimentos comerciais em momentos de aflição, evitando ter de comprar uma água ou uma pastilha bubbalicious apenas para se ganhar o estatuto de "cliente".
1. (Entrar a correr com ar ofegante) Rápido!!! Não há tempo a perder!!!!!! Sou o Super-Homem e neste preciso momento há um asteróide em risco de chocar com a Terra. Irão morrer milhões de pessoas e alguns pombos se eu não for já ao wc trocar de identidade e vestir o meu maiô de gosto duvidoso!!!!!!!!
2. Boa tarde. Estou praticamente a dar à luz e preciso de um sítio reservado para ter esta criança e uivar de dor enquanto ela me rasga as entranhas. Onde é o wc? Quantos rolos de papel tem na arrecadação?
3. Saudações! Venho do ano 3074 e o portal espacio-temporal que me levará de regresso encontra-se na sanita do seu wc e irá fechar-se dentro de 30 segundos. Preciso de dar já o salto ou ficarei para sempre presa no corpo desta jornalista solteira de 32 anos que trabalha a recibos verdes. Por favor, deixe-me voltar para 3074!! Por favor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4. Se não me deixar usar o seu wc vou ficar aqui ao seu lado todo o dia a dizer piadas extremamente parvas. Olhe para mim!! Eu NÃO estou a brincar!!
5. Ora viva! Sou fiscal da ASAE e venho verificar se a quantidade de WC Pato na água da sanita está de acordo com as normas legais. Não tente impedir-me, é pior para si.
6. Ouvi dizer que no wc do seu café há uma parede com uma uma mancha de humidade que parece mesmo, mesmo, mesmo o José Cid. Posso ir tirar uma fotografia com o meu telemóvel? Prometo que a seguir lhe mostro a foto que tirei ontem a um pastel de nata igualzinho ao Cristiano Ronaldo!
7. Há um grupo no Facebook que elogia grandemente os lavabos deste café. Importa-se que eu dê uma espreitadela? É que já me tornei fã e cliquei no "like" em todos os meus amigos que aderiram.
8. Paizinho!!! Não me reconhece? Sou a sua filha desaparecida há 25 anos... Temos mesmo de pôr a conversa em dia!! Mas entretanto, com tanta emoção, já devo ter borrado a maquilhagem. Deixe-me só ir ali ao wc que já venho ter consigo...
9. Olá!! Sou do "Querido Mudei a Casa" e você foi contemplado com uma remodelação do wc! Não é o máximo?? Tenho só que tirar umas medidas... para o novo mobiliário, sim, sim, isso mesmo...
10. Errr... (cof! cof!) Desculpe... Eu estive aqui de manhã a dar à luz na sua casa-de-banho e tenho a impressão que me esqueci do miúdo no lavatório... Importa-se que... É só um instantinho, com licença...
Sou, como direi, uma rapariga com bexiga de passarinho. Como pedestre que sou, nas minhas andanças fora de casa é frequente acontecer-me a bexiga dar sinal e, à falta da minha simpática casa-de-banho onde há sempre papel higiénico e revistas diversas, se estiver mesmo aflitinha, procuro um café ou restaurante onde, em princípio, não irei apanhar gripe A, uma infecção urinária ou pé de atleta. É um desafio interessante, digo-vos desde já... Não raramente dou por mim a pensar que o Homem já conquistou tanto, mas ainda não conseguiu, com tanto avanço científico, criar um mecanismo que nos deixe ir satisfazer este género de necessidades apenas quando nos der jeito. Adiante...
Hoje aconteceu-me um chichi inadiável ali para os lados dos Restauradores. Tendo tempo nas mãos decidi entrar num desses Magnólias caffes - com dois ff, que tem mais pedigree - com a intenção de satisfazer a minha necessidade fisiológica e, depois, beber um chá (lá está, temos de repor os líquidos em falta). Dirigi-me ao wc, cuja porta ostentava de forma gritante uma placa dando conta de que o uso dos lavabos era exclusivo dos clientes do café. Perante uma porta trancada, dirigi-me ao balcão para pedir a chave. Diálogo com a menina do balcão:
- Boa tarde. É possível dar-me a chave da casa-de-banho, por favor?
- Ahhhh... A casa-de-banho é só para clientes...
- Sim, tudo bem... Mas posso primeiro ir à casa-de-banho e ser cliente a seguir?
- Ahhhh...
Não muito convencida, a menina lá me deu a chave. E sim, a seguir lá bebi o meu cházinho e comecei a pensar seriamente na crueldade que é negar o uso de uma casa-de-banho a uma pessoa aflita. No mínimo desumano!
Por isso, aqui fica uma lista de estratégias para persuadir os donos e empregados dos estabelecimentos comerciais em momentos de aflição, evitando ter de comprar uma água ou uma pastilha bubbalicious apenas para se ganhar o estatuto de "cliente".
1. (Entrar a correr com ar ofegante) Rápido!!! Não há tempo a perder!!!!!! Sou o Super-Homem e neste preciso momento há um asteróide em risco de chocar com a Terra. Irão morrer milhões de pessoas e alguns pombos se eu não for já ao wc trocar de identidade e vestir o meu maiô de gosto duvidoso!!!!!!!!
2. Boa tarde. Estou praticamente a dar à luz e preciso de um sítio reservado para ter esta criança e uivar de dor enquanto ela me rasga as entranhas. Onde é o wc? Quantos rolos de papel tem na arrecadação?
3. Saudações! Venho do ano 3074 e o portal espacio-temporal que me levará de regresso encontra-se na sanita do seu wc e irá fechar-se dentro de 30 segundos. Preciso de dar já o salto ou ficarei para sempre presa no corpo desta jornalista solteira de 32 anos que trabalha a recibos verdes. Por favor, deixe-me voltar para 3074!! Por favor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4. Se não me deixar usar o seu wc vou ficar aqui ao seu lado todo o dia a dizer piadas extremamente parvas. Olhe para mim!! Eu NÃO estou a brincar!!
5. Ora viva! Sou fiscal da ASAE e venho verificar se a quantidade de WC Pato na água da sanita está de acordo com as normas legais. Não tente impedir-me, é pior para si.
6. Ouvi dizer que no wc do seu café há uma parede com uma uma mancha de humidade que parece mesmo, mesmo, mesmo o José Cid. Posso ir tirar uma fotografia com o meu telemóvel? Prometo que a seguir lhe mostro a foto que tirei ontem a um pastel de nata igualzinho ao Cristiano Ronaldo!
7. Há um grupo no Facebook que elogia grandemente os lavabos deste café. Importa-se que eu dê uma espreitadela? É que já me tornei fã e cliquei no "like" em todos os meus amigos que aderiram.
8. Paizinho!!! Não me reconhece? Sou a sua filha desaparecida há 25 anos... Temos mesmo de pôr a conversa em dia!! Mas entretanto, com tanta emoção, já devo ter borrado a maquilhagem. Deixe-me só ir ali ao wc que já venho ter consigo...
9. Olá!! Sou do "Querido Mudei a Casa" e você foi contemplado com uma remodelação do wc! Não é o máximo?? Tenho só que tirar umas medidas... para o novo mobiliário, sim, sim, isso mesmo...
10. Errr... (cof! cof!) Desculpe... Eu estive aqui de manhã a dar à luz na sua casa-de-banho e tenho a impressão que me esqueci do miúdo no lavatório... Importa-se que... É só um instantinho, com licença...
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
artigos na edição de novembro da dif
Textos de minha autoria na edição de Novembro da revista DIF.
A edição online está disponível em www.difmag.com.
Pela sala fora
Estamos em crer que, se a dimensão da casa o permitisse, muita gente teria no quarto ou na sala a sua mota ou carro de estimação. Não chegando a esse extremo, a reciclagem de partes de motas – Vespas e Lambrettas –, de carros antigos – Cadillacs, Mustangs ou Chevrolets – ou mesmo de modernas bicicletas, permite decorar o lar doce lar com pinta de Easy Rider. Se não puderes ser um cowboy do asfalto sê, pelo menos, um cowboy da alcatifa. [...]
Robert Bradford: Toys Art Us
Descobrir as esculturas de Robert Bradford é ter a sensação de que houve um enorme acidente doméstico envolvendo a mascote lá de casa, uma lata de cola e as caixas de bugigangas que estavam guardadas na despensa. Através de um trabalho minucioso, o artista britânico desafia-nos a fazer zoom in e a perceber com quantos soldadinhos de plástico se faz um basset hound. [...]
Milton Glaser - I ♥ NY
Milton Glaser é um vulto maior do design gráfico e da ilustração norte-americanos. Foi ele quem desenhou o famoso logótipo I ♥ NY, uma imagem que, 34 anos depois, é um dos ícones mais reconhecidos a nível mundial. Nesta edição da DIF em que se desvendam os segredos da Big Apple falámos com Milton Glaser para saber como é possível amar tanto uma cidade. [...]
A edição online está disponível em www.difmag.com.
Pela sala fora
Estamos em crer que, se a dimensão da casa o permitisse, muita gente teria no quarto ou na sala a sua mota ou carro de estimação. Não chegando a esse extremo, a reciclagem de partes de motas – Vespas e Lambrettas –, de carros antigos – Cadillacs, Mustangs ou Chevrolets – ou mesmo de modernas bicicletas, permite decorar o lar doce lar com pinta de Easy Rider. Se não puderes ser um cowboy do asfalto sê, pelo menos, um cowboy da alcatifa. [...]
Robert Bradford: Toys Art Us
Descobrir as esculturas de Robert Bradford é ter a sensação de que houve um enorme acidente doméstico envolvendo a mascote lá de casa, uma lata de cola e as caixas de bugigangas que estavam guardadas na despensa. Através de um trabalho minucioso, o artista britânico desafia-nos a fazer zoom in e a perceber com quantos soldadinhos de plástico se faz um basset hound. [...]
Milton Glaser - I ♥ NY
Milton Glaser é um vulto maior do design gráfico e da ilustração norte-americanos. Foi ele quem desenhou o famoso logótipo I ♥ NY, uma imagem que, 34 anos depois, é um dos ícones mais reconhecidos a nível mundial. Nesta edição da DIF em que se desvendam os segredos da Big Apple falámos com Milton Glaser para saber como é possível amar tanto uma cidade. [...]
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
luz verde
Percorro os metros de calçada no passeio que me leva a casa e percebo, a aproximar-se, a luz brilhante da loja de antiguidades. Sou uma Alice deste lado do espelho e salto para a montra onde o tempo parou, onde cada recanto é uma casa e onde cada objecto é uma personagem com vida. Percorro toda a extensão da montra para não perder pitada, para mirar de todos os ângulos, dou pulos de nariz no ar para ver o que se esconde lá atrás. Os cristais dos candelabros no tecto soltam chispas de luz e tremem à passagem do eléctrico. Sob os meus pés as pedras movem-se. Os candeeiros gémeos sorriem-me, como fazem todas as noites. Um deles diz-me "até amanhã" e eu sigo, então, com luz verde cá dentro.
domingo, 29 de novembro de 2009
suficiente
nunca o suficiente
nada suficiente
não bela
não grande
ou inteligente
não satisfaz
não extraordinária
não diferente
o suficiente.
não importante
não profunda
não amorosamente
supostamente
envolvente
o suficiente
não eu
o suficiente.
nunca
praticamente
o suficiente.
nada suficiente
não bela
não grande
ou inteligente
não satisfaz
não extraordinária
não diferente
o suficiente.
não importante
não profunda
não amorosamente
supostamente
envolvente
o suficiente
não eu
o suficiente.
nunca
praticamente
o suficiente.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
dominó de roda
A passarola é batoteira, mas eu gosto dela - e do fabuloso dominó de roda, que um dia ainda lhe hei-de roubar - e está quase a fazer um ano que nos conhecemos, ao som da melhor música no "Santiago Optimista" ;)))
sábado, 21 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #18
Sorriem-me os cantos dos lábios enquanto ergo as mãos ao alto e canto em louvor de coisa nenhuma, só porque "Strictly Game", do álbum Technicolor Health dos Harlem Shakes me faz crer que amanhã será melhor. Tem que ser. Make a little money, take a lot of shit / Feel real bad, then get over it / This will be a better year, dizem eles...
lengalenga
passou por mim hoje
um rapaz
que me chamou bonita.
e eu que não fui capaz
de assim me ver
apenas fugi,
aflita.
um rapaz
que me chamou bonita.
e eu que não fui capaz
de assim me ver
apenas fugi,
aflita.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #17
Há um bocadinho de Norberto Lobo neste "Time to Die" dos norte-americanos The Dodos, não me venham dizer que não há. Comecei por ouvir o refrescante "Fables", mas o dedilhar da guitarra em vários temas do álbum - como "Trollnacht" ou "Acorn Factory" - é uma bela surpresa.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #16
Ainda me estou a rir com o clip de "People C'mon" dos Delta Spirit - do álbum de estreia Ode To Sunshine. Adoro a música, mas amo o vídeo.
Qual hang the DJ! Kill the lead singer!
Video @ Youtube
Desafio: Quantas obras aparecem no vídeo e quais são os pintores?
Vale uma 'mine'.
Qual hang the DJ! Kill the lead singer!
Video @ Youtube
Desafio: Quantas obras aparecem no vídeo e quais são os pintores?
Vale uma 'mine'.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #15
"Este Mundo" e todos os outros do segundo álbum da Rupa.
("it takes one to know one, and it takes two to tango.")
domingo, 8 de novembro de 2009
sabemos que estamos velhas quando...
Estou à beira dos 32 anos. Volta e meia já me engano e digo que tenho 32 em vez de 31, como se, inconscientemente, me estivesse já a mentalizar da idade que terei daqui a dois meses. É uma idade tramada. Não porque esteja, de facto, velha fisicamente, mas porque os 32 marcam toda uma forma de estar e de ser que nem sempre está de acordo com o que nos vai cá dentro. Ainda me falta fazer muito, apesar de já ter vivido tanto. Mas sei que estou a ficar velha quando:
- Me divirto mais num jantar com uma garrafa de Periquita na mesa do que a beber imperiais num bar com gente desconhecida;
- Mais de 70 por cento da conversa do jantar é sobre as contas que é preciso pagar e o dinheiro que não se tem;
- Antes de sair à rua pinto os olhos e passo a noite a chorar porque o lápis me está a fazer alergia;
- Reclamo dos DJ's que passam música no Lounge porque não passam nada que dê para abanar um bocado as ancas;
- Vou parar ao Tokyo no Cais do Sodré e tenho o momento alto da noite a dançar - e a cantar!! - o "Moonlight Shadow";
- Sei praticamente de cor a playlist do Tokyo. É praticamente a mesma que o Adam Curry e o Nino Firetto passavam no Music Box na RTP2. E os clientes do Tokyo estão lá mais ou menos desde essa altura;
- Apanho o Night Bus gratuito da Carris e cerca de 90 por cento dos passageiros têm idade para ser meus filhos;
- No caminho para casa, os sapatos mais confortáveis que tenho começam a magoar-me os pés e a deixar entrar água;
- Um rapaz me pergunta se sei onde é que está a acontecer um certa festa trance e eu, além de responder que não faço a mínima ideia, tenho vontade de lhe perguntar se tem idade para estar na rua àquelas horas;
- Ao chegar a casa, apesar de serem 4 da manhã de domingo, inconscientemente, abro a caixa de correio para ver se tenho cartas;
- Respiro de alívio ao tirar os sapatos e ao chegar à minha cama, sabendo que amanhã é domingo e vou poder dormir até tarde, para estar em condições aceitáveis de ir trabalhar na segunda-feira.
- Me divirto mais num jantar com uma garrafa de Periquita na mesa do que a beber imperiais num bar com gente desconhecida;
- Mais de 70 por cento da conversa do jantar é sobre as contas que é preciso pagar e o dinheiro que não se tem;
- Antes de sair à rua pinto os olhos e passo a noite a chorar porque o lápis me está a fazer alergia;
- Reclamo dos DJ's que passam música no Lounge porque não passam nada que dê para abanar um bocado as ancas;
- Vou parar ao Tokyo no Cais do Sodré e tenho o momento alto da noite a dançar - e a cantar!! - o "Moonlight Shadow";
- Sei praticamente de cor a playlist do Tokyo. É praticamente a mesma que o Adam Curry e o Nino Firetto passavam no Music Box na RTP2. E os clientes do Tokyo estão lá mais ou menos desde essa altura;
- Apanho o Night Bus gratuito da Carris e cerca de 90 por cento dos passageiros têm idade para ser meus filhos;
- No caminho para casa, os sapatos mais confortáveis que tenho começam a magoar-me os pés e a deixar entrar água;
- Um rapaz me pergunta se sei onde é que está a acontecer um certa festa trance e eu, além de responder que não faço a mínima ideia, tenho vontade de lhe perguntar se tem idade para estar na rua àquelas horas;
- Ao chegar a casa, apesar de serem 4 da manhã de domingo, inconscientemente, abro a caixa de correio para ver se tenho cartas;
- Respiro de alívio ao tirar os sapatos e ao chegar à minha cama, sabendo que amanhã é domingo e vou poder dormir até tarde, para estar em condições aceitáveis de ir trabalhar na segunda-feira.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #14
Os prados verdejantes onde crescem os búfalos aguardam o regresso de Jimmy. Melancolia e doçura de Moriarty num dia de nuvens luminosas.
para o meu amigo-irmão rui
Hoje dei por mim a ver e-mail antigos, já com alguns anos em cima, e lembrei-me de uma coisa:
CARUMA!!!!!!!!!!!!
(Quando vires este post, pisca os olhos duas vezes, para eu saber... :))
CARUMA!!!!!!!!!!!!
(Quando vires este post, pisca os olhos duas vezes, para eu saber... :))
terça-feira, 3 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
jantar de halloween
Mãozinha de zombie com puré
Mistura-se a mão de zombie com alho, cenoura, chouriço, salsa, pão ralado e vinho branco. Cobre-se com lascas de queijo e aparam-se as unhas, que os zombies têm tendência a arranhar quando vão ao forno.
Ao fim de uns 40 minutos - ou quando a mão de zombie começar a arranhar a porta do forno - retira-se o tabuleiro. Que cheirinho a cadáver!
Serve-se com puré e decora-se cortando a jugular de um dos convivas.
«-Mas que belo zombie este!»
«-Foi apanhado fresquinho, hoje de manhã...»
São servidos de um dedo?
Muahahahahahahaah!!!!!!!!!!!!
Mistura-se a mão de zombie com alho, cenoura, chouriço, salsa, pão ralado e vinho branco. Cobre-se com lascas de queijo e aparam-se as unhas, que os zombies têm tendência a arranhar quando vão ao forno.
Ao fim de uns 40 minutos - ou quando a mão de zombie começar a arranhar a porta do forno - retira-se o tabuleiro. Que cheirinho a cadáver!
Serve-se com puré e decora-se cortando a jugular de um dos convivas.
«-Mas que belo zombie este!»
«-Foi apanhado fresquinho, hoje de manhã...»
São servidos de um dedo?
Muahahahahahahaah!!!!!!!!!!!!
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
sugestões para sessão de filmes na noite de halloween / dia dos mortos
BRAINDEAD (1992)
KILLER KLOWNS FROM OUTER SPACE(1988)
KILLER KLOWNS FROM OUTER SPACE(1988)
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
pinocchio's paradox
quero um licor beirão com duas pedras de gelo
e um concerto ausente da scout niblett
com os teus braços
moldados em mim.
quero
gravar-te um cd
com ouro dos tolos
e guitarras das nossas vidas passadas.
quero
a tua voz três ou quatro vezes por dia
às três da manhã.
com duas pedras de gelo.
e um concerto ausente da scout niblett
com os teus braços
moldados em mim.
quero
gravar-te um cd
com ouro dos tolos
e guitarras das nossas vidas passadas.
quero
a tua voz três ou quatro vezes por dia
às três da manhã.
com duas pedras de gelo.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
crop
domingo, 25 de outubro de 2009
nove dígitos
o teu número de telefone
é o único
que sei de cor
numa agenda de nomes
por ordem alfabética
pode tratar-se de amor
ou de uma simples
crise poética.
é o único
que sei de cor
numa agenda de nomes
por ordem alfabética
pode tratar-se de amor
ou de uma simples
crise poética.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #13
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
artigos na edição de outubro da dif
Textos de minha autoria na edição deste mês da revista DIF.
A edição online está disponível em www.difmag.com [ficheiro pesado, com cerca de 15 megas].
O regresso da K7
Se o vídeo matou a estrela da rádio, os CDs e os mp3 condenaram a cassete à extinção. Ou talvez não. Se é verdade que nada se cria e nada se perde, também é verdade que tudo se transforma. Porque saudade rima com criatividade.
Princesas caídas
A fotógrafa Dina Goldstein pegou no “era uma vez” dos contos infantis e trouxe as princesas encantadas para os dias de hoje. As “Fallen Princesses” não têm, necessariamente, um final feliz…
Orgânica mecânica
Penetramos nos desenhos e esculturas de 36 (Trente Six) e viajamos ao interior de um filme de ficção científica. Não são pedaços do Hubble que caíram na Terra, mas sim a imaginação do designer francês que anda à deriva.
A edição online está disponível em www.difmag.com [ficheiro pesado, com cerca de 15 megas].
O regresso da K7
Se o vídeo matou a estrela da rádio, os CDs e os mp3 condenaram a cassete à extinção. Ou talvez não. Se é verdade que nada se cria e nada se perde, também é verdade que tudo se transforma. Porque saudade rima com criatividade.
Princesas caídas
A fotógrafa Dina Goldstein pegou no “era uma vez” dos contos infantis e trouxe as princesas encantadas para os dias de hoje. As “Fallen Princesses” não têm, necessariamente, um final feliz…
Orgânica mecânica
Penetramos nos desenhos e esculturas de 36 (Trente Six) e viajamos ao interior de um filme de ficção científica. Não são pedaços do Hubble que caíram na Terra, mas sim a imaginação do designer francês que anda à deriva.
domingo, 18 de outubro de 2009
bonita eu sei lá
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #11
Têm um ar completamente azeiteiro, mas o cover de "Hey Ya" - um original de Outkast - pelos berlinenses The BossHoss é absolutamente irresistível.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #10
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #09
Descobrem-se melodias sorridentes e cintilantes neste "Nº 2" dos misteriosos jj. "Things Will Never Be The Same Again" vai bem com o sol a romper por entre as nuvens a seguir a uma intensa chuvada de Verão. E com cheiro a terra molhada.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #08
Segunda-feira, os neurónios ainda adormecidos pela quietude do fim-de-semana despertam, lânguidamente, com "The BQE" de Sufjan Stevens.
sentidos
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
ouve-se hoje neste t1 #07
"PLaces Like This", dos Architecture in Helsinki. Já não é novo - é de 2007 - mas descobri-os recentemente. O fantástico "Heart it Races" deu origem ao não menos fantástico "Kamphopo" de The Very Best.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
a qualidade é uma gaja estranha...
É muito triste. É triste que um espaço que tenha estado anos e anos abandonado, só se torne cobiçado quando alguém o ocupa. Durante os muitos anos em que trabalhei na Rua da Madalena fui acompanhando as várias fases do Mercado do Chão do Loureiro, mesmo em frente do Bar das Imagens e do café Verdeperto, como quem vai para a Costa do Castelo. Acompanhei a degradação; acompanhei a abertura pontual para um bailarico durante os Santos Populares; acompanhei o (julgo) sem-abrigo que transformou uma parte do edifício na sua casa, coleccionando todo o género de traquitanas; acompanhei a progressiva abertura do terraço do mercado ao público com pequenas feiras de artesanato e produtos de agricultura biológica; acompanhei a abertura da esplanada, primeiro tímida, depois já com sofás e espalhando-se sem reservas por toda a extensão do terraço. Estive lá há umas noites, a olhar para as luzes da cidade e a sorrir com as fiadas de lâmpadas coloridas a fazer lembrar os bailes de aldeia. Passei lá algumas tardes de livro na mão. Está-se lá bem. Muito bem. E é muito triste ler coisas destas. Mais uma vez, compromete-se a qualidade de vida, em prol de uma "qualidade" com acesso reservado só para alguns. Há dias em que me custa muito ser portuguesa e semi-lisboeta.
Notícia do Público
Melhor esplanada de Lisboa com os dias contados, segue-se "restaurante de qualidade"
Aquela que é considerada por muita gente como a melhor esplanada de Lisboa tem os dias contados: a câmara quer substituí-la por "um restaurante de muita qualidade".
No topo de um mercado desactivado situado na Calçada do Marquês de Tancos, nas proximidades da Rua da Madalena e da Baixa, O Terraço tem uma das melhores vistas de Lisboa. O casario e o Tejo estendem-se aos seus pés, para deleite de todos quantos visitam o local. O ambiente descontraído, com puffs, sofás e espreguiçadeiras, fazem o resto.
Na imprensa e na blogosfera os elogios sucedem-se desde que o bar abriu, no Verão de 2007: "Uma paisagem que até corta a respiração"; "Parece um crime o local não ter sido sempre assim"; "Neste espaço namora-se a cidade em todo o seu esplendor". A clientela é variada: muitos turistas, nacionais e estrangeiros, e diferentes tribos urbanas esparramam-se por aqui a partir do final da tarde para beber um copo ou comer qualquer coisa ligeira. Um dos quatro sócios do espaço, Tomás Colares Pereira, explica que quando se instalaram no topo do mercado já sabiam que se tratava de uma estadia precária.
Mas as obras para reconverter o edifício num silo automóvel e para nele instalar um elevador para facilitar o acesso ao Castelo de S. Jorge foram tardando, e O Terraço foi ganhando fama. Embora ainda não tenha data de arranque, este poderá ser o último Verão do bar. "Haverá 204 lugares de estacionamento, um supermercado no rés-do-chão e, no topo, um restaurante de muita qualidade", explica um dos administradores da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa, Rogério Pacheco.
Os sócios do espaço poderão candidatar-se à sua exploração, dependendo das condições. Outra sócia, Camille Ferron, entende que um restaurante de luxo acabará com o "uso democrático" do espaço, agora aberto a todos. "Contamos com a mobilização dos clientes", diz, em jeito de pedido.
Adenda: Ao mesmo tempo que se fecham os bairros históricos ao trânsito - basta andar uns metros até ao Chapitô para perceber que os carros não podem circular, a não ser os dos residentes - projecta-se um parque de estacionamento com 204 lugares. Tem lógica, uma vez que o parque estará situado antes dos acessos interditos, possibilitando às pessoas deixarem o automóvel num lugar seguro e legal. O que a mim me faz impressão é a necessidade que esta gente tem de levar o carro para todo o lado. Subir uma rua a pé não faz mal a ninguém, antes pelo contrário...
Notícia do Público
Melhor esplanada de Lisboa com os dias contados, segue-se "restaurante de qualidade"
Aquela que é considerada por muita gente como a melhor esplanada de Lisboa tem os dias contados: a câmara quer substituí-la por "um restaurante de muita qualidade".
No topo de um mercado desactivado situado na Calçada do Marquês de Tancos, nas proximidades da Rua da Madalena e da Baixa, O Terraço tem uma das melhores vistas de Lisboa. O casario e o Tejo estendem-se aos seus pés, para deleite de todos quantos visitam o local. O ambiente descontraído, com puffs, sofás e espreguiçadeiras, fazem o resto.
Na imprensa e na blogosfera os elogios sucedem-se desde que o bar abriu, no Verão de 2007: "Uma paisagem que até corta a respiração"; "Parece um crime o local não ter sido sempre assim"; "Neste espaço namora-se a cidade em todo o seu esplendor". A clientela é variada: muitos turistas, nacionais e estrangeiros, e diferentes tribos urbanas esparramam-se por aqui a partir do final da tarde para beber um copo ou comer qualquer coisa ligeira. Um dos quatro sócios do espaço, Tomás Colares Pereira, explica que quando se instalaram no topo do mercado já sabiam que se tratava de uma estadia precária.
Mas as obras para reconverter o edifício num silo automóvel e para nele instalar um elevador para facilitar o acesso ao Castelo de S. Jorge foram tardando, e O Terraço foi ganhando fama. Embora ainda não tenha data de arranque, este poderá ser o último Verão do bar. "Haverá 204 lugares de estacionamento, um supermercado no rés-do-chão e, no topo, um restaurante de muita qualidade", explica um dos administradores da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa, Rogério Pacheco.
Os sócios do espaço poderão candidatar-se à sua exploração, dependendo das condições. Outra sócia, Camille Ferron, entende que um restaurante de luxo acabará com o "uso democrático" do espaço, agora aberto a todos. "Contamos com a mobilização dos clientes", diz, em jeito de pedido.
Adenda: Ao mesmo tempo que se fecham os bairros históricos ao trânsito - basta andar uns metros até ao Chapitô para perceber que os carros não podem circular, a não ser os dos residentes - projecta-se um parque de estacionamento com 204 lugares. Tem lógica, uma vez que o parque estará situado antes dos acessos interditos, possibilitando às pessoas deixarem o automóvel num lugar seguro e legal. O que a mim me faz impressão é a necessidade que esta gente tem de levar o carro para todo o lado. Subir uma rua a pé não faz mal a ninguém, antes pelo contrário...
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
folhas macias e brancas
Tenho um medo terrível de escrever pela primeira vez num caderno em branco. Um medo irracional, maior que eu, maior que tudo aquilo que poderia algum dia escrever. Há um caderno novo, forrado a tecido, cheio de arabescos caleidoscópicos, pousado numa mesa lá em casa. Fechado. Ainda fechado depois de ter rasgado o papel de embrulho há meses e meses. Fechado num branco infindo, um vazio macio e aterrorizador.
Tenho medo das memórias que me escapam e não são escritas no branco macio e liso de tantas folhas brancas. Tenho medo de escrevê-las e também de não as escrever. Gostava um dia de abrir o caderno e não me lembrar de, uma a uma, ter já marcado as páginas a negro, a azul, a caneta ou lápis, não importam meios nem cores, somente as palavras e as memórias.
Guardadas entre as páginas outrora brancas e macias o primeiro sorriso no olhar, um primeiro beijo, a luz de um amanhecer, a cor da rua num dia de Setembro, o cheiro a flores a entrar pela janela, a conversa das mulheres no autocarro, o adormercer e o acordar, o sabor de um beijo na pele e dos lábios próximos, o gostar tanto, mas tanto, que gostar assim só pode doer, a contemplação do infinito, as solidões derradeiras, os caminhos rotineiros e os que se descobrem quando apetece virar só porque sim, as horas e os dias e as noites e os segundos que somam ansiedades e os logo se vê, a falta de ideias e as ideias a mais, as chávenas de café e o barulho da colher a diluir o açúcar, e a música a escorrer pelas folhas brancas abaixo...
Dói-me a primeira palavra num caderno em branco.
Tenho medo das memórias que me escapam e não são escritas no branco macio e liso de tantas folhas brancas. Tenho medo de escrevê-las e também de não as escrever. Gostava um dia de abrir o caderno e não me lembrar de, uma a uma, ter já marcado as páginas a negro, a azul, a caneta ou lápis, não importam meios nem cores, somente as palavras e as memórias.
Guardadas entre as páginas outrora brancas e macias o primeiro sorriso no olhar, um primeiro beijo, a luz de um amanhecer, a cor da rua num dia de Setembro, o cheiro a flores a entrar pela janela, a conversa das mulheres no autocarro, o adormercer e o acordar, o sabor de um beijo na pele e dos lábios próximos, o gostar tanto, mas tanto, que gostar assim só pode doer, a contemplação do infinito, as solidões derradeiras, os caminhos rotineiros e os que se descobrem quando apetece virar só porque sim, as horas e os dias e as noites e os segundos que somam ansiedades e os logo se vê, a falta de ideias e as ideias a mais, as chávenas de café e o barulho da colher a diluir o açúcar, e a música a escorrer pelas folhas brancas abaixo...
Dói-me a primeira palavra num caderno em branco.
ouve-se hoje neste t1 #04
Depois de audições dispersas, "Warm Heat of Africa" integral. Vai bem com Setembro. E o remix dos Architecture in Helsinki vai bem com tudo.
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