Enquanto eu, que sou "do povo", baptizo os meus electrodomésticos, uma colega de trabalho pede sugestões para baptizar o barco da família. Se eu tivesse um barco, eis o nome que lhe daria:
Se fosse menino: "O Colosso do Atlântico"
Se fosse menina: "Princesa das Marés Altas"
Mas como eu não tenho um barco, vou continuar a dar nomes aos electrodomésticos:
Fogão: Meireles, O Colosso dos Refugados
Máquina de lavar roupa: Samsunga, A Princesa da Centrifugação
Micro-ondas: Heitor, O Terror dos Congelados
Frigorífico: Zézito, O Titã dos Legumes Frescos
Aspirador: Asdrúbal, O Viciado no Pó
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
maria juana
Visitou-me há dias uma joaninha. Estava eu muito descansada a sofazar enquanto via os mails do dia, quando me aparece esta inesperada visita. E a malandra não se queria ir embora nem por nada! Lá arranjou um cantinho numa prega da camisola e ficou junto a mim, a meditar. Até que, dado o olhar guloso do meu gato, resolvi despedir-me da moça e, com cuidado, libertei-a no parapeito da janela da cozinha. "Aqui vais ser mais feliz. Olha, lá em baixo há limoeiros..."
No dia seguinte, numa incursão pelo Castelo de S. Jorge, estava eu em pleno pic-nic, aparece-me, novamente, uma joaninha em cima do casaco. E lá ficou ela, tranquila, sossegadita, a confraternizar. Coincidência? Tenho cá para mim que era a mesma bicharoca... Se a voltar a ver, adopto-a!
No dia seguinte, numa incursão pelo Castelo de S. Jorge, estava eu em pleno pic-nic, aparece-me, novamente, uma joaninha em cima do casaco. E lá ficou ela, tranquila, sossegadita, a confraternizar. Coincidência? Tenho cá para mim que era a mesma bicharoca... Se a voltar a ver, adopto-a!
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
antique
Tema "Dolce Vita", do filme de Federico Fellini, interpretado por Werner Müller & His Orchestra. A tocar no novo cantante lá de casa, o Sputnik... Vinil é baril, para dançar até cansar.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
the loneliness of the long distance runner
desculpa?!
Diz-me a minha colega de redacção:
"Quem me dera ter essa tua estupidez natural..."
Ela estava a fazer-me um elogio.
"Quem me dera ter essa tua estupidez natural..."
Ela estava a fazer-me um elogio.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
jb
Está riscado, lá mais para o fim. Entre uma respiração ofegante e uma frase que repete e repete, a luz de uma vela arde. Soa a papel a arder, nos momentos em que a agulha termina o percurso em espiral. A melodia a escorrer pelas paredes merece um cigarro. Deixo o fumo subir ao longo das notas e embrenhar-se nelas. Inauguro o toca-discos com carne. Passo a seguir para o espírito. Batatas fritas. Papel a arder. Fumo em arabescos. Dolce Vita. Vai um licor...
domingo, 24 de fevereiro de 2008
café
- Boa noite. É aqui, o clube de jazz?
- É aqui mesmo...
A rapariga troca umas palavras imperceptíveis com os amigos. O teu cigarro vai queimando lentamente, tragado por um sorriso e uma noite fria. À porta, o fumo definha em arabescos de ritmo crescente. E a rapariga sobe as escadas. Não ficam. Descobriram um tesouro e não o aproveitam. Ficamos nós, suspensos em duas vozes que fazem amor em palco. Descobrimos um tesouro. E a noite jazz, devagar.
- É aqui mesmo...
A rapariga troca umas palavras imperceptíveis com os amigos. O teu cigarro vai queimando lentamente, tragado por um sorriso e uma noite fria. À porta, o fumo definha em arabescos de ritmo crescente. E a rapariga sobe as escadas. Não ficam. Descobriram um tesouro e não o aproveitam. Ficamos nós, suspensos em duas vozes que fazem amor em palco. Descobrimos um tesouro. E a noite jazz, devagar.
amigo peludo
Para o Bruno, meu amigo e colega de trabalho, que vai agarrar um novo desafio profissional, e que se está sempre a queixar do facto de não falar dele neste blog, aqui vai uma pequena homenagem:
Animal, personagem de The Muppets. Imagem retirada daqui.
Tindersticks rula!
Animal, personagem de The Muppets. Imagem retirada daqui.
Tindersticks rula!
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
:)
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
gatosidade mórbida
a senhora não está, quer deixar recado?
Pela hora de almoço recebo um sms do Jumbo a prometer-me promoções e prémios fantásticos. Eu, que nem vou ao Jumbo, mas sim ao Pingo Doce, por ser mesmo ao pé de casa, fico intrigada: "Mas como é que estes caramelos têm o meu número?!"
Interrompendo a minha concentração de mais um serão com fecho de edição, uma senhora de sotaque brasileiro liga-me para o trabalho e pergunta se estou interessada num cartão de crédito do Barclays... "Mas onde é que arranjou este número? Cartão de crédito? Deixe estar, não diga mais nada que eu não estou interessada..."
Eu continuo presa à esperança de que, um dia, do outro lado da linha vai estar alguém a quem, de facto, dei o meu número de telefone...
Interrompendo a minha concentração de mais um serão com fecho de edição, uma senhora de sotaque brasileiro liga-me para o trabalho e pergunta se estou interessada num cartão de crédito do Barclays... "Mas onde é que arranjou este número? Cartão de crédito? Deixe estar, não diga mais nada que eu não estou interessada..."
Eu continuo presa à esperança de que, um dia, do outro lado da linha vai estar alguém a quem, de facto, dei o meu número de telefone...
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
"vê gigantes? são gigantes"
Troveja. O escuro é reconfortante, tapo os ouvidos para não ouvir o ribombar da água no telhado. Há um temporal ensurdecedor acima de mim. Em mim. Sinto medo e encolho-me num bichinho-de-conta, num cantinho longe, em silêncio. Troveja. Espero que a ponte não caia hoje. Vou fazer de conta que é um gigante... Combatê-lo-ei de lança em riste. Rocinante, em frente!!
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
ventos
- Estás com um ar cansado.
- Estou... É difícil ser árvore.
Tantos caminhos, tantos rumos, tantos ventos sopram. Não há sentido em qualquer direcção que se tome. O destino será sempre esquecido ao dar-se início à viagem. Os ventos sopram e nada há a fazer a não ser andar, andar, andar. Quando os pés começam a doer, quando a vontade principia a esmorecer, dançar cá dentro a música de tranquilidade que ecoa no silêncio, cujas palavras se pronunciam sem voz. Ergue-se uma árvore. Os ramos crescem em direcções discrepantes, erróneas, incertas. O tronco continua lá, preso à terra. Soprem os ventos donde soprarem. Caiam os ramos que caírem. Mas é difícil ser árvore quando não se conhece o chão em que se cresce.
- Estou... É difícil ser árvore.
Tantos caminhos, tantos rumos, tantos ventos sopram. Não há sentido em qualquer direcção que se tome. O destino será sempre esquecido ao dar-se início à viagem. Os ventos sopram e nada há a fazer a não ser andar, andar, andar. Quando os pés começam a doer, quando a vontade principia a esmorecer, dançar cá dentro a música de tranquilidade que ecoa no silêncio, cujas palavras se pronunciam sem voz. Ergue-se uma árvore. Os ramos crescem em direcções discrepantes, erróneas, incertas. O tronco continua lá, preso à terra. Soprem os ventos donde soprarem. Caiam os ramos que caírem. Mas é difícil ser árvore quando não se conhece o chão em que se cresce.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
;-)
Quem me conhece sabe que sou um ser humano estranho. Não gosto de chocolate nem de queijo, não consigo piscar o olho... A propósito desta última, há pessoas que conseguem ter a arte de transformar um "defeito" num "feitio"... :))
"Tu não consegues piscar o olho porque os teus olhos são demasiado bonitos para estarem tapados..."
"Tu não consegues piscar o olho porque os teus olhos são demasiado bonitos para estarem tapados..."
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
visor
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
domingo, 10 de fevereiro de 2008
gritzner
Dedos e agulhas, pontos e pespontos, alinhavos feitos e um "cliqueticlanc" ritmado. Um pedalar vagaroso, que embala. Costura a costura, a saia toma a forma de um novo corpo, num canto onde se remendam as almas. É já noite. As roupas velhas contam histórias. No silêncio, ouço o que têm para me dizer. Cliqueticlanc! Cliqueticlanc! Schhhh.... É noite, já.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
dos hábitos e da felicidade
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
de grau
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
sunga, oh honey honey...
Imagem retirada de Modern Mechanix.
Depois do fogão Meireles, do micro-ondas Heitor e do frigorífico Zézito, em breve abrirei a porta de casa à Samsunga, a máquina que lava a roupa e não resmunga!
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
entrudo
último aviso para pagamento
Todos passam por mim hoje. Ou serei eu que passo por eles? Há pouco vi um homem-aranha no eléctrico. Abriu a boca e rugiu, como se fosse um dragão. Ui! Que medo! Está mais frio hoje, ou é o calor que me falta? Sento-me na praça, num banco vazio, rodeada de grandes palavras em ferro. Amor enferrujado. Escrevo um postal para entregar em mão. Não quero que as palavras se extraviem no caminho. Estico as pernas e vejo as nuvens. Não são as mesmas nuvens de há dias atrás. Falta-lhes a música. Haja música, então... Começo a ouvir, no silêncio de mim, o "shalalala" duma melodia. Passam todos por mim, hoje. O homem cego continua a tocar os únicos acordes que conhece, enquanto uma estátua humana arruma os pertences para ir em busca de melhor. Quando dobro a esquina, um velho de barbas olha para o vazio enquanto vai atirando para o chão rodelas de chouriço. Brotam como flores em redor. Passo por todos e logo me esqueço de cada um. Lamento informar... Vou só cair um bocadinho, para depois me levantar, está bem?
domingo, 3 de fevereiro de 2008
amor em cama[ra] lenta
Mergulhamos na pele, gesto que seduz
Cadência suave, de voz viva
Película cravada de luz.
A chuva devagar escorre lá fora
Enleiam-se abraços na melodia
Um vento leva as memórias embora.
Dormes. Ausente e puro
Sós, respiramos silêncio
Entrecortado por meigo sussurro.
Cadência suave, de voz viva
Película cravada de luz.
A chuva devagar escorre lá fora
Enleiam-se abraços na melodia
Um vento leva as memórias embora.
Dormes. Ausente e puro
Sós, respiramos silêncio
Entrecortado por meigo sussurro.
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