quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
chaos
terça-feira, 30 de novembro de 2010
domingo, 31 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
a mulher que passeia o cão de pijama
YOU ARE HERE
Tive de olhar duas vezes. Juro que tive. Os meus olhos não acreditavam naquela visão em plena tarde de calor e sol a encandear os pensamentos. Era, de facto, um pijama. Branco e salpicado de pequenas flores cor-de-rosa. Tapado por um casaco de malha cinzenta, mas um pijama. Fiquei com a chávena a meio caminho da boca, suspensa numa admiração que se prolongou durante mais tempo do que seria desejável. Quando me apercebi, o café já estava apenas morno.
Domingo à tarde em Alcântara, não se passa muito. As pessoas demoram-se nos cafés, trocam-se dois dedos de conversa, os eléctricos passam de tantos em tantos minutos cheios de turistas em direcção a Belém. Sentada junto à janela grande da pastelaria, volta e meia, os reflexos amarelos do 15 chamavam-me a atenção para a rua, desviando-me das páginas do jornal domingueiro. Foi então que a vi. A mulher apareceu do nada, no outro lado da rua, e passou, tranquilamente para o lado de cá. Segurava uma trela com um cão branco de pêlo encaracolado e ar arrogante que, muito provavelmente, dada a língua rosada pendurada da boca, estava cheio de sede. Teria dado pouca importância às figuras, não fosse o caso de a mulher estar no meio da rua vestida de pijama. Eram três da tarde numa rua movimentada de Alcântara. E ela passeava o cão com um pijama delicadamente florido. Lembrei-de do que a minha amiga Sónia costumava dizer, algo sobre as pessoas decadentes terem cães decadentes. Não era bem o caso. Apesar do ar desengonçado e nada simpático do animal, a mulher atravessou a rua e cruzou-se com os meus olhos com uma pose altiva de quem vestiu a melhor roupa para ir a uma qualquer cerimónia. O cabelo não estava despenteado, os olhos não tinham a aparência de quem acabou de acordar e, apesar de não ter conseguido ver muito bem, podia jurar que lhe brilhava nos lábios um bocadinho de batom. E, com um passo vagaroso e cuidado, seguiu ao longo do passeio, indiferente às cabeças que se iam voltando à sua passagem. Sim, ela estava mesmo de pijama. No meio da rua. E a passear o cão.Percebi, então, que não se tratava de uma distracção, nem de um capricho da mente ou de loucura momentânea provocada pelo calor. A mulher que passou por mim, com a trela esticada e um cão na outra ponta estava, simplesmente a passear os sonhos.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
promete-me que estás
sábado, 2 de outubro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
domingo, 5 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
cuidado com a planta!
Não pode uma rapariga começar a divulgar que tem um vaso com uma horta na janela da cozinha, e começam logo a chover sementes e plantas para aumentar a 'farmville' de Alcântara.
Mandaram-me, há dias, uma Dioneia (dionaea muscipula), que é só um nome fofo para dizer 'planta carnívora'. Sim, ela morde. Sim, ela come moscas. Não, os meus gatos ainda não confraternizaram com ela, pois acho que o melhor é mesmo mantê-la no local de trabalho. Morde Dioneia, morde! Senta! Finge de morta!
Há, contudo, um senão. Aparentemente, esta minha amiga com dentes tem mesmo de comer bicharocos de vez em quando, e moscas e aranhas não abundam aqui no escritório. Por isso, se de vez em quando me virem a apanhar moscas e guardá-las numa caixinha de fósforos, por favor, não comentem...
Esta não é a minha planta, mas prometo filmar quando estiver a alimentá-la... :))
Almoço: Aranha
Jantar: Lagarta (este vídeo é particularmente blhéécc, por isso não aconselho a ver se tiverem estômago sensível, mas tem um final feliz).
Mandaram-me, há dias, uma Dioneia (dionaea muscipula), que é só um nome fofo para dizer 'planta carnívora'. Sim, ela morde. Sim, ela come moscas. Não, os meus gatos ainda não confraternizaram com ela, pois acho que o melhor é mesmo mantê-la no local de trabalho. Morde Dioneia, morde! Senta! Finge de morta!
Há, contudo, um senão. Aparentemente, esta minha amiga com dentes tem mesmo de comer bicharocos de vez em quando, e moscas e aranhas não abundam aqui no escritório. Por isso, se de vez em quando me virem a apanhar moscas e guardá-las numa caixinha de fósforos, por favor, não comentem...
Esta não é a minha planta, mas prometo filmar quando estiver a alimentá-la... :))
Almoço: Aranha
Jantar: Lagarta (este vídeo é particularmente blhéécc, por isso não aconselho a ver se tiverem estômago sensível, mas tem um final feliz).
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
novidades da hortinha
domingo, 22 de agosto de 2010
my own private farmville
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
pizza para levar
Leio 'A Insustentável Leveza do Ser' enquanto espero pela minha pizza. Dez minutos, disse a rapariga do balcão. Quantas palavras cabem em dez minutos? Depende das vezes que relemos as mesmas palavras, a mesma frase, o mesmo parágrafo. Depende do tempo que demoramos a absorver ideias tão próximas cujo embate é maior do que se as sentíssemos pela primeira vez. Leio enquanto espero por uma pizza que, daqui a dez minutos, levarei para casa, onde jantarei diversos parágrafos de várias páginas diferentes. E isso sim, é insustentável.
«Tomas ainda não sabia que as metáforas são uma coisa perigosa. Com as metáforas não se brinca. O amor pode nascer de uma única metáfora.»
«Tomas ainda não sabia que as metáforas são uma coisa perigosa. Com as metáforas não se brinca. O amor pode nascer de uma única metáfora.»
quarta-feira, 30 de junho de 2010
textos na DIF nº 75 - Junho/Julho 2010
Edição online em www.difmag.com.
Melt Project
Derrete-se na boa, mas não nas mãos
Há quem recicle, e há quem recicle à séria. O designer Rui Pereira elevou o conceito de reciclagem a um novo patamar e, com o seu Melt Project, propõe uma reflexão sobre a sociedade de consumo. Se o plástico é quem mais ordena, derreta-se o plástico. [...]
Pop Dell’Arte
Santo pop
Este mês, a palavra de ordem é pop. Não o “pop” de santos populares, mas de Pop Dell’Arte. Um dos projectos mais carismáticos da história da música moderna portuguesa está de regresso com um novo álbum de originais – “Contra Mundum”, lançado a 12 de Junho –, um disco que marca 25 anos de carreira da banda de João Peste. [...]
OSGÉMEOS+ Projecto CRONO
Entre a escada e a parede
A parede é a tela. A escada é o meio de lá chegar. Havendo tinta e inspiração, Lisboa vai ficando cada vez mais aberta à arte urbana. A prová-lo estão a primeira exposição de artistas de rua num museu – “Pra quem mora lá, o céu é lá”, dos brasileiros OSGÉMEOS – e o projecto CRONO, que já começou a dar um ar de sua graça em algumas ruas da cidade. [...]
Melt Project
Derrete-se na boa, mas não nas mãos
Há quem recicle, e há quem recicle à séria. O designer Rui Pereira elevou o conceito de reciclagem a um novo patamar e, com o seu Melt Project, propõe uma reflexão sobre a sociedade de consumo. Se o plástico é quem mais ordena, derreta-se o plástico. [...]
Pop Dell’Arte
Santo pop
Este mês, a palavra de ordem é pop. Não o “pop” de santos populares, mas de Pop Dell’Arte. Um dos projectos mais carismáticos da história da música moderna portuguesa está de regresso com um novo álbum de originais – “Contra Mundum”, lançado a 12 de Junho –, um disco que marca 25 anos de carreira da banda de João Peste. [...]
OSGÉMEOS+ Projecto CRONO
Entre a escada e a parede
A parede é a tela. A escada é o meio de lá chegar. Havendo tinta e inspiração, Lisboa vai ficando cada vez mais aberta à arte urbana. A prová-lo estão a primeira exposição de artistas de rua num museu – “Pra quem mora lá, o céu é lá”, dos brasileiros OSGÉMEOS – e o projecto CRONO, que já começou a dar um ar de sua graça em algumas ruas da cidade. [...]
Jeremy Dean
Uma carroça para o século XXI
O sonho americano está a mudar. Ou, pelo menos, há quem esteja a fazer por isso. É o caso do artista Jeremy Dean, criador de “Back to Futurama”, veículos ultra modernos, mas puxados por cavalos. [...]
quinta-feira, 24 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
podia jurar que ele cantava para mim, não fosse o sorriso terno preso numa letra imaginária
É praticamente meia-noite. O meu estômago já ronca depois de horas a fio sem meter nada que se veja no bucho. Não são horas de uma rapariga andar sozinha na rua, que diabo!, pensaria a minha mãe se me visse agora, ou o meu pai, ainda pior. Planos na cabeça para o dia de amanhã, tropeço neles enquanto atravesso a estrada - olho para um lado, olho para o outro, como se numa hora daquelas mais houvesse para além da fria aragem a arrepiar-me os pêlos dos braços. Endireito as costas e sei que, apesar de tudo, hoje foi um dia bom.
Faltam 5 minutos para chegar o eléctrico, dizem as luzinhas amarelas pontilhadas lá no alto. O 15, daqui a 5 minutos. Passa da meia-noite. E ele vem pelo passeio, bamboleante, de guitarra nos braços, calções largos e gorro apalhaçado na cabeça. Sorrio mal o vejo, e eis que lhe ouço os acordes. É uma guitarra ou um bandolim? Com esta idade já deveria saber a diferença. Parece-me um bandolim. Que se dane. Ele não está cá, fecha os olhos e toca, com o amor de quem acaricia uma namorada. E trauteia um suave e profundo "dairidaram dairidaré" com uma alegria apenas possível depois da meia-noite, numa paragem de eléctrico no Cais do Sodré. Eu entro. Ele entra a seguir. E toda a voz dele enche a carripana de madeira, indiferente aos solavancos. Chego ao Calvário e saio. Ele continua, de olhos fechados a cantar para dentro com toda a gana. E penso que também eu gostava de ser feliz daquela maneira.
Faltam 5 minutos para chegar o eléctrico, dizem as luzinhas amarelas pontilhadas lá no alto. O 15, daqui a 5 minutos. Passa da meia-noite. E ele vem pelo passeio, bamboleante, de guitarra nos braços, calções largos e gorro apalhaçado na cabeça. Sorrio mal o vejo, e eis que lhe ouço os acordes. É uma guitarra ou um bandolim? Com esta idade já deveria saber a diferença. Parece-me um bandolim. Que se dane. Ele não está cá, fecha os olhos e toca, com o amor de quem acaricia uma namorada. E trauteia um suave e profundo "dairidaram dairidaré" com uma alegria apenas possível depois da meia-noite, numa paragem de eléctrico no Cais do Sodré. Eu entro. Ele entra a seguir. E toda a voz dele enche a carripana de madeira, indiferente aos solavancos. Chego ao Calvário e saio. Ele continua, de olhos fechados a cantar para dentro com toda a gana. E penso que também eu gostava de ser feliz daquela maneira.
domingo, 30 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
lissie
Não gosto de ouvir músicas tristes. Mas às vezes as músicas tristes vêm ter comigo e eu não consigo enxotá-las.
domingo, 23 de maio de 2010
fábrica de fiação e tecidos de algodão de santo amaro
[...] Entre 1851 e 1855, a companhia fez construir, nos terrenos de Santo Amaro, mais uma unidade destinada a fábrica de fiação, onde veio a colocar os maquinismos de que dispunha noutras partes da cidade, mas que na prática funcionou mais como tecelagem. Era a Fábrica Pequena, em contraponto com a Fábrica Grande. [...]
Em 1903 as fábricas estavam iluminadas a luz eléctrica. Uma unidade algodoeira deste tipo, e enquanto não entrou em crise, foi aumentando o pessoal fabril. Nos primeiros anos de vida tinha apenas 500 operários (1844). Em 1881 já eram 850, entre homens, mulheres e crianças e, em 1903, 1200 operários. Por essa altura já se tinha estabelecido uma Caixa Económica para os trabalhadores. A companhia construiu em Santo Amaro um dos primeiros bairros operários do nosso país, datável da década de 50 do séc. XIX.
É uma correnteza para 62 famílias, com frente para a Rua 1º de Maio e traseiras para os terrenos da fábrica. Estabeleceu também no seu recinto uma escola de instrução primária para os seus aprendizes, cujo funcionamento foi intermitente. Chegaram a dispor de creches para os filhos dos operários e corpo de bombeiros. Os seus produtos, com a marca registada «Estrela da Lisbonense» eram famosos em Lisboa e no país, onde rivalizavam com os algodões do Porto.[...]
in Dicionário da História de Lisboa, dir. de Francisco Santana e Eduardo Sucena
Fotografias do Arquivo Municipal de Lisboa.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
DIF 74 - Maio
Artigos de minha autoria da edição de maio da DIF - edição online em www.difmag.com.
Realidade aumentada: Este mês, a edição em papel dá brindes em www.difmag.com/ar/
*********************************************************************
Bem-vindo(a) à realidade aumentada
Esta edição da DIF que tens neste momento na tua mão é muito mais do que uma revista. É uma edição histórica, um portal para uma outra dimensão: a realidade aumentada. Ao longo das próximas páginas irás dar de caras com um símbolo geométrico, o chamado marcador, que te irá abrir as portas para algumas surpresas. Basta para isso que tenhas um computador com uma webcam e ligação à internet. Nós vamos levantar um bocadinho o véu, mas desafiamos-te desde já a dar o salto e entrar de cabeça neste novo mundo.[...]
-------------------------------------------------------------------------------------
O quarto mais pequeno do mundo
Quem nunca esperou horas a fio num aeroporto pela chegada do avião que levante o dedo. Acreditamos que a Sleep Box, uma criação do Arch Group, um atelier russo, deu um jeitão aos passageiros que no mês passado viram os seus voos cancelados por causa do vulcão islandês.[...]
-------------------------------------------------------------------------------------
Tu estás aqui. Sê criativo.
Inspirar actos criativos em pessoas criativas. É este o mote da campanha THE SPARK que a Converse tem vindo a promover, trazendo para a ribalta artistas mais ou menos desconhecidos de vários pontos do globo. A DIF esteve em Paris a espreitar o showroom YOU’RE HERE e falou com alguns dos artistas envolvidos no projecto – o colectivo alemão Mentalgassi e o britânico Felix. [...]
Realidade aumentada: Este mês, a edição em papel dá brindes em www.difmag.com/ar/
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Bem-vindo(a) à realidade aumentada
Esta edição da DIF que tens neste momento na tua mão é muito mais do que uma revista. É uma edição histórica, um portal para uma outra dimensão: a realidade aumentada. Ao longo das próximas páginas irás dar de caras com um símbolo geométrico, o chamado marcador, que te irá abrir as portas para algumas surpresas. Basta para isso que tenhas um computador com uma webcam e ligação à internet. Nós vamos levantar um bocadinho o véu, mas desafiamos-te desde já a dar o salto e entrar de cabeça neste novo mundo.[...]
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O quarto mais pequeno do mundo
Quem nunca esperou horas a fio num aeroporto pela chegada do avião que levante o dedo. Acreditamos que a Sleep Box, uma criação do Arch Group, um atelier russo, deu um jeitão aos passageiros que no mês passado viram os seus voos cancelados por causa do vulcão islandês.[...]
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Tu estás aqui. Sê criativo.
Inspirar actos criativos em pessoas criativas. É este o mote da campanha THE SPARK que a Converse tem vindo a promover, trazendo para a ribalta artistas mais ou menos desconhecidos de vários pontos do globo. A DIF esteve em Paris a espreitar o showroom YOU’RE HERE e falou com alguns dos artistas envolvidos no projecto – o colectivo alemão Mentalgassi e o britânico Felix. [...]
terça-feira, 13 de abril de 2010
DIF 73 - Abril
Já online. Com textos meus.
www.difmag.com
Danças com bolas
Texto: Laura Alves
Enquanto o planeta vibra com o Mundial de Futebol, na África do Sul desenrola-se um outro campeonato. Mais discreto, mas nem por isso menos emocionante: O Red Bull Street Style acontece já no final deste mês e Fábio Simões, o nosso campeão, promete dar espectáculo.
A música estilhaça-se nas paredes. A plateia está ao rubro. No centro da “arena” dois jogadores aguardam, impacientes, o som vibrante da buzina. Ouve-se o “Eye of the Tiger” dos Survivor, e não é por acaso. A tensão é real. Ao aviso da buzina, os dois rapazes que disputam a final nacional do Red Bull Street Style dão tudo por tudo. Têm três minutos para mostrar o que sabem fazer com os pés e uma bola. A cabeça e os ombros também podem entrar no jogo. As mãos são a única parte de corpo proibida nesta dança desenfreada que consiste em, durante 20 segundos alternados, executar todos os truques possíveis com uma bola antes de esta tocar no chão ou ser passada ao adversário. [Ler artigo integral clicando na imagem]
www.difmag.com
Danças com bolas
Texto: Laura Alves
Enquanto o planeta vibra com o Mundial de Futebol, na África do Sul desenrola-se um outro campeonato. Mais discreto, mas nem por isso menos emocionante: O Red Bull Street Style acontece já no final deste mês e Fábio Simões, o nosso campeão, promete dar espectáculo.
A música estilhaça-se nas paredes. A plateia está ao rubro. No centro da “arena” dois jogadores aguardam, impacientes, o som vibrante da buzina. Ouve-se o “Eye of the Tiger” dos Survivor, e não é por acaso. A tensão é real. Ao aviso da buzina, os dois rapazes que disputam a final nacional do Red Bull Street Style dão tudo por tudo. Têm três minutos para mostrar o que sabem fazer com os pés e uma bola. A cabeça e os ombros também podem entrar no jogo. As mãos são a única parte de corpo proibida nesta dança desenfreada que consiste em, durante 20 segundos alternados, executar todos os truques possíveis com uma bola antes de esta tocar no chão ou ser passada ao adversário. [Ler artigo integral clicando na imagem]
domingo, 4 de abril de 2010
o maior sorriso do mundo
As horas arrastam-se nesta cidade parada. Nesta cidade repleta de estranhos e linguagens que, num simples acordar, deixei de saber qual é. Percorro uma a uma as nuvens em floco que marcam a distância das horas e sei que em breve estarei longe. Caminha-se com rumo incerto, passa-se o tempo, passam-se as ruas e as caras e os carros e conto baixinho quantas pedras piso até lhes perder a conta. Recomeço uma e outra vez até me esquecer de recomeçar.
No miradouro mais à frente os turistas formigam em busca dos raios de sol. Magotes de gente tapam a cidade que está lá em baixo, julgo que ainda parada. Um café num banco de jardim, que as mesas há muito foram albarroadas. Melhor assim... Um vendedor aparece soterrado em brincos e pulseiras. "-Mali? Senegal?", indaga um espanhol. "-Senegal!", responde o homem, de sorriso maior que a vista que do miradouro se desprende. Das colunas do café escoam-se vozes de uma terra natal longínqua. E o homem esquece a venda das pulseiras e dos brincos por alguns minutos, pendurado numa melodia familiar. Orgulhoso, aponta para as ondas invisíveis que brotam das colunas. E sorri. Tanto.
No miradouro mais à frente os turistas formigam em busca dos raios de sol. Magotes de gente tapam a cidade que está lá em baixo, julgo que ainda parada. Um café num banco de jardim, que as mesas há muito foram albarroadas. Melhor assim... Um vendedor aparece soterrado em brincos e pulseiras. "-Mali? Senegal?", indaga um espanhol. "-Senegal!", responde o homem, de sorriso maior que a vista que do miradouro se desprende. Das colunas do café escoam-se vozes de uma terra natal longínqua. E o homem esquece a venda das pulseiras e dos brincos por alguns minutos, pendurado numa melodia familiar. Orgulhoso, aponta para as ondas invisíveis que brotam das colunas. E sorri. Tanto.
segunda-feira, 22 de março de 2010
sábado, 13 de março de 2010
falar
Não me recordo de, alguma vez, o meu pai querer falar comigo. Falar, falar mesmo, trocar impressões da vida, do que é e do que não é, descrever as novidades e o correr do tempo, do frio que faz e da cor das folhas nas árvores conforme os ventos e as chuvas. Não me recordo de alguma vez o meu pai falar comigo de propósito, para saber da minha voz e de quem eu sou. A palavra sempre foi usada para concretizações, não para divagar acerca das abstracções pessoais de cada um de nós.
Nos últimos tempos tem-me telefonado. Para falar. Porque já jantou, porque está à lareira e de manhã caiu geada. Porque foi à quinta e ficou a ver o sol a mover-se e as sombras das nuvens a mudar. Porque continua tudo na mesma mas o corpo já não é o que era e o frio enregela. Porque às vezes não consegue dormir. Porque gosta de ver a novela já não sei de que canal e ri-se por achar piada ao vício. Porque quando eu lá for tenho de trazer azeite e limões e cebolas e o que houver para lá e que é só o tanto que ele tem para dar. Porque está a ficar velho e agora deu-lhe para falar comigo. E eu, ouvindo-lhe a voz agastada de 71 anos, não sei o que lhe dizer.
Nos últimos tempos tem-me telefonado. Para falar. Porque já jantou, porque está à lareira e de manhã caiu geada. Porque foi à quinta e ficou a ver o sol a mover-se e as sombras das nuvens a mudar. Porque continua tudo na mesma mas o corpo já não é o que era e o frio enregela. Porque às vezes não consegue dormir. Porque gosta de ver a novela já não sei de que canal e ri-se por achar piada ao vício. Porque quando eu lá for tenho de trazer azeite e limões e cebolas e o que houver para lá e que é só o tanto que ele tem para dar. Porque está a ficar velho e agora deu-lhe para falar comigo. E eu, ouvindo-lhe a voz agastada de 71 anos, não sei o que lhe dizer.
quinta-feira, 11 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
textos na DIF de Março
Em breve a edição estará online em www.difmag.com.
Cuidado, ele tem uma lâmina e não tem medo de a usar!
Há quem o considere um artista político. Outros vêem nele um simples agitador. A lâmina de barbear, a ferramenta que usa para cortar posters publicitários e construir novas mensagens é, simultaneamente, caneta e espada. E não é por acaso que, na sua galeria do Flickr, Poster Boy aponta “vândalo” como ocupação principal. (...)
Shake it like a Polaroid picture!
Na era das máquinas fotográfias digitais e da partilha quase automática das imagens que captamos, é muito fácil esquecermo-nos do “antigamente” e de como cada fotografia tirada era uma surpresa. A marca Polaroid foi, nos seus tempos áureos, a verdadeira rainha da fotografia instântanea. Recentemente, a marca tem andado aos “abanões”, mas parece que está aí para ficar. Aleluia! (...)
Godspeed
Eles só fazem isto pelo dinheiro
Era uma vez um designer sueco e um artista plástico holandês que se encontraram em Tel Aviv na véspera de Natal de 2008. Do encontro nasceu a ideia para um projecto de design bastante peculiar: peças de mobiliário feitas no tempo recorde de uma hora e usando entulho como matéria-prima. Sorriam à vontade, mas lembrem-se: o negócio da Godspeed é uma coisa seriamente divertida. (...)
O meu design é melhor que o teu!
Não, não é a cerimónia dos Oscares, mas quase. Trata-se da Brit Insurance Design Awards, uma das mais importantes competições ao nível do design, organizada pelo Design Museum, em Londres. Este prémio distingue o que de melhor, de mais criativo e vanguardista se fez no último ano no mundo do design. (...)
Cuidado, ele tem uma lâmina e não tem medo de a usar!
Há quem o considere um artista político. Outros vêem nele um simples agitador. A lâmina de barbear, a ferramenta que usa para cortar posters publicitários e construir novas mensagens é, simultaneamente, caneta e espada. E não é por acaso que, na sua galeria do Flickr, Poster Boy aponta “vândalo” como ocupação principal. (...)
Shake it like a Polaroid picture!
Na era das máquinas fotográfias digitais e da partilha quase automática das imagens que captamos, é muito fácil esquecermo-nos do “antigamente” e de como cada fotografia tirada era uma surpresa. A marca Polaroid foi, nos seus tempos áureos, a verdadeira rainha da fotografia instântanea. Recentemente, a marca tem andado aos “abanões”, mas parece que está aí para ficar. Aleluia! (...)
Godspeed
Eles só fazem isto pelo dinheiro
Era uma vez um designer sueco e um artista plástico holandês que se encontraram em Tel Aviv na véspera de Natal de 2008. Do encontro nasceu a ideia para um projecto de design bastante peculiar: peças de mobiliário feitas no tempo recorde de uma hora e usando entulho como matéria-prima. Sorriam à vontade, mas lembrem-se: o negócio da Godspeed é uma coisa seriamente divertida. (...)
O meu design é melhor que o teu!
Não, não é a cerimónia dos Oscares, mas quase. Trata-se da Brit Insurance Design Awards, uma das mais importantes competições ao nível do design, organizada pelo Design Museum, em Londres. Este prémio distingue o que de melhor, de mais criativo e vanguardista se fez no último ano no mundo do design. (...)
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