As horas arrastam-se nesta cidade parada. Nesta cidade repleta de estranhos e linguagens que, num simples acordar, deixei de saber qual é. Percorro uma a uma as nuvens em floco que marcam a distância das horas e sei que em breve estarei longe. Caminha-se com rumo incerto, passa-se o tempo, passam-se as ruas e as caras e os carros e conto baixinho quantas pedras piso até lhes perder a conta. Recomeço uma e outra vez até me esquecer de recomeçar.
No miradouro mais à frente os turistas formigam em busca dos raios de sol. Magotes de gente tapam a cidade que está lá em baixo, julgo que ainda parada. Um café num banco de jardim, que as mesas há muito foram albarroadas. Melhor assim... Um vendedor aparece soterrado em brincos e pulseiras. "-Mali? Senegal?", indaga um espanhol. "-Senegal!", responde o homem, de sorriso maior que a vista que do miradouro se desprende. Das colunas do café escoam-se vozes de uma terra natal longínqua. E o homem esquece a venda das pulseiras e dos brincos por alguns minutos, pendurado numa melodia familiar. Orgulhoso, aponta para as ondas invisíveis que brotam das colunas. E sorri. Tanto.
domingo, 4 de abril de 2010
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