Está um ramo de rosas pendurado a secar junto à janela. O estore corrido, a escuridão necessária. Não mais que isso... Não sei quantas são, não me dei ao trabalho de as contar. Mas estavam a morrer, apesar da água que as alimentava, e das flores mortas pouco mais resta que uma recordação desfocada. Pu-las a secar, ali. Para que fiquem mais tempo comigo e as recordações permaneçam, como uma melodia que se esquece, mas cuja letra começamos a trautear numa inconsciência mais forte que tudo.
Tenho a casa cheia de rosas secas. Rosas secas de cor sépia, enrugadas, de pétalas encarquilhadas e com um suave cheiro a mofo e a pó. Não me dou ao trabalho de as contar, mas sei que são muitas. Algumas foram colhidas há anos e têm um peso tremendo a dobrar-lhes as folhas quebradiças. Não lhes toco, para que não desapareçam. Porque mesmo não as olhando a todo o momento, sei que não suportaria o espaço vazio da sua ausência.
As rosas estão a secar, ainda frescas, à janela. Vem lá de fora um sopro de vento vindo do rio. Abro o estore e o sol bate-me na cara.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
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3 comentários:
flores é no chão... prásabelhas
por aqui não há abelhas, o gato dá cabo delas... :)
comida picante...
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