...i'll wear carnations on my head

temperatura

Hoje vesti uma camisola
de lã
apesar do calor de Abril.
Ainda ontem refrescou
por isso optei
por me aconchegar.
Mas hoje a camisola é quente
o que não me sua nada bem.

amo-te
porque percebes
o que escrevo.

o pão nosso de cada dia

Apetece-me, por vezes, pedir
meio quilo de costeletas
e duzentos e cinquenta gramas
de mortadela com azeitonas
ao motorista do 759.
Os dias da semana
estandartizados
não têm graça nenhuma.
E eu não tenho tempo para ir às compras.
Hoje vou jantar
o meu passe social.

questão de botânica

Soube ontem de um homem
com um pinheiro verde
a germinar
a crescer
a respirar
num pulmão.
Já eu tenho
um limoeiro
a amargar-me
o coração.

colhe-me

escolhe-me.

escorre-me

pela avenida.

acolhe-me

e percorre-me.

30 anos 30 perguntas

Entrevista de minha autoria aos Xutos & Pontapés publicada a 13.04.2009 no jornal Mundo Universitário.



Ver páginas 8 e 9.

coisas que eu não compreendo a 14.04.009

- Pessoas sem qualquer impedimento físico que apanham um autocarro ou eléctrico para sair na paragem seguinte.
- Mulheres que vão para o ginásio maquilhadas, com brincos enormes, pulseiras... (Devem ser as mesmas que fazem a depilação no balneário...)
- Pessoas que anunciam constantemente que têm muito trabalho e que raramente saem um minuto depois da hora.
- Os anúncios do desodorizante Rexona Men Quantum (perturba-me saber que no futuro ainda vamos andar às voltas com a transpiração. Tanta ciência, tanto gene alterado, e a única resposta do futuro é colocar a palavra "quantum" num desodorizante??)
- Como raio é que o meu gato abre a porta do frigorífico para fazer um browsing na minha comida?

vítimas do progresso

Passei há dias pela aldeia
onde cresci no meio de ervas daninhas.
O terreno baldio da caça aos grilos
e onde os bidões esquecidos
revelavam
músicos e malabaristas
é agora um moderno campo
de futebol
com um parque
de baloiços aprovados pela UE
mesmo ao lado.
Descobri que o progresso
me dá caruncho.

sarcáustica

Deixa-me desligar o volume do mundo
que hoje o silêncio é de urgência.
Vou chamar o 112 do silêncio
e ver a cidade em filme mu(n)do.
Preciso das minhas paredes,
as minhas,
que já não conheço outras.
E se um dia precisar de dar as chaves de casa
a alguém,
para o caso de me roubarem a mala e precisar
de alguém,
que me abra a porta
colocarei um anúncio no jornal.
Não me leves a mal.
É um pensamento banal.
Uma atitude relativamente normal.
Eu é que já me esqueci
das regras da boa convivência.
Afinal,
o hábito faz o longe.

ouch!!!!!

A primeira tatuagem, nas costas, há cerca de quatro anos, não doeu por aí além. Meia hora de tzzzzzzz e agulhas a perfurar-me a pele aguentou-se bem e sem dramas. Desta vez, as duas horas em que estive na Bad Bones deitada de perna ao léu - com paragem para ir ao wc... - acabaram comigo a ir para casa de táxi meia coxa, completamente dorida. É este o resultado de duas horas em que, além de trucidar os lábios, me fartei de lançar impropérios contra o simpático rapaz que me torturou com todas as agulhas que pôde. Ainda faltam uns retoques - um fundo subtil em tons laranja -, a perna está besuntada de creme cicatrizante e ainda se notam uns laivos de sangue (blaccc!), mas adoro o meu Príncipe Cabeça-de-Nabo. Esta noite foi, sem dúvida, especial. Por todos os motivos e mais um.



Nota: O arranhão é culpa dos gatos, não do tatuador... :)