sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ventos

- Estás com um ar cansado.
- Estou... É difícil ser árvore.



Tantos caminhos, tantos rumos, tantos ventos sopram. Não há sentido em qualquer direcção que se tome. O destino será sempre esquecido ao dar-se início à viagem. Os ventos sopram e nada há a fazer a não ser andar, andar, andar. Quando os pés começam a doer, quando a vontade principia a esmorecer, dançar cá dentro a música de tranquilidade que ecoa no silêncio, cujas palavras se pronunciam sem voz. Ergue-se uma árvore. Os ramos crescem em direcções discrepantes, erróneas, incertas. O tronco continua lá, preso à terra. Soprem os ventos donde soprarem. Caiam os ramos que caírem. Mas é difícil ser árvore quando não se conhece o chão em que se cresce.

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