segunda-feira, 26 de maio de 2008
covinha
A vitrina da loja de antiguidades brilha ao longe e sem hora marcada perco-me nos pendentes e nos reflexos das molduras. Desaprendi a vida parada num passeio, a olhar para um espelho, cercada de dourados e com as casas em ruínas lá longe, reflectidas, apagadas. Apetece-me, às vezes, ficar só ali, como numa daquelas casas dos contos de fadas, presa numa lengalenga e num jogo do lenço qualquer. Seria bom acreditar mais. Às vezes olho para as paredes com tanta força que os olhos me doem. Às vezes fecho a porta de casa e volto atrás, para ter a certeza que a fechei. Às vezes deixo as luzes acesas porque acordo e tenho medo de não me ver. Às vezes são muitas vezes. Demasiadas. E eu aqui parada, a levar com gotas quentes de chuva na cara. Às vezes a chuva sabe bem. Avanço, em silêncio. De mãos nas algibeiras e uma dor nos olhos.
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