quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

o meu joelho não pára de dar estalos e ainda falta meia hora e um litro de suor para este inferno terminar

Cartoon de Maitena

Fugir.
É exactamente o verbo que ecoa na minha cabeça assim que a porta da sala se fecha e a música dispara adrenalina por encomenda. Não é um filme de terror. É uma aula de body pump, o que é muito, mas muito pior...
Vamos por partes. Exceptuando andar a pé ou de bicicleta, detesto fazer desporto. O meu corpo não foi talhado para grandes agitações ou esforços físicos que não aconteçam na privacidade do lar e de luz apagada.
Cometi, portanto, a heresia de me inscrever num ginásio há uns meses porque me aconteceu ter mais de 30 anos e, em virtude disso, ter sido contagiada com a doença que afecta 90 por cento das mulheres de todo o mundo: a ilusão de estar gorda. Eu que durante anos vesti o 34 e me queixava de nunca encontrar roupa que me assentasse bem - poucas curvas, pouco peito, pouca vontade de fazer compras... - de repente dei por mim a vestir o 36. O 36!!!!! Obesa, no mínimo!!!
De maneira que acabo de sair de mais uma aula de body pump - depois de 15 dias em que bolo-reis mais fortes se levantaram - e estou a pensar que cortar as banhas com uma faca seria uma solução mais rápida e menos dolorosa. É verdade que já perdi 3 ou 4 kgs, mas a que custo?
Para quem não está familiarizado com o body pump, imagine um ritual com mecanismos de tortura medievais e banda sonora de Bon Jovi e Brian Adams. Remixados. Lá à frente temos o carrasco - agora dizem que são personal trainers, mas é dar-lhes um machado e um capuz preto, a ver se o instinto assassino não volta a vir ao de cima... - que para além de carregar no play, dando início ao martírio sonoro, levanta a barra de pesos tão facilmente como eu levanto garrafas de Licor Beirão. Se eu podia levantar tanto peso como ele? Podia, mas as minhas costas não seriam a mesma coisa.
Bom, sejamos justos.. O problema nem é o peso. O problema é o que ele nos obriga a fazer com o peso, com os braços, com as pernas e com o rabo. As posições são dignas do Kama Sutra, mas os indianos foram espertos em ficar apenas com a parte boa da coisa... E se alguém, por acaso, ouvir os meus joelhos a estalar, isso chama-se velhice, não caixa-de-ritmos.
Na verdade não sei qual é a força demoníaca que me move na direcção do ginásio. Faz doer, saio da aula a cheirar mal e com tonturas, com os músculos a latejar e ainda por cima esfomeada. Um encanto de pessoa, portanto. E o verbo "fugir" continua a parecer-me tããão apetecível...

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