Ah, e tal, escreves um livro, dás umas entrevistas à tv, à rádio e à imprensa, e depois fazemos o lançamento na Fnac... Na descontra. Na descontra??? Tomara eu que fazer a apresentação do livro fosse «tão fácil» como escrevê-lo.
Chegado o dia marcado, feitos os convites, telefonemas e confirmações de última hora via mail ou msn, o estômago começa lentamente a embrulhar-se. Entre o emprego da parte da manhã e o emprego da parte da tarde não tenho tempo (nem fome!) para almoçar. Entre duas tarefas desloco-me ao café da esquina para deglutir dois croquetes, uma coca-cola e um café. E dois cigarros.
Chega a hora de sair em direcção ao Centro Comercial Vasco da Gama. O autocarro demora a aparecer e decido apanhar um táxi. Não tenho dinheiro na carteira e não há multibancos à vista. Telefonema rápido: «Já estás no Vasco da Vama? Faz-me um favor, vem ter comigo à entrada e paga-me o táxi, que estou sem dinheiro...» Lentamente apercebo-me que os últimos minutos antes da hora «fatídica» estão a esgotar-se. Começo a sentir palpitações e um aperto angustiante no peito. Era o que me faltava, dar-me uma sulipampa antes de lá chegar... Procuro a embalagem de Victans para as emergências e espero que funcione. Afinal, isto é uma emergência!! No destino, o táxi é pago. «Pá, não me estou a sentir muito bem... Já tomei um comprimido, mas estou toda atrofiada, estou super nervosa...» «Calma. Queres sentar-te um bocadinho? Estás um bocado pálida...»
Um chá de camomila e algumas palavras de encorajamento depois, as mãos ainda tremem, mas a enormidade da tarefa começa a parecer menos assustadora. Aos poucos, as caras conhecidas vão aparecendo, e a tarefa de fazer as apresentações e dar atenção a toda a gente distrai-me das palpitações e da insegurança na voz. Sinto que falo demasiado rápido, mas talvez seja o meu cérebro a descarregar o stress. Recebo flores. Dou beijos e distribuo sorrisos. Sinto carinho e vejo amigos com quem não estava há meses.
Está na hora. Sentamo-nos. Começam as apresentações. A voz torna-se mais segura e aí vai disto!
Fotos de Michelle Vieira
Sessão de lançamento de «Não Quero Ser Mãe - Quando as Mulheres Decidem Não Ter Filhos», mini-auditório da Fnac do Centro Comercial Vasco da Gama (Parque das Nações).
Convidados: Pedro Vasconcelos, sociólogo e investigador do ISCTE; Ana Cid Gonçalves, secretária-geral da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.
Moderação do debate: Laura Alves, jornalista.
O susto já passou! O coração bate a um ritmo normal e as mãos estão mais firmes. O debate foi produtivo e tive o prazer enorme de ver o auditório repleto de amigos e amigas, de pessoas espectaculares com quem tenho a sorte de partilhar diversas partes da minha vida. De ex-colegas a novos colegas de trabalho, de pessoas que apanharam o metro a outras que vieram de Ílhavo de propósito, de colegas de curso que não via há dez anos a amigos cibernéticos que se tornaram praticamente irmãos, não esquecendo as mulheres que contribuíram com as suas histórias para o livro e vieram dar a sua força a este projecto, foi um momento recheado de emoções indescritíveis. Obrigada a todos os que puderam aparecer, em especial a Pedro Vasconcelos e Ana Cid Gonçalves, que contribuíram para um debate deveras interessante, mas também a quem, por diversas razões inesperadas, não pôde estar presente.
Esta missão está cumprida. Agora com licença, que vou para casa tirar estes sapatos de salto alto...
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
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4 comentários:
Parabéns Laura.
Leio-te desde o Lexotan...
Irei comprar o livro porque te leio e gosto do que leio e porque é um assunto que me diz muito.
Chevry: Obrigada! Caramba, desde o Lexotan? Isso é que é resistência... :) Obrigada pelas tuas palavras e espero que gostes do livro. Beijos.
Não te esqueças, a seguir Só Quero Ser Mãe!
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