terça-feira, 15 de abril de 2008

brand-new-life (need)


Existes.
Há uma sala obscurecida e fumo no ar (sempre o fumo, só assim poderia ser...) Os acordes começam; como num filme os corpos ao som do fumo e a luz rasante a lamber uma feição aqui e ali. Imagino que assim possa ter sido. O som de há muitos anos existe agora. Inevitabilidade. Puro. Pontos convergentes, conduzidos por uma voz. O baixo é nosso. Sentados num sofá, de olhos fechados, desenhamos em arabescos de fumo uma vida qualquer. A brand-new-life. Com tracinhos. [pain]

Inquietude. Inquietação. Há sempre um tormento necessário, uma amplitude da alma maior que o corpo pode (quer?) conter. Nunca como em dias assim os meus sonhos punk foram pop. Misturam-se angústias melódicas, paradigmas. [E se eu dançasse, pulasse, desse um grito maior que todos os gritos, e se eu corresse e fosse de braços abertos pelas ruas, de garganta rouca, cantasse a música mesmo não sabendo a letra de cor?.. E se eu...?] Tormentário, calendário, páginas soltas e luas novas - não vejo o meu próprio nariz, está escuro, anda-se às apalpadelas... Ainda tenho um sonho ou dois? Baila-me a língua no fundo deste copo de vinho.
Pop.
Um estalido.
Um riff...
A sombra de uma voz.
Plim.
Gigantes. Cristais. 1980.
Onde estávamos, mesmo...?

Dá-me um beijo e fecha a porta.
Punk. Pop.
Ponk.

[pain]

1 comentário:

Naked Lunch disse...

"nunca como em dias assim os meus sonhos punk foram pop" ... bem escrito...