quarta-feira, 30 de abril de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
rua augusta
Passa um cigano a vender óculos, vulto negro de pele curtida do sol, metido para dentro de si, fechado nas vestes escuras e chapéu enfiado. Insiste. Óculos aos molhos escorregam-lhe das mãos e, às cores, os turistas andam, circulam, olham para os lados e já foram. Óculos? Hoje não. Anda um cigano em redor das mesas à procura, à procura... Baratos, dos bons. Sai um café para a mesa do canto. Curvada, a figura pede um cigarro e desanda. Lá à frente o sol desponta entre as nuvens. Arrasta os pés, enterra mais o chapéu e coça o queixo de barbas brancas. Diacho... Há-de haver quem precise de óculos.
um
segunda-feira, 21 de abril de 2008
rosas secas
Está um ramo de rosas pendurado a secar junto à janela. O estore corrido, a escuridão necessária. Não mais que isso... Não sei quantas são, não me dei ao trabalho de as contar. Mas estavam a morrer, apesar da água que as alimentava, e das flores mortas pouco mais resta que uma recordação desfocada. Pu-las a secar, ali. Para que fiquem mais tempo comigo e as recordações permaneçam, como uma melodia que se esquece, mas cuja letra começamos a trautear numa inconsciência mais forte que tudo.
Tenho a casa cheia de rosas secas. Rosas secas de cor sépia, enrugadas, de pétalas encarquilhadas e com um suave cheiro a mofo e a pó. Não me dou ao trabalho de as contar, mas sei que são muitas. Algumas foram colhidas há anos e têm um peso tremendo a dobrar-lhes as folhas quebradiças. Não lhes toco, para que não desapareçam. Porque mesmo não as olhando a todo o momento, sei que não suportaria o espaço vazio da sua ausência.
As rosas estão a secar, ainda frescas, à janela. Vem lá de fora um sopro de vento vindo do rio. Abro o estore e o sol bate-me na cara.
Tenho a casa cheia de rosas secas. Rosas secas de cor sépia, enrugadas, de pétalas encarquilhadas e com um suave cheiro a mofo e a pó. Não me dou ao trabalho de as contar, mas sei que são muitas. Algumas foram colhidas há anos e têm um peso tremendo a dobrar-lhes as folhas quebradiças. Não lhes toco, para que não desapareçam. Porque mesmo não as olhando a todo o momento, sei que não suportaria o espaço vazio da sua ausência.
As rosas estão a secar, ainda frescas, à janela. Vem lá de fora um sopro de vento vindo do rio. Abro o estore e o sol bate-me na cara.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
o krakol de kracóvia
krakóvia é o nome da tipa. porque sim. o krakol é de estimação. e o cão faz "ão ão".
factory
video "FACTORY" de minha autoria (tema musical: Together in Electric Dreams, by Lali Puna)
Constou-me que nas traseiras de minha casa há qualquer coisa de grande em ebulição. Descubro, com alegria, que na vista de cidade a arder que me enche a alma todos os dias nasceu a Lx Factory. Gosto de me rodear de boa vizinhança... Resta-me descobrir se os vizinhos são do meu agrado.
"A companhia de fiação e tecidos lisbonense constitui um dos mais importantes complexos fabris de Lisboa.
A sua construção remonta à decada de 40 do séc. XIX e foi dos primeiros a adoptar uma tipologia típica de arquitectura do ferro em Portugal.
É essencial, numa grande cidade, a existência de espaços transversais e mutáveis, com dinâmicas e velocidades sincronizadas com a própria cidade. Espaços em sintonia com o tempo real (o que realmente está a acontecer hoje, amanhã).
Em LXF, a cada passo vive-se o ambiente industrial.
A caixa vazia – "BOX" – é o ponto de partida para uma sinergia de ideias, intervenções, mutações, onde cada um se apropria do seu espaço, em progresso. Espaço de trabalho, de concentração, de investigação.
LXF funcionará como uma enorme e permeável network de ideias em trânsito, de experiências e, mais importante, de pessoas focadas em si, nos outros*.
Esta sincronização de pessoas, ideias e experiências acontecerá naturalmente em LX Factory.
*Apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado."
terça-feira, 15 de abril de 2008
brand-new-life (need)
Existes.
Há uma sala obscurecida e fumo no ar (sempre o fumo, só assim poderia ser...) Os acordes começam; como num filme os corpos ao som do fumo e a luz rasante a lamber uma feição aqui e ali. Imagino que assim possa ter sido. O som de há muitos anos existe agora. Inevitabilidade. Puro. Pontos convergentes, conduzidos por uma voz. O baixo é nosso. Sentados num sofá, de olhos fechados, desenhamos em arabescos de fumo uma vida qualquer. A brand-new-life. Com tracinhos. [pain]
Inquietude. Inquietação. Há sempre um tormento necessário, uma amplitude da alma maior que o corpo pode (quer?) conter. Nunca como em dias assim os meus sonhos punk foram pop. Misturam-se angústias melódicas, paradigmas. [E se eu dançasse, pulasse, desse um grito maior que todos os gritos, e se eu corresse e fosse de braços abertos pelas ruas, de garganta rouca, cantasse a música mesmo não sabendo a letra de cor?.. E se eu...?] Tormentário, calendário, páginas soltas e luas novas - não vejo o meu próprio nariz, está escuro, anda-se às apalpadelas... Ainda tenho um sonho ou dois? Baila-me a língua no fundo deste copo de vinho.
Pop.
Um estalido.
Um riff...
A sombra de uma voz.
Plim.
Gigantes. Cristais. 1980.
Onde estávamos, mesmo...?
Dá-me um beijo e fecha a porta.
Punk. Pop.
Ponk.
[pain]
domingo, 13 de abril de 2008
poema da Deolinda
Menina ladina, cachopa vaidosa
De saia rodada e às cores
Canta rouxinol, tem a voz teimosa
É fado, é dor, suspiro de amores.
Traça o xaile, canta o que gosta
E manda vir, que a voz é grande
Vai um copo de três, vai uma aposta
Ou antes a dose que o freguês mande.
Sai um trinado, guitarra e boné
Agita as ancas, abre o peito e grita
Estão castiços, mesmo aqui ao pé
Mas com fado... ninguém acredita.
O poema é meu, mas o cantar é da Deolinda, que é linda.
De saia rodada e às cores
Canta rouxinol, tem a voz teimosa
É fado, é dor, suspiro de amores.
Traça o xaile, canta o que gosta
E manda vir, que a voz é grande
Vai um copo de três, vai uma aposta
Ou antes a dose que o freguês mande.
Sai um trinado, guitarra e boné
Agita as ancas, abre o peito e grita
Estão castiços, mesmo aqui ao pé
Mas com fado... ninguém acredita.
O poema é meu, mas o cantar é da Deolinda, que é linda.
sábado, 12 de abril de 2008
cleaning day is no worry day
Talvez sejam os vapores do Sonasol limão a falar por mim, mas fazer limpezas é, de facto, terapêutico. Todas as preocupações deixam de existir quando há uma banheira para esfregar e um tapete cheio de pêlo de gato à espera de ser aspirado.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
espaços
São flores, vento nos cabelos...
Passam dois malucos na rua aos tropeções
E uma nuvem esconde o sol, esquece a rima; esquece as regras.
Vento nos cabelosenadamais
(a teclade espaços estápresa...)
Hoje é só mais um dia. E nada mais.
Vou apanhar flores.
Passam dois malucos na rua aos tropeções
E uma nuvem esconde o sol, esquece a rima; esquece as regras.
Vento nos cabelosenadamais
(a teclade espaços estápresa...)
Hoje é só mais um dia. E nada mais.
Vou apanhar flores.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
mais piadas "fishes"
Sol na testa, álcool nas veias... É ponto assente que me falta o talento para ser uma Seinfeld de saias à portuguesa, mas uma tarde de copos e uma noite com mais copos dá nisto... Tenham medo, muito medo, pois há mais de onde estas vieram!
Mariscos
Como se chamam os camarões que nunca ninguém consegue apanhar?
Gambazinos.
O que é que os mariscos vestem em dias de chuva?
Gambardines.
Qual é o autor preferido dos camarões?
O Gambriel Garcia Marquez.
Bivalves
O que fazem dois bivalves num sábado à noite no Bairro Alto?
Vão beberbigão.
O que estão a fazer duas ameijoas num cantinho a falar mal da conquilha?
Estão a conchichar.
Crustáceos
Qual é grande teoria de um caranguejo filósofo?
Pinço, logo existo!
Noite dos travestis no bar dos crustáceos. Como se chama o artista?
Caran Gay Ju.
Peixes
Como se chama um peixe que canta bossa nova?
Garoupa de Ipanema.
Mamíferos
Como se chama uma vaca que vestiu uma camisola quentinha?
Um novilho de lã.
terça-feira, 8 de abril de 2008
o condutor de eléctricos que ouvia jazz pela manhã
Desperto, devagar, para a melodia. No semáforo aguarda a luz, a mão cautelosa, sobre a manivela, traça uma circunferência lenta, a compasso. Há um piano dentro do eléctrico, a acompanhar as gotas de chuva que lambem as vidraças. Um plim plim plim matinal, uma oferenda do 18 aos rostos cinzentos de mau tempo que cruzam a porta. Chego ao meu destino, o dedo na campainha vermelha e plim! Salto para a rua, por cima de uma poça, toco o chão com os pés e digo, baixinho, com ar malandro de quem descobriu um segredo: Até jazz...
poema da constipação
Aqui neste sofá desfalecida
Vem a tosse, vem a ranhoca
Estou doente, aborrecida
E nem há direito a beijoca...
Vou fazer muito chá de limão
E ficar aqui no quentinho
Dou um espirro, faço "Atchão!!"
Preciso de muito miminho!
Vem a tosse, vem a ranhoca
Estou doente, aborrecida
E nem há direito a beijoca...
Vou fazer muito chá de limão
E ficar aqui no quentinho
Dou um espirro, faço "Atchão!!"
Preciso de muito miminho!
domingo, 6 de abril de 2008
santa apolónia
Através da janela do comboio uma lagartixa recorda-me-te. O cheiro gasto e queimado dos carris. Um cigarro. Em zigues e zagues, a lagartixa pisa com a rapidez da parede quente o muro de pedra. Estamos parados. 15, 16, 17 segundos. As margens da linha polvilhadas de destroço, uma mulher, além, apanha lixo para dentro de um caixote. E um puto, em Xabregas, puxa a manga do casaco da mãe e aponta em direcção ao céu. É aqui, o céu.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
piadas "fishes"
Um dia que eu vá trabalhar no balcão do peixe do supermercado do meu bairro, vou aproveitar para fazer um pouco de "fishy humour":
Como se chama um crustáceo que cheira mal dos pés?
Caranqueijo.
Qual é o herói popular dos cefalópodes?
O Zé Polvinho.
O que diz um caranguejo a outro que espirrou?
- Santola!!
Tendes permissão para rir... :)
Como se chama um crustáceo que cheira mal dos pés?
Caranqueijo.
Qual é o herói popular dos cefalópodes?
O Zé Polvinho.
O que diz um caranguejo a outro que espirrou?
- Santola!!
Tendes permissão para rir... :)
iguais
Tornas-te a base, de mim alicerce
Sopro suave e preciso de tarde
Porto seguro, vivo, aquece
Um abraço, um apoio, uma verdade.
Sopro suave e preciso de tarde
Porto seguro, vivo, aquece
Um abraço, um apoio, uma verdade.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)